PREPARAÇÃO, TESTES E CONDICIONAMENTO DE DIFERENTENTES INÓCULOS PARA EXPERIMENTOS LABORATORIAIS PARA DETERMINAÇÃO DE POTENCIAL METANOGÊNICO
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Química Verde
Autores
Gonçalves, M.X. (IFG CAMPUS GOIÂNIA) ; Zang, J.W. (IFG CAMPUS GOIÂNIA)
Resumo
O aproveitamento energético do biometano tem ganhado um grande destaque econômico, social e ambiental, incrementando a necessidade de investimento em tecnologias limpas. Assim, este projeto objetivou avaliar o potencial metanogênico para diferentes amostras de inóculos de biorreatores tipo UASB para tratamento de efluentes industriais. Para isso, as amostras coletadas foram inoculadas em reatores do tipo batelada com agitação simples. Com os resultados obtidos, foi possível traçar um comparativo do volume e composição do biogás produzido, além de propor novas metodologias de auxílio no que tange ao desenvolvimento e montagem de reatores de digestão anaeróbia.
Palavras chaves
Biogás; Digestão anaeróbia; Biotecnologia
Introdução
O biogás origina-se de um processo exclusivamente biológico que ocorre por meio de diversos microrganismos, sendo que a matéria orgânica é decomposta em meio anaeróbio (ausência de oxigênio) convertendo-se quase por completo em biogás, energia e nova biomassa. A mistura gasosa formada, é composta principalmente de metano (50~75%) e dióxido de carbono (25~45%). Entretanto, encontram-se ainda, pequenas quantidades de hidrogênio, sulfeto de hidrogênio e amônia. A sua composição é influenciada principalmente pelos substratos utilizados, pela técnica de fermentação e pelas diferentes tecnologias de construção de usinas. (FACHAGENTUR NACHWACHSENDE ROHSTOFFE E.V., 2010, p. 20) Vale salientar que as condições do meio também influenciam tanto a composição quanto a atividade da biocenose microbiana, ou seja, elas têm influência direta nos produtos metabólicos originados. Daí a importância de se monitorar pH, temperatura, disponibilidade de nutrientes, oxigênio e outros fatores relacionados ao processo. Este trabalho teve como objetivo determinar o potencial metanogênico para diferentes amostras de inóculos, auxiliar no desenvolvimento e montagem de reatores de biogás e testar diferentes tipos de inóculos em batelada e em fluxo continuo. Assim sendo, é válido salientar que estes novos procedimentos contribuem para ensino, pesquisa e extensão em diferentes níveis, além da verticalização de projetos de P&D. Há ainda a perspectiva de condicionar o melhor inóculo num reator de fluxo continuo, sendo este mantido estável, com alimentação controlada pelo substrato principal ou semelhante.
Material e métodos
Após o levantamento de uma bibliografia complementar acerca de tecnologias de produção de biogás, iniciaram-se a preparação dos experimentos, estudo e montagem dos biorreatores. Na sequência, deu-se início à primeira fase da pesquisa. Realizou-se a amostragem de dois inóculos de biorreatores do tipo UASB para tratamento de efluentes de duas indústrias de segmentos diferentes, onde foram feitas análises de pH, matéria seca (MS) e matéria seca orgânica (MSO). Com estes resultados em mãos, dimensionaram-se as quantidades de inóculo e substrato para cada reator e deu-se início ao processo de fermentação. Vale ressaltar que o pH dos reatores foi ajustado para aproximadamente 7, e durante todo o processo, estes foram mantidos em banho termostatizado à 40ºC. No decorrer da pesquisa, foram utilizados dois protótipos de biorreatores do tipo batelada de própria autoria em paralelo ao sistema automático para determinação de potencial metanogênico, AMPTS Bioprocess Control, doação da GIZ - Agência de Cooperação Alemã através da Embaixada da Alemanha no Brasil. Os reatores foram mantidos em funcionamento até que a produção de biogás decaísse, evidenciando o fim do ciclo de funcionamento dos biorreatores.
Resultado e discussão
Na primeira fase da pesquisa, foram
desenvolvidos dois protótipos de
biorreatores (imagem 1 e 2
respectivamente).
Ambos os reatores possuem funcionamento
semelhante, o que os difere é que o
reator I possui gás-bags acoplados em sua
estrutura, onde o biogás produzido
fica retido para futura leitura de volume
e composição. Já no reator tipo II, o
gás gerado é tratado com solução de
cloreto férrico e hidróxido de sódio para
tapeamento de enxofre e dióxido de
carbono. Através de mangueiras plugadas na
saída de gás do reator, e conectadas a uma
bureta invertida e zerada com água,
pode-se fazer a leitura constantemente do
volume de gás produzido. Sua vantagem,
é que obtém-se de imediato, o volume de
biometano gerado, em contrapartida, como
desvantagem, pode-se citar a necessidade
da leitura diária do nível de gás
gerado.
Após a amostragem dos dois inóculos
coletados, obtiveram-se os resultados
descritos na Tabela 1 para análise de MS e
MSO.
Vale ressaltar que em todos os ensaios foi
utilizado como substrato o reagente
celulose microcristalina, cuja MSO é
sempre igual à massa total. Assim sendo,
foram calculadas as quantidades de inóculo
e de substrato em cada reator (tabela
2) e deu-se
início ao experimento, inoculando-se cada
amostra em triplicata.
É importante salientar também, que um
inóculo foi analisado com o auxílio do
equipamento AMPTS II, e o outro
utilizando-se os protótipos de reatores
desenvolvidos. Ao término do período de
inoculação, obtiveram-se os seguintes
resultados, evidenciados nos gráficos 1 e
2 respectivamente.
Conclusões
Por meio dos resultados obtidos, foi possível concluir que os protótipos de reatores empregados apresentaram eficiência considerável, comparando-se os gráficos de produção de biometano deste método, em paralelo ao do AMPTS II. Ademais, conclui-se que, ambos os inóculos testados, apresentaram boa degradabilidade, e notável índice de pontencial metanogênico.
Agradecimentos
Ao IFG Campus Goiânia, ao CNPq pelo financiamento, ao orientador Joachim Werner Zang, e aos colaboradores Kassio Barros e Suzel de Almeida.
Referências
FACHAGENTUR NACHWACHSENDE ROHSTOFFE E.V. Guia Prático do Biogás. Geração e utilização. 2013. Disponível em: <http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/probiogas/guia-pratico-do-biogas.pdf>
Kaltschmitt, M.; Hartmann, H.: Energie aus Biomasse – Grundlagen, Techniken und Verfahren; Springer Verlag Berlim, Heidelberg, Nova Iorque, 2001
Braun, R.: Biogas – Methangärung organischer Abfallstoffe; Springer Verlag Viena, Nova Iorque, 1982