ESTUDO DA COMPOSIÇÃO E ESTABILIDADE DAS EMULSÕES FORMULADAS A PARTIR DO ÓLEO DO PEQUI (CARYOCAR BRASILIENSE)
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Química Tecnológica
Autores
de Assis, M.C.P. (UFERSA) ; de Oliveira, M.R. (UFERSA) ; Lucena, I.L. (UFERSA) ; dos Santos, Z.M. (UFERSA) ; Muniz, C.A.S. (UFERSA) ; de Paiva, J.G. (IFRN) ; Pinheiro, A.D.T. (UFERSA)
Resumo
Uma das maiores dificuldades encontradas durante o desenvolvimento de sistemas emulsionados está relacionada à sua estabilidade. No presente trabalho foram desenvolvidas e avaliadas emulsões O/A a partir do óleo de pequi, onde as mesmas foram caracterizadas através do estudo das propriedades organolépticas, medida de pH e estabilidade. As formulações foram preparadas utilizando uma mistura de tensoativo (Blendas) ao óleo. Em seguida preparou-se os sistemas emulsionados (S1,S2,S3,S4,S5,S6) O/A a partir das formulações. A estabilidade das emulsões foi satisfatória apenas para os sistemas S1, S2 e S6, mostrando que, utilizando menores percentuais de tensoativos nas blendas, os sistemas S1 e S2 foram mais eficientes e, para o sistema S6, quando utilizou-se um maior percentual.
Palavras chaves
Emulsão; Estabilidade ; Tensoativo
Introdução
É denominada emulsão qualquer dispersão coloidal de um líquido em outro, onde os mesmos apresentam-se imiscíveis entre si. Esse sistema é composto por duas fases: uma apolar e, outra polar. Existem dois tipos de emulsões: as chamadas óleo-em-água (o/a), onde a fase oleosa encontra-se dispersa na fase aquosa; e as chamadas água-em-óleo (a/o), onde a fase aquosa encontra- se dispersa na fase oleosa (SCHRAMM, 2005). Uma aplicação do óleo do pequi que vem se destacando bastante, é na formulação de emulsões bases, que podem ser utilizadas tanto na área medicinal quanto da cosmetologia, devido a sua rica composição em ácidos graxos e diversas vitaminas. A fim de evitar o desenvolvimento de produtos instáveis, são realizados testes de estabilidade como avaliação das características organolépticas, medidas de pH e condutividade (CADWALLADER, 1989; IDSON, 1993b; RIEGER, 1996). Para a estabilização da emulsão faz-se necessário o uso de tensoativos, moléculas anfifílicas responsáveis pela diminuição da tensão interfacial entre as fases imiscíveis, conferindo assim estabilidade ao sistema. A escolha do tensoativo pode ser feita a partir do Balanço Hidrofílico- Lipofílico (BHL) e é importante para a orientação do tipo de sistema a ser preparado (TEIXEIRA, 2008). Visando a crescente utilização do óleo do pequi na formulação de emulsões, este trabalho se propôs a desenvolver e avaliar sistemas emulsionados do tipo óleo em água. As emulsões foram caracterizadas pela estabilidade.
Material e métodos
As formulações foram preparadas utilizando-se três diferentes tipos de tensoativos, T1, T2 e T3, que deram origem a duas blendas (T1+T2 e T2+T3). No preparo das formulações utilizou-se óleo de pequi como fase oleosa. O procedimento constituiu-se basicamente da adição prévia dos tensoativos ao óleo. As emulsões óleo em água (O/A) foram obtidas a partir das formulações, o método de obtenção consistiu em verter a fase oleosa na fase aquosa, ambas à temperatura ambiente (25 °C). O que deu origem a seis sistemas emulsionados, três para cada blenda de tensoativo, (Blenda 1: S1,S2 e S3; Blenda 2: S4,S5 e S6) onde foram variados os percentuais dos tensoativos em cada sistema. Para os testes de estabilidade foram analisadas visualmente as características das amostras, verificando se ocorreram modificações macroscópicas, tais como: aspecto, cor, odor e separação de fases em relação ao padrão estabelecido. O pH de cada formulação foi verificado inserindo o eletrodo diretamente nas amostras. As emulsões foram submetidas aos testes de estabilidade por um período de 72 horas.
Resultado e discussão
Os ensaios para a determinação das características organolépticas das
emulsões permitiram avaliar, através de análises comparativas, alterações
tais como mudança de coloração, odor e aspecto, o que resultou o
reconhecimento das emulsões. De acordo com as Figuras 1 e 2, pode-se
observar o aspecto e a coloração das emulsões obtidas no tempo zero (0h).
Com base nesses dados, observou-se que não ocorreram alterações nas análises
organolépticas das emulsões dos sistemas (S1, S2, S3, S4, S5 e S6), ao longo
das 72 horas. Quanto à separação de fases observou-se que as emulsões dos
sistemas S1, S2 e S6 apresentaram-se estáveis, quando comparadas às dos
demais sistemas. Com relação às blendas de tensoativos, as emulsões dos
sistemas S1 e S2 (Blenda T1+T2) se mostraram mais estáveis, quando utilizado
um menor percentual de tensoativo; para o sistema S6, sua estabilidade foi
alcançada apenas quando utilizado o percentual máximo de tensoativo do
experimento; as emulsões dos sistemas S3, S4 e S5 revelaram-se todas
instáveis. De acordo com a Figura 3, observou-se que o pH dos sistemas estão
dentro do limite recomendado pela ANVISA, onde as medidas para emulsões O/A
varia de 4,0 a 7,0. Deve-se ainda considerar este parâmetro como essencial
ao estudo de emulsões, uma vez que o valor do pH corresponde a uma medida
muito significativa pelo fato de que alterações bruscas desse valor ao longo
do tempo, pode sugerir modificações químicas dos componentes presentes na
formulação (CASTELI et. al., 2008).
Emulsões dos sistemas S1, S2 e S3
Emulsões dos sistemas S4, S5 e S6.
Análise da Variação do pH com o Tempo para os sistemas S1, S2, S3, S4, S5 e S6.
Conclusões
Diante das condições experimentais desse trabalho conclui-se que as características organolépticas, o valor do pH e o percentual de composição das Blendas 1 e 2 influenciaram na estabilidade das emulsões dos sistemas S1, S2 e S6, fazendo com que as mesmas apresentassem comportamento estável num período de 72 horas.
Agradecimentos
Referências
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopéia Brasileira, 5ª. edição, volume 2, Anvisa, Brasília, 2010, 1036-1037v.
CADWALLADER KR, BRADDOCK RJ, PARISH ME, HIGGINS DP. Bioconversion of D-limonene by Pseudomonas gladioli. J Food Sci 54:1241-1245, 1989.
CASTELI, V. C. et al. Desenvolvimento e Estudos de Estabilidade Preliminares de Emulsões O/A Contendo Cetaconazol 2,0 %. Acta of Health Scie. 30 (2), p. 121-128, 2008.
IDSON, B. Stability testing of emulsions, II. Drug Cosmet. Ind., v.142, n.2, p.38, 40, 42-43, 72, 1993b.
RIEGER, M. M. Teste de estabilidade para macroemuulsões. Cosmetics & Toiletries, (ed. Port.), v. 8, n. 5, p. 47-53, set/out 1996.
SCHRAMM, L.L. Emulsions, Foams and Suspensions: Fundamentals and Applications. Germany, Wiley, VCH, 2005.
TEIXEIRA, K. C. S. Estudo de composição e estabilidade em emulsões formuladas a partir de óleos lubrificantes vegetais, Dissertação de Mestrado, UFC. Fortaleza: DEQ/PPGEQ, 2008.