OUTUBRO ROSA: COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS PLANTAS MEDICINAIS NO COMBATE AO CÂNCER DE MAMA

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Bezerra, A. (FACULDADE DE RONDÔNIA - F ARO) ; Rodrigues, D.V. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO LUCAS, PORTO VELHO- RO.) ; Lima, R.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM)

Resumo

A utilização de plantas medicinais é uma prática antiga que remonta desde os primórdios da humanidade. O câncer de mama é uma doença que afeta as mulheres em diversas faixas etárias. Nesse sentido, encontrar dados sobre plantas medicinais no combate ao câncer é de extrema importância. Diante disso, este trabalho teve como objetivo identificar a composição química de plantas medicinais e verificar se estas podem ou estão sendo utilizados no tratamento do câncer de mama. Foram trabalhadas com 35 espécies vegetais, onde passaram pela herborização até a identificação de metabólitos secundários com base na precipitação e coloração dos extratos e cromatografia de camada delgada para posteriores isolamentos. Observou-se que 22 espécies possuem componentes químicos que são alvos nos estudos.

Palavras chaves

Biodiversidade Brasileira; Fitoterapia ; Neoplasia Mamária

Introdução

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e a maior causa de morte por câncer nas mulheres (BRASIL, 2011). Segundo a Sociedade Americana do Câncer, uma em cada oito mulheres desenvolverá câncer de mama (BOOF; WISINTAINER, 2006). O câncer de mama pode ser considerado, atualmente, um problema de saúde pública devido a sua crescente incidência e índices de letalidade. No que concerne à população feminina, essa doença é temida por gerar diversas consequências temporárias ou permanentes na vida da mulher, já que os tratamentos, na maior parte das vezes, são agressivos, com graves sequelas físicas que afetam a sexualidade, os relacionamentos, a autoimagem corporal e muitas outras crenças e valores (GONÇALVES et al., 2010; SANTOS; SANTOS; VIEIRA, 2014). A fitoterapia e o uso de plantas medicinais fazem parte da prática da medicina popular, que complementa o tratamento usualmente empregado para a população de menor renda (BRUNING; MOSEGUI; VIANNA, 2012). Elas representam uma forma de tratamento alternativo para diversas doenças, como por exemplo, o câncer. As plantas, além de seu uso na medicina popular com finalidades terapêuticas, têm contribuído, ao longo dos anos, para a obtenção de vários fármacos, até hoje amplamente utilizados na clínica, como a emetina, a vincristina, a colchicina, a rutina. A cada momento são relacionadas na literatura novas moléculas, algumas de relevante ação farmacológica como a forscolina, o taxol e a artemisinina (CECHINEL-FILHO, 1998). Dentre inúmeras riquezas existentes de plantas amazônicas a serem estudadas quimicamente é que este trabalho teve como objetivo verificar se plantas medicinais apresentam compostos químicos que podem ser utilizados no tratamento do câncer de mama.

Material e métodos

As folhas, talos e inflorescências de 35 espécies vegetais das famílias botânicas Solanaceae, Piperaceae, Anacardiaceae, Celastraceae, Rutaceae, Mirtaceae, Crassulaceae, Rubiaceae, Arecaceae, Fabaceae, Bombacaceae e Combretaceae foram coletadas no município de Porto Velho-RO. Após as coletas das espécies, as mesmas foram herborizadas para posterior estudo fitoquímico. Onde no Laboratório de Fitoquímica, as estruturas vegetais foram pesadas frescas e colocadas em estufa elétrica a 50°C por 48 h. Após a desidratação, foram pesadas, trituradas e colocadas em Erlenmeyer contendo aproximadamente 1 L de etanol 95 % P.A., por sete dias em três repetições. Por conseguinte, os extratos obtidos foram filtrados, destilados em aparelho rotaevaporador, submetidos aos testes fitoquímicos de alcaloides, glicosídeos cardiotônicos, cumarinas, taninos, flavonoides e triterpenos, saponinas e analisado posteriormente, por cromatografia de camada delgada (Matos, 2009) e verificar se estas podem ou estão sendo utilizados no tratamento do câncer de mama.

Resultado e discussão

Das 35 espécies vegetais estudadas fitoquimicamente, apenas 22 espécies apresentaram alcaloides e triterpenos em sua composição química, tanto nos extratos das folhas, talos e inflorescências. As espécies que apresentam as substâncias e que estão sendo mais utilizadas no tratamento do câncer de mama nos grupos de pesquisa no Brasil são: Bauhinia forficata (Link), Morinda citrifolia (L.), Maytenus guianensis (Klotzsch ex Reissek), Schinus terebinthifolius (Raddi), Solanum acanthodes (Hook), Piper tuberculatum (Jacq), Oenocarpus bataua (Mart) e Eugenia uniflora (L.). Atualmente, a indústria farmacêutica é motivada, em parte, pela descoberta de fármacos de origem vegetal importantes no tratamento do câncer como os alcaloides vincristina (Oncovin®) e vimblastina (Velban®), isolados da espécie Catharanthus roseus (família Apocynaceae), originária de Madagascar, a qual foi muito usada por várias culturas para o tratamento de diabetes (GUERITTE; FAHY, 2005; RABÊLO, 2014). Os monoterpenos, diterpenos, sesquiterpenos e triterpenos foram estudados sobre suas atividades antineoplásicas no câncer de pulmão (CP), sendo eficazes em vários ensaios, mas com destaque para o ensaio in vitro MTT [3- (4,5-dimetil-tiazol-2-il)-2,5-difenil-tetrazólio] (JAYAPRAKASCHA; GIRENNAVAR; PATIL, 2008; FERREIRA, 2013). Apesar de alguns estudos relatarem atividade antineoplásica ou quimiopreventiva para algumas espécies vegetais, muitas delas podem ser tóxicas ou apresentar potencial risco quando usadas concomitantemente ao tratamento convencional. Desta forma, observa-se que é preciso mais profissionais especializados para orientação sobre o risco de reações adversas e interações medicamentosas no que se refere ao uso de espécies vegetais e a terapêutica do câncer (OLIVEIRA; MACHADO; RODRIGUES, 2014).

Conclusões

Atualmente, existem poucas substâncias derivadas de plantas que já foram aprovadas para o uso clínico com ação anticâncer. Isso se deve, principalmente, às complexas misturas de componentes químicos presentes na maioria das plantas medicinais e, além disso, essas plantas apresentam diversas ações biológicas e farmacológicas, mostrando a importância da constante busca de novos conhecimentos por meio de novos isolamentos de substâncias químicas de plantas. Necessitando que o Brasil invista mais em políticas públicas em prol da saúde a beneficiar o cidadão.

Agradecimentos

Aos laboratórios de fitoquímica do Centro Universitário São Lucas e da Universidade Federal de Rondônia.

Referências

BOFF R.A.; WISINTAINER, F. Mastologia moderna: abordagem multidisciplinar. Caxias do Sul: Mesa Redonda; 2006. p.409-422.

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BRUNING, M.C.R.; MOSEGUI, G.B.G.; VIANNA, C.M.M. A utilização da fitoterapia e de plantas medicinais em unidades básicas de saúde nos municípios de Cascavel e Foz do Iguaçu – Paraná: a visão dos profissionais de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v.17, n.10, p.2675-2680, 2012.

CECHINEL-FILHO, V. Estratégias para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. Conceitos sobre modificação estrutural para otimização da atividade. Química Nova, v.21, n.1, p.99-105, 1998.

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JAYAPRAKASHA, G. K.; GIRENNAVAR, B.; PATIL, B. S. Radical scavenging activities of Rio Red grapefruits and Sour orange fruit extracts in different in vitro model systems. Bioresource technology, v.99, n.10, p.4484-4494, 2008.

MATOS, F.J. Introdução à fitoquímica experimental. 3.ed. Fortaleza: Edições UFC, 2009. 141p.

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