Caracterização físico-química e cromatográfica dos óleos de Açaí (Euterpe Precatória), Patauá (Oenocarpus batauá) e Cocão (Attalea tessmanii).
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Produtos Naturais
Autores
Pereira, G.S. (FUNDAÇÃO DE TECNOLOGIA DO ESTADO DO ACRE) ; Basso, S.L. (FUNDAÇÃO DE TECNOLOGIA DO ESTADO DO ACRE) ; Freitas, P.M. (FUNDAÇÃO DE TECNOLOGIA DO ESTADO DO ACRE) ; Lima, D.A. (FUNDAÇÃO DE TECNOLOGIA DO ESTADO DO ACRE) ; Machado, A.S. (FUNDAÇÃO DE TECNOLOGIA DO ESTADO DO ACRE)
Resumo
Os óleos vegetais são gorduras extraídas das plantas, geralmente das amêndoas e polpas. A extração pode ser feita por prensagem a frio ou a quente. Neste trabalho optou-se por realizar as características físico-químicas dos óleos de açaí (Euterpe Precatória), Patauá (Oenocarpus Batauá) e cocão (Attalea Tessmanii), essas características são muito importantes para se determinar a qualidade de um óleo. Já a composição de ácidos graxos indica a identidade dos mesmos. Os resultados desse estudo demonstraram que os óleos analisados estavam dentro dos padrões de qualidade estabelecidos pela RDC 270, ANVISA. Além disso, apresentaram valores semelhantes a composição graxa encontrados na literatura.
Palavras chaves
Óleos; ; físico-química;; Ácidos graxos
Introdução
A Amazônia possui variadas espécies oleaginosas que apresentam potencial promissor e valor tanto para indústria cosmética como de alimentos. (BRASIL, 2000). Os óleos vegetais são gorduras extraídas dessas plantas, geralmente das amêndoas e polpas. A extração pode ser feita por prensagem a frio ou a quente. Os óleos são formados por trigliceróis (que é a união de ácidos graxos a uma molécula de glicerol) e, devido a essa natureza química apolar, são insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos. Segundo Rogez (2000), o óleo de açaí, da mesma forma que o óleo de oliva e abacate, é rico em ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados, respectivamente, 60 e 14%. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi o de realizar a caracterização físico-química e cromatográfica dos óleos vegetais de açaí (Euterpe Precatória), Patauá (Oenocarpus Batauá) e cocão (Attalea Tessmanii) para verificar sua qualidade e composição graxa.
Material e métodos
Os óleos de açaí e patauá foram extraídos na Usina de Extração da COOPERFRUTOS, Mâncio Lima/Ac. Já o óleo de cocão foi fornecido pela Associação Agro-Extrativistas, Tarauacá/Ac. Os óleos foram levados para o laboratório de produtos naturais da FUNTAC e submetidos aos testes de: Índice de Acidez e Índice de Peróxido de acordo com a Referência descrita na A.O.C.S. As análises de Índice de Iodo, Refração e Densidade seguem referência bibliográfica descrita na Farmacopéia Brasileira 3° edição. O equipamento utilizado para a realização do teste de refração foi: Refratômetro Brio-Brix e para análise de densidade o decímetro digital METTLER e TOLEDO. A composição de ácidos graxos foi determinada por cromatografia gasosa segundo método descrito por Hartman e Lago. O cromatógrafo utilizado foi o SHIMADZU GC 2010, equipado com detector FID. As temperaturas do injetor e do detector foram mantidas a 225 °C e a da coluna a 175 °C.
Resultado e discussão
Os resultados das análises físico-quimicas dos óleos estão representados na
tabela a seguir:
Tabela 01: Resultado das análises físico-químicas dos óleos de açaí (Euterpe
Precatória), Patauá (Oenocarpus Batauá) e cocão (Attalea Tessmanii).
De acordo com os parâmetros da RDC-270 ANVISA, 2005 os óleos prensados á
frio e não refinados para serem consumidos devem obter acidez máxima 4,0
mgKOH/g e Índice de Peróxido máximo de 15 meqO2/kg. Para as outras análises
não existe um valor especificado por essa resolução. Para os valores de
acidez e peróxido as amostras analisadas estão dentro do permitido pela
ANVISA.
Os resultados da composição de ácidos graxos realizadas pela cromatografia
gasosa estão representados na tabela a seguir:
Tabela 02: Principais Ácidos graxos encontrados nas amostras.
A composição graxa do óleo de açaí (Euterpe Precatória) foi comparada aos
estudos feito por Nascimento ET AL, (2008) que encontrou 60% de ácido Oléico
e 22% de ácido palmítico. Não foram encontrados estudos de composição graxa
do óleo de cocão (Atallea Tessamni), porém verificou-se a semelhança entre o
coco babaçu que segundo Machado (2006), obteve 44,9% de ácido Láurico e
16,91 % do ácido mirístico. Para o óleo de Patauá, Pereira Pinto (1951),
encontrou 72% de ácido Oléico e 7,1 de ácido Palmítico.
Tabela 01: Resultado das análises físico-químicas dos óleos de açaí (Euterpe Precatória), Patauá (Oenocarpus Batauá) e cocão (Attalea Tessmanii).
Tabela 02: Principais Ácidos graxos encontrados nas amostras.
Conclusões
As análises físico-químicas demonstraram a boa qualidade dos óleos analisados, pois atendem a RDC de n. 270, de 22 de setembro de 2005 da ANVISA para óleo vegetais comestíveis, apresentando características iniciais de qualidade e conservação apropriadas e de interesse comercial. Diante dos dados obtidos, pôde se comprovar que os óleos testados apresentam em sua composição química abundância de ativos importantes e promissores tanto para uso alimentício, cosmético e terapêutico.
Agradecimentos
A toda Equipe do Laboratório de Produtos Naturais da FUNTAC.
Referências
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia. Estudo de mercado de matéria-prima: corantes naturais (cosméticos, indústria de alimentos), conservantes e aromatizantes, bio-inseticidas e óleos vegetais e essenciais (cosméticos e oleoquímica). Belém, 2000. 207p.
BRASIL. RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005 "Regulamento técnico para óleos vegetais, gorduras vegetais e creme vegetal". Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 23 de setembro de 2005
HARTMAN, L.; LAGO, R.C.A. Rapid preparation of fatty acid methyl esters from lipids. Laboratory Practice, Londres, v. 22, p. 475-477, 1973.
MACHADO Getúlio Costa, Paes Chaves, José Benício, Antoniassi, Rosemar, composição em ácidos graxos e caracterização física e química de óleos hidrogenados de coco babaçu. Revista Ceres [en linea] 2006.
NASCIMENTO, R,J,S; ET AL. Composição em ácidos graxos do óleo da polpa de açaí extraído com enzimas e com hexano. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 30, n. 2, p. 498-502, Junho 2008
PINTO, G. PEREIRA - 1951 - O óleo de patauá. Bol. Tee. Inst. Agron. Norte 23: 67-77
ROGEZ, H. Açaí: preparo, composição e melhoramento da conservação. Belém: Universidade Federal do Pará, 2000.