Estudo Fitoquímico da Raiz da Centrosema bracteosum Benth (Rabo-de-tatu) Fabaceae

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Araujo, N.M. (UEG-CCET) ; Noronha, V.C.M. (UEG-CCET) ; Costa, M.B. (UEG-CCET)

Resumo

Os poucos estudos químicos e fitoquímicos relacionados à espécie Centrosema bracteosum, comumente conhecida como rabo-de-tatu, vem despertando o interesse científico por ser empregada popularmente no tratamento de problemas estomacais. Este trabalho teve como foco principal, o estudo fitoquímico da C. bracteosum para a identificação dos possíveis metabólitos especiais desta espécie. Os ensaios revelaram a presença de saponinas, fenóis, triterpenos, alcaloides e flavonoides. Estudos de isolamento serão realizados para o isolamento destes compostos, bem como a elucidação estrutural dos compostos.

Palavras chaves

Prospecção fiotquímica; metabólitos especiais; Centrosema bracteosum

Introdução

Os produtos naturais constituem uma importante fonte de compostos com potencial biológico que podem ser utilizados no desenvolvimento de novos fármacos (GUERRA; NODARI, 2010), no qual as plantas representam a principal fonte de moléculas bioativas (BARREIRO; BOLZANI, 2009), tendo em vista a presença de metabólitos especiais em sua constituição. Estes possuem enorme diversidade estrutural e normalmente possuem potencial biológico (SCHENKEL; GOSMANN; PETROVICK, 2010). Algumas famílias botânicas destacam-se por sua utilização na medicina popular. Dentre as diversas espécies de plantas com potencial biológico, destaca-se a família botânica Fabaceae que é a terceira maior família de angiospermas (LEWIS et al., 2005). Das diversas atividades farmacológicas para as espécies desta subfamília, podemos destacar as do gênero Centrosema Benth (TOZZI et al.,2016). Este gênero apresenta 45 espécies, com destaque para a Centrosema pubescens e a Centrosema bracteosum, sendo que a maioria destas é encontrada em habitat aberto ou margem de mata, além de serem comuns no cerrado brasileiro (TOZZI et al.,2016). Estudos fitoquímicos do extrato etanólico da Centrosema pubescens evidenciaram a presença de alguns metabólitos especiais, dentre eles, saponinas, taninos e terpenos (JACKSON et al., 2011). Outra espécie desta família é a Centrosema bracteosum Benth (rabo-de-tatu) cuja raiz é empregada medicina popular como medicamento contra problemas estomacais. Na literatura existe, até o momento, um único relato de estudos fitoquímicos desta espéciea (BRAZ-FILHO et al., 1995; BRAZ-FILHO, 1999). Associadas a todas estas observações, este trabalho aborodu o estudo fitoquímico do extrato bruto etanólico da raiz da C. bracteosum Benth (Rabo-de-tatu).

Material e métodos

A parte experimental foi desenvolvida no Campus Anápolis de Ciências Exatas e Tecnológicas Henrique Santillo (CCET) na Universidade Estadual de Goiás (UEG). A raiz da C. bracteosum foi adquirida no mercado central em Goiânia – GO e em sequência foi triturada. Deste material foram obtidos dois extratos brutos etanólicos (EBE) a partir de duas técnicas diferentes: a extração contínua em Soxhlett e por remaceração, ambas com o emprego de etanol comercial 92º INPM (96ºGL). Para a obtenção do extrato bruto etanólico pela técnica de extração contínua (EBE-ECS) empregou-se 70,169 g desta raiz triturada em 2 L de solvente. Após 58 horas de extração contínua, o extrato foi concentrado e seco em evaporador rotativo. Para a obtenção do extrato bruto etanólico pela técnica de remaceração (EBE-RM) empregou-se 448,98 g desta raiz triturada em 15 L de solvente. Após 15 dias, o extrato foi concentrado e seco em evaporador rotativo. Os extratos, EBE-CS e EBE-RM, foram submetidos a testes de identificação conforme BARBOSA (2004). Foram realizados testes para identificar saponinas espumídicas, ácidos orgânicos, açúcares redutores, polissacarídeos, fenóis e taninos, flavonoides, alcaloides, esteroides e triterpenos.

Resultado e discussão

A prospecção fitoquímica, foi realizada nos extratos EBE-CS e EBE-RM e indicaram a presença dos seguintes metabólitos especiais: *Saponinas espumídicas, caracterizada pela formação de uma espuma abundante e estável por mais 30 minutos; *Fenóis, caracterizado pela coloração entre o azul e o vermelho, neste caso persistindo o vermelho; *flavonoides, caracterizado pelo surgimento de uma coloração rósea; *alcaloides, caracterizado pela formação de um precipitado vermelho tijolo. Neste estudo foi possível comparar o comportamento dos extratos EBE-CS e do EBE-RM, uma vez que a realização da extração contínua poderia interferir nos resultados, assim como já observamos nos ensaios de letalidade contra a Artemia salina, também apresentados neste congresso (57º CBQ). Porém, neste caso, o aquecimento não mascarou os resultados e ambos os extratos evidenciaram a partir desta análise fitoquímica a presença dos mesmos metabólitos especiais.

Conclusões

Podemos concluir que neste trabalho, a prospecção fitoquímica evidenciou a presença de quatro metabólitos especiais, além de mostrar que apesar dos extratos EBE-CS e EBE-RM terem sido obtidos por técnicas diferentes, o aquecimento não produziu compostos químicos naõ produzidos pela planta. Com estes resultados em mãos, espera-se agora as etapas de isolamento e caracterização espectrométricas para elucidação destes compostos.

Agradecimentos

Á UEG pelo o apoio e ao Programa de Concessão de Bolsas de Incentivos ao Pesquisador (ProBIP/2016).

Referências

BARREIRO, E. J., BOLZANI, V. S. Biodiversidade: fonte potencial para a descoberta de fármacos. Química Nova, v.32, n.3, p.679-688, 2009.

BRAZ-FILHO, R., SIMÃO, S. M., CARVALHO, M. G. de, MAGALHÃES, H. G. Structure of a new triterpene glycoside from Centrosema bracteosum. Química Nova, v. 18. N. 01, p. 34-39, 1995

GUERRA, M. P.; NODARI, R. O. Bidiversidade: aspectos biológicos, geográficos, legais e éticos. In: SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6.ed. Porto Alegre: UFRGS; Florianópolis: UFSC, 2010. p.13-28.

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LEWIS, G.; SCHRINE, B.; MACKINDER, B., LOCK, M. Legumes of the world. Royal Botanic Gardens, Kew, 577p. 2005

SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; PETROVICK, P. Produtos de Origem Vegetal e o Desenvolvimento de Medicamentos. In: SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6.ed. Porto Alegre: UFRGS; Florianópolis: UFSC, 2010. p.371-400.

TOZZI, A. M. G. A., MELHEM, T. S., FORERO, E., FORTINA-PEREZ, A. P., WANDERLEY, M. G. L., MARTINS, S. E., ROMANINI, R. P., PIRANI, J. R. FIUZA de MELO, M. M. R., KIRIZAWA, M., YANO, O., CORDEIRO, I. Subfamília Papilionideae. Eds. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 8, pp: 167-397.