Ensino de conceitos químicos em interface com a Química Verde: propostas de aulas para o Ensino Médio
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Química Verde
Autores
Silva, G. (IFRJ) ; Silva, B. (IFRJ) ; Gomes, T. (IFRJ) ; Gomes, S. (IFRJ) ; Amorim, C. (IFRJ) ; Almeida, Q. (IFRJ)
Resumo
A Química desempenha um papel único na vida humana desde que os primeiros cientistas se aventuraram nos processos químicos – estes, sem a menor noção do impacto de suas ações. Buscando uma economia mais limpa, a Química Verde surgiu como um dos caminhos. Do ensino médio à formação de professores de Química nas universidades, o ensino da Química Verde se torna cada vez mais imprescindível. Este trabalho tem como foco apresentar estudos realizados com alunos da disciplina eletiva de Química Verde Licenciatura em Química do IFRJ campus Duque de Caxias, onde foram trabalhadas propostas de aula para o ensino de conceitos químicos presentes no currículo mínimo do estado do Rio de Janeiro, com viés em Química Verde. A partir dos resultados, se observa as necessidades de cada vez mais se inserir a Química Verde no ensino médio e na universidade.
Palavras chaves
Química Verde; Ensino de Química; Currículo Mínimo
Introdução
Nas décadas de 1960 e 1970, a humanidade passou por uma intensa industrialização, de onde descobriu novas formas de consumo, e na década de 1980, com os estudos sobre os buracos na camada de ozônio, surgiu a necessidade de se pensar em novos hábitos ambientais. A partir desse momento, discussões essenciais para o futuro da humanidade cresceram, de modo a criar áreas da ciência que venham a mitigar, prevenir e remediar seus impactos. Neste cenário, a Química Verde surge com o intuito de prevenir a poluição causada por processos químicos. A Química Verde é definida como ciência que cria, desenvolve, aplica produtos e processos químicos para reduzir ou eliminar o uso e a geração de substâncias nocivas à saúde humana e ao ambiente (ANASTAS e WARNER, 1998). A partir de 1992, por influência da ECO-92, a educação escolar começou a ser discutida como lócus da formação de seres críticos no aspecto ambiental. A escola enquanto espaço de reprodução social (BOURDIEU, 2001) e de cunho formativo (BARROSO, 1997), é um poderoso meio para construção de uma sociedade consciente de suas ações. O curso de Licenciatura em Química visa formar profissionais que atuarão diretamente na formação do educando. O uso da Química Verde nos diferentes tópicos abordados no curriculo mínimo do ensino médio é importante para esses futuros profissionais, podendo também a Química Verde ser utilizada como ferramenta de ensino capaz de minimizar o abismo entre os conteúdos químicos ensinados em sala de aula e o cotidiano. Este trabalho tem como objetivo apresentar propostas de aula para os graduandos em Licenciatura em Química, para que sejam utilizadas nos conteúdos encontrados no currículo mínimo do Ensino Médio, com viés em Química Verde buscando a ambientalização curricular (ZUIN et al., 2009).
Material e métodos
A elaboração de aulas contextualizadas se deu em três momentos: escolha de um conceito químico, correlação do conceito com tema gerador junto a uma situação-problema que por sua vez, seria explicada e/ou solucionada pela Química e por alguns dos doze tópicos que encontramos na filosofia da Química Verde. Os conceitos químicos abordados foram: Combustão, Interações Intermoleculares, Funções e reações orgânicas e Polímeros. As aulas foram apresentadas na disciplina eletiva de Química Verde, no curso de Licenciatura em Química do IFRJ campus Duque de Caxias. Após a aula, os licenciandos preencheram um questionário que continha sete perguntas a respeito da importância da inserção da Química Verde no Ensino Médio, seu impacto, sua adesão em sua trajetória escolar e também como futuro professores de Química. A atividade proposta foi construída para a formação de professores de Química, pois diversas formas de se trabalhar determinados conteúdos atravessam a formação de um docente e a aula proposta.
Resultado e discussão
Foi apresentada uma forma diferenciada de abordar tópicos de química (tabela
1), a partir de temas geradores que ajudam na problematização e
contextualização de casos.
Analisando as respostas obtidas, a maioria dos graduandos ao longo do ensino
médio não ouviram falar em Química Verde (gráfico 1). Quando questionados
sobre a coesão dos conceitos químicos com os conceitos de Química Verde
(gráfico 2) muitos disseram que estão coesos. Em seguida foram provocados a
respeito da inclusão da Química Verde no currículo mínimo (gráfico 3): Todos
os graduandos disseram que deveria ocorrer.
Foram questionados sobre adesão à Química Verde em sua prática
futura (gráfico 4): a maioria dos alunos disseram que abordarão os tópicos
em suas aulas quando necessário, sob a justificativa de contextualizar e
formar cidadãos conscientes. Perguntou-se também qual seria o impacto se a
Química Verde fosse trabalhada no ensino médio e todas as respostas tiveram
a palavra conscientizar ao longo de sua construção associada à impactos na
natureza.
Outro ponto analisado foi a inserção dos conceitos de Química Verde
em outros temas geradores para o currículo mínimo (gráfico 5): a maioria dos
alunos disseram que é possível. Sugeriram tópicos como aquecimento global,
poluição da natureza e lixo eletrônico. Apenas um aluno respondeu que não vê
a Química Verde em outros tópicos do ensino médio. Para reflexão da prática,
lhes foi perguntado qual a importância desta disciplina na formação inicial
de professores. Todos responderam de modo a evidenciar o papel do professor
na transmissão de conhecimento. Ao final, havia uma pergunta sobre sugestões
de ferramentas para a inserção da Química Verde no Ensino Médio. A maioria
dos alunos não soube responder e os que souberam, sugeriram experimentos e
jogos.
Tabela 1: Estrutura base das propostas de aula
Gráficos dos Resultados e discussão
Conclusões
Percebe-se que a inserção da QV no curso formará profissionais conscientes e diferenciados, estimulando a mudança de conceitos na busca por novos valores sociais e educacionais no futuro.
Agradecimentos
IFRJ campus Duque de Caxias.
Referências
ANASTAS, P.T.; WARNER, J.C. Green Chemistry: theory and practice. New York: Oxford University Press. 1998.
BARROSO, J. Formação, projecto e desenvolvimento organizacional. In: CANÁRIO, R. (org.) Formação e situações de trabalho. Porto Editora, 1997.
BOURDIEU, P. (2001). O Poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Zuin, V.G.; Farias, C.R.; Freitas, D. A ambientalização curricular na formação inicial de professores de Química: considerações sobre uma experiência brasileira. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias. 2009.8, 552-570.
FREITAS, D.; VILLANI, A.; ZUIN, V.G.; REIS, P.R.; OLIVEIRA, H.T. A natureza dos argumentos na análise de temas controversos: estudo de caso na formação de pós-graduandos numa abordagem CTS. III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Questões Curriculares, 2006.