AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE LARVICIDA DO EXTRATO ETANÓLICO DAS FOLHAS E FLORES DO CAMBARÁ DE CHUMBO (Lantana camara) FRENTE AO Aedes aegypti.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

dos Santos Mendes, A.M. (UNILAB) ; Marques da Fonseca, A. (UNILAB) ; da Silva Quirino, T. (UNILAB) ; Lisboa Guterres Fernandes, O. (UNILAB) ; Silva Souza, M.M. (UNILAB)

Resumo

Na busca de alternativas ao controle do Aedes aegypti, em vista da resistência aos inseticidas sintéticos, a investigação de compostos vegetais vem se destacando, pela degradação mais rápida e menor toxicidade aos vertebrados. Assim, avaliou-se o efeito larvicida do extrato etanólico bruto das partes aéreas (folhas e flores) Cambará de chumbo (Lantana camara) frente as larvas de 3° e 4° estagio do Ae. Aegypti. O bioensaio foi realizado em quatro concentrações diferentes em triplicatas, com 20 larvas por repetição. O extrato analisado em concentração de 600ppm, causou mortalidade média superior a 90% das larvas testadas e uma análise total de 95% de mortalidade, até 48 horas de exposição das larvas ao extrato com CL50 de 136,9 ppm.

Palavras chaves

Lantana câmara; Teste larvicida; Aedes aegypti

Introdução

A Dengue, Zika e a febre Chikungunya, é uma doença infecciosa, de origem viral, transmitida para o ser humano por meio da picada de fêmeas de mosquitos contaminados do gênero Aedes, vetor de quatro sorotipos do flavivírus. Os aspectos epidemiológicos da dengue são influenciados pelos mais diversos fatores, dentre os quais, o processo de urbanização, deficiência da infraestrutura social e população com hábitos propícios à proliferação de criadouros através de recipientes artificiais expostos (FORATTINI 2002). Como ainda não foram desenvolvidas vacinas para o controle dos quatros sorotipos, os órgãos responsáveis pela Saúde Pública aderem como principal meio de controle desses vetores Aedes aegypti, a eliminação dos focos, por meio da regularização de saneamentos ambientais (criadouros potenciais), controle físico, controle químico e controle biológico. Essas ações de combate são focadas nos mosquitos imaturos (forma aquática), já nos mosquitos adultos, por meio de inseticidas sintéticos e repelentes (MARCONDES, 2001; ARRUDA; OLIVEIRA; SILVA, 2003). O uso incessante dos inseticidas sintéticos tem demostrado um processo eficaz na exterminação, porém passou a desenvolver larvas e mosquitos adultos resistentes aos produtos. Uma alternativa para diminuir essa resistência tem sido o uso de plantas, as quais possuem substâncias cujas moléculas possuem ação repelente, inseticida, além de serem capazes de alterar a regulação do crescimento dos vetores (COSTA ET AL., 2005; MURUGAN ET AL., 2007). Dentro dessa perspectiva, através de pesquisas os extratos obtidos das folhas do Lantana camara que é uma importante planta daninha tropical, presente em áreas cultiváveis, pastagens e terrenos abandonados, tanto em regiões secas quanto úmidas e que, frequentemente, cresce em vales e encostas (PEREIRA, 2005). Assim, o presente trabalho busca subsídios que possuem atividades inseticidas sobre as larvas do Aedes Aegypti, no intuito de encontrar um controle menos agressivo a saúde humana e a biodiversidade e ao mesmo tempo eficaz na eliminação das larvas do mosquito vetores.

Material e métodos

As amostras de Cambará de Chumbo (Lantana camara) foram coletadas no sitio Vale do Alemanha em Pernambuquinho, Guaramiranga-CE nas coordenadas: S4°12’22.7” e W38°57’00.8”, em agosto de 2016 a março de 2017. É uma planta conhecida no Brasil como camará, camará-de-espinho, camarázinho, camará-de- cheiro e cambará-de-chumbo, consideradas endêmicas na região do Maciço do Baturité-CE (Figura 1). As folhas foram lavadas em água destilada corrente, secas em estufa de circulação de ar com temperatura de 50º a 70°C graus, durante 48 horas. Após a secagem, foram pesadas, trituradas e submetidas à extração por maceração no etanol. O extrato foi filtrado e rotaevaporado, com rotação de 40 a 80 rpm e temperatura de 50º a 70ºC graus. Os ovos de Aedes spp. foram coletados no parque Barreto, localizado no bairro São João do Tauape, e na trilha do Cocó, no bairro do Cocó, ambos no município de Fortaleza-CE, com vistas de adquirir amostras de Ae. Aegypti e Ae. Albopictus de populações geograficamente distintas. A realização de tais coletas foi através de armadinhas de oviposição (conhecidas como ovitrampas), preparadas de acordo com FAY E ELIASON (1966). As ovitrampas positivas foram enviadas ao Laboratório de Entomologia Médica do Departamento de Patologia e Medicina Legal da Universidade Federal do Ceará, onde foram imersas em água destilada para induzir a eclosão dos ovos, cujas larvas resultantes foram transferidas para recipientes plásticos de 300 mL, sendo alimentadas com ração à base de proteína de soja e mantidas sob temperatura de 25 ± 2 ºC. As pupas resultantes foram distribuídas em recipientes plásticos de 100 mL, os quais foram inseridos no interior de gaiolas, adaptadas à manutenção das formas aladas emergentes. Uma vez atingido o estágio adulto, os mosquitos, identificados de acordo com chave de classificação específica (FORATTINI, 1995), foram alimentados com uma solução de sacarose a 10%, embebida em algodão, e para o repasto sanguíneo das fêmeas foram utilizadas codornas (Coturnix coturnix) anestesiadas. Em acordo com Qadir (2014) os mosquitos foram expostos a um fotoperíodo controlado, com 14 horas de luz e 10 horas de escuro. Larvas (20 espécimes/amostra) de 3o e 4o estádios da geração de descendentes oriundos das colônias mantidas em laboratório de Ae. aegypti e Ae. albopictus, foram utilizadas para os ensaios larvicidas com a amostra obtida, de acordo com os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 1981). As amostras foram submetidas ao tratamento com quatro concentrações diferentes (400, 600, 700, 900 ppm) dos extratos etanólicos, realizado em triplicatas, a partir das quais foram estimadas as concentrações letais do(s) produto(s) responsáveis pela mortalidade de 50% (CL50) dos espécimes testados.

Resultado e discussão

Para os bioensaios, utilizou-se larvas de terceiro e quarto estágio de Ae. aegypti, expostas a quatro diferentes concentrações dos extratos. O grupo controle foi composto de água deionizada e diluente. Foram utilizadas quatro repetições por tratamento, com 20 larvas por repetição. O extrato analisado em concentração de 600ppm, causou mortalidade média superior a 90% das larvas testadas e uma análise total de 95% de mortalidade, até 48 horas de exposição das larvas ao extrato, (figura 2). Verificou-se, por meio da analise de Probit, CL50 de 136,9 ppm. Deve-se ressaltar que espécies da família Verbenaceae, com sabor amargo, possuem atividade inseticida e pesticidas o que aumenta o interesse para serem investigadas para ações frente ao Ae. Aegypti.

Figura 1

Cambará de Chumbo, Lantana Camara (Verbenaceae) Fonte: autora

Tabela 1

Ensaio larvicida com extrato etanólico da folha do Cambará de Chumbo (Lantana câmara) em 48 horas.

Conclusões

O extrato etanólico bruto das partes aéreas (folhas e flores) da espécie vegetal Lantana camara, popularmente conhecido como Cambará de Chumbo, apresentou atividade larvicida moderada nas larvas de 3° e 4° estágios do Aedes. aegypti. O que conclui-se que os resultados do estudo poderão contribuir com o controle dos vetores levando em consideração a eficácia na mortalidade das larvas, a facilidade de obtenção da planta e preparo do extrato vegetal.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos órgãos de fomento: CAPES, CNPq, e ao Mestrado Acadêmico em Sociobiodiversidade e Tecnologias Sustentáveis (MASTS) - UNILAB

Referências

ARRUDA, W.; OLIVEIRA, G. M. C.; SILVA, I. G. Alterações morfológicas observadas em larvas de Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) submetidas à ação do extrato bruto etanólico da casca do caule da Magonia pubescens St. Hit. Entomologia y Vectores, v. 10, n.01, p. 47-60, 2003.

COSTA, J. G. M. et al. Estudo químico-biológico dos óleos essenciais de Hyptis martiusii, Lippia sidoides e Syzigium aromaticum frente às larvas do Aedes aegypti. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 15, n. 4, p. 304-309, 2005.

FAY, R. W.; ELIASON, D. A. A Preferred Oviposition Site as a Surveillance Method for Aedes aegypti. Mosquito News, p. 531-535, 1966.

FORATTINI, O. P. Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 11, n. 1, p. 157–158, mar. 1995.

Forattini, P.P. 2002. Culicidologia médica. São Paulo, Edusp, 860p.

MARCONDES, C. B. Entomologia médica e veterinária. São Paulo: Atheneu, 2001.

MURUGAN, K. et al. Larvicidal and repellent potential of Albizzia amara Boivin and Ocimum basilicum Linn against dengue vector, Aedes aegypti (Insecta:Diptera:Culicidae). Bioresource Technology, v.98, p. 198–201, 2007

QADIR, U. Bioefficacy of Anamirta cocculus Linn. (Menispermaceae) seed extracts against dengue vector, Aedes aegypti Linn. (Diptera: Culicidae). Asian Pacific Journal of Tropical Disease, v. 4, n. S2, p. S556–S562, 2014.

WHO. Instructions for determining the susceptibility or resistance of mosquitoes larvae to insecticide.Who/Vbc/81.807, 1981.

Patrocinadores

Capes CNPQ Renner CRQ-V CFQ FAPERGS ADDITIVA SINDIQUIM LF EDITORIAL PERKIN ELMER PRÓ-ANÁLISE AGILENT NETZSCH FLORYBAL PROAMB WATERS UFRGS

Apoio

UNISC ULBRA UPF Instituto Federal Sul Rio Grandense Universidade FEEVALE PUC Universidade Federal de Pelotas UFPEL UFRGS SENAI TANAC FELLINI TURISMO Convention Visitors Bureau

Realização

ABQ ABQ Regional Rio Grande do Sul