Atividade antimicrobiana de óleos essenciais contra bactérias patogênicas
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Produtos Naturais
Autores
Silva, G. (UFPE) ; Silva, T. (UFRPE) ; Peres, S. (UPE) ; Palha, M. (UFPE) ; Accioly, P. (UFPE)
Resumo
Muitas espécies vegetais se destacam pela quantidade de extrativos, em especial os óleos essenciais extraídos que são amplamente utilizados nas indústrias químicas. Estes podem conferir características antibióticas de proteção às plantas. Portanto, objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade antimicrobiana de óleos essenciais comerciais de lavanda, salvia, hortelã- pimenta e hortelã-verde para a inibição do crescimento de colônias de seis bactérias. O método utilizado foi o de disco difusão, observando-se a propagação do halo de inibição sobre seis bactérias causadoras de doenças via alimentos. Os quatro óleos foram eficientes contra Staphylococcus aureus e Bacillus subtilis, porém não apresentaram nenhuma ação contra Pseudomonas aeruginosa.
Palavras chaves
Antibiose; Micro-organismo; Produtos naturais
Introdução
Buscando a conservação de alimentos por meio de uso de componentes naturais como conservantes, o uso de óleos essenciais tornou-se alternativa viável para a substituição dos aditivos químicos, pois os agentes antibióticos naturais presente em especiarias já apresentam estudos com resultados positivos da utilização desses compostos (LIMA, 2002; PEREIRA, 2017).Nas indústrias de alimentos, para conservação dos produtos, são utilizados muitas vezes aditivos químicos, que segundo pesquisas, têm gerado problemas de saúde a quem os consome (SANTOS et al., 2016). Por isso, buscando melhorar a qualidade dos alimentos e reduzir essa preocupação com a ingestão de substâncias que causam efeitos deletérios, o uso de substâncias naturais e subprodutos da indústria alimentícia podem corresponder à esse efeito esperado, como no caso do uso de óleos essenciais cítricos e de especiarias (PEREIRA et al., 2006; SOLOMAKOSA et al., 2008; SILVA, 2014). Muitas espécies vegetais se destacam pela quantidade de extrativos que estas apresentam, em especial os óleos essenciais extraídos que são amplamente utilizados nas indústrias fármaco- químicas, nas de cosméticos e nas alimentícias, além de outras indústrias químicas. Porém, esses extrativos podem apresentar propriedades que comprometem a sua aplicação tecnológica como bioconservantes, principalmente os que acarretam em mudanças nas propriedades organolépticas dos alimentos que dependem da composição e da resistência desses produtos (DANNEMBERG, 2017), necessitando, assim, da realização de estudos que viabilizem a utilização de óleos essenciais alimentícios. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade antimicrobiana de óleos essenciais comerciais de lavanda (Lavandula angustifolia), salvia (Salvia sclarea), hortelã-pimenta (Mentha piperita) e hortelã-verde (Mentha spicata) para a inibição do crescimento de colônias de bactérias causadoras de doenças via alimentos (Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis, Escherichia coli, Enterobacter aerogenes, Salmonella shigella e Pseudomonas aeruginosa).
Material e métodos
O experimento foi realizado no Laboratório de Microbiologia do Departamento de Engenharia Química (DEQ/CTG) da Universidade Federal de Pernambuco. O método utilizado foi o de difusão em placa de Petri utilizando discos de papel, observando-se a propagação do halo de inibição.Inicialmente foram preparadas suspensões aquosas de isolados dos seguintes micro-organismos:Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis, Escherichia coli, Enterobacter aerogenes, Salmonella shigella e Pseudomonas aeruginosa. A concentração de células foi ajustada utilizando-se a escala 0,5 de Mcfarland, correspondente a 1,5x108 bactérias por mL.Inoculou-se 0,1mL de suspensão microbiana de cada micro- organismo em duas placas contendo meio Agar Nutriente. Utilizou-se alça de drigalski para espalhar o inóculo sobre toda a superfície da placa uniformemente. Em cada placa contendo os micro-organismos foram adicionados quatro discos de papel de 6 mm de diâmetro, segundo Figura 1. Cada disco foi imerso em um óleo essencial e foram identificados de 1 a 4, (1- Lavandula angustifolia , 2- Salvia sclarea , 3- Mentha piperita e 4- Mentha spicata ), adquiridos comercialmente da marca Edens Garden. As placas foram incubadas em estufa a temperatura ambiente (aproximadamente 30ºC) por 48 horas, e depois de transcorrido esse tempo, mediu-se os halos de inibição com auxílio de uma régua. As análises foram realizadas em duplicata.
Resultado e discussão
Os resultados dos halos de inibição em centímetros para avaliação da atividade
dos óleos essenciais de lavanda (Lavandula angustifolia), salvia
(Salvia sclarea), hortelã-pimenta (Mentha piperita) e hortelã-verde
(Mentha spicata) contra bactérias contaminantes de alimentos estão
apresentados na Tabela 1.Observa-se, assim, que os óleos essenciais apresentaram
atividade antibiótica contra as bactérias S. aureus e B. subtilis.
Ao estudar o potencial antibiótico do óleo essencial in natura do fruto
de pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi), Carvalho et al.
(2017) observaram resultado positivo para S. aureus, com halo registrado
de 0,917cm, e ausência de atividade contra E. coli. Portanto, os quatro
óleos essenciais estudados neste trabalho apresentaram atividade contra S.
aureus próximo ao da pimenta rosa. Trajano et al. (2009) encontraram
resultados positivos contra S. aureus e B. subtilis utilizando
canela, coentro, cravo, hortelã e manjerona; além de cominho e alecrim contra
S. aureus e gengibre contra B. subtilis.Contra a E. coli,
os óleos essenciais de lavanda e hortelã-verde apresentaram potencial
inibitório. Trajano et al.(2009) também encontraram resultado positivo
contra essa bactéria utilizando óleos essenciais de canela, coentro, cominho,
cravo, manjericão e anis, sendo 1,1cm o menor halo registrado com o anis. Outras
substâncias estudadas por Silva (2014), como o louro, noz-moscada, sementes de
salsa, limão siciliano, desinfetante alimentar, azeite virgem e azeite virgem
com alho apresentaram halos de inibição contra E. coli entre 0,84 e
2,40cm. Portanto, os halos encontrados em outros trabalhos se apresentam numa
faixa próxima de inibição para esse micro-organismo.Na avaliação contra E.
aerogenes e S. shigella, apenas o hortelã-verde apresentou atividade
antibiótica.Dentre os micro-organismos estudados, apenas a P. aeruginosa
apresentou resistência a todos os extratos. Porém, Trajano et al. (2009)
encontraram resultado positivo contra esta bactéria utilizando óleos essenciais
de canela, cominho, cravo, hortelã, anis e manjericão, sendo este último o que
apresentou menor halo, 1,2cm.
Placa com disposição dos discos e contendo halo de inibição.
Resultados dos halos de inibição (cm) para avaliação da atividade dos óleos essenciais contra bactérias contaminantes de alimentos.
Conclusões
Os quatro óleos estudados apresentaram ação antimicrobiana frente aos micro- organismos testados, com exceção da Pseudomonas aeruginosa, que não foi inibida por nenhum dos óleos. O óleo de hortelã-verde (Mentha spicata) foi o que apresentou maior eficiência, uma vez que apresentou capacidade de inibição frente aos micro-organimos que são responsáveis por contaminação alimentar, E. aerogenes e S. shigella. É necessário a realização de testes mais específicos para quantificar o quão grande é o poder de antibiose dos óleos estudados.
Agradecimentos
A universidade Federal de Pernambuco e ao Professor Sérgio Peres.
Referências
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