Avaliação Antimicrobiana de Extrato Bruto Etanólico do Morfotipo A de Ayapana triplinervis (Asteraceae).

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Dias, T. (UNIFAP) ; Matos, J. (UNIFAP) ; Rabelo, E. (UNIFAP) ; Pinheiro, M. (UNIFAP) ; Martins, R. (UNIFAP) ; Proetti, A. (UNIFAP) ; Almeida, S. (UNIFAP) ; Rodrigues, A. (UNIFAP)

Resumo

Aypana triplinervis é uma erva medicinal da Amazônia conhecida como “Japana branca ou roxa”. Esse estudo teve como objetivo avaliar a atividade antimicrobiana em do extrato bruto etanólicos do morfotipo A de A. triplinervis. A prospecção fitoquímica avaliou a presença das classes de metabólitos secundários por ensaio qualitativo como a presença de fenois e taninos, alcalóides. Na avaliação antimicrobiana, foi empregado método de microdiluição seriada em placas de fundo em “U”. Os resultados demonstraram que a bacteria P. aurugenosas teve a 100µg.ml-1 de MIC (Concentração Inibitória Mínima) e de MBC (Concentração Bacteriana Máxima). Desse modo é possível concluir que o extrato bruto etanólico do morfotipo A de A. triplinervis apresenta MIC e MBC na batéria P. Aurugenosas de 100µg.ml-1.

Palavras chaves

Metabólitos Secundários; Produtos Naturais; Fitoquímica

Introdução

Origem da América do Sul, a Ayapana Triplinervis pode ser encontrada no Brasil, Equador, Perú e Porto Rico. É indicada pela medicina tradicional para o tratamento de doenças como cólera, tétano e lepra. Foi identificado uso das folhas da espécie contra gripe, constipação, dor de cabeça e afta. Relato do uso na Índia das folhas pela medicina tradicional como laxante, estimulante cardíaco e anticoagulante, além de indicarem a presença de cumarinas, esteroides, carotenoides em extratos das folhas. (MAIA; ANDRADE, 2009). Os antibióticos ou antimicrobianos (ATM) são substâncias que podem agir sobre diferentes microrganismos. Quando agem sobre bactérias, são classificados como bactericidas ou bacteriostáticas que inibem o crescimento e o restante da tarefa fica sob responsabilidade do sistema imunológico do paciente, que elimina o microrganismo (RIBEIRO et al, 2013). Lopes (2014) estudou o potencial microbicida do extrato hidroalcoólico do morfotipo B de A. triplinervis, obtendo concentração inibitória mínima de 31,5 µg.mL-1 e concentração bactericida mínima de 125 µg.mL-1 para P. auruginosa, enquanto que para E. coli os resultados encontrados foram 125 µg.mL-1 para MIC e 500 µg.mL-1 para MBC. Contudo, não foi avaliado o potencial microbicida do morfotipo A dessa espécie vegetal. Desse modo, o objetivo desse estudo é avaliar a atividade antimicrobiana do extrato bruto etanólicos (ETOH) do morfotipo A de A. triplinervis contra P. auruginosa e E. coli e S. Aureus.

Material e métodos

Obtenção do Extrato ETOH do morfotipo A de A. triplinervis foi coletado no distrito da Fazendinha, município de Macapá, e extraído por maceração em etanol por 14 dias. Após este período, o extrato foi filtrado e seco no evaporador rotativo. O teste fitoquímico foi avaliado a presença de saponinas, açúcares redutores, fenóis e taninos, alcaloides, catequinas, e derivados de cumarina (BARBOSA, 2001). A avaliação da atividade antimicrobiana do ETOH do morfotipo A foi feito segundo o teste de microdiluição em placas de 96 poços de fundo em “U”. Cada poço da placa com preencimento inicial de 0,1 mL de água MiliQ estéril, com exceção da 1ª coluna, onde, foi preenchida com 0,2 mL da substância-teste na concentração de 1000 µg mL-1. Depois, foi feito diluições seriadas na base 2 para obtenção de diferentes concentrações (1000 a 15,62 µg.mL-1) em um volume final de 0,1 mL. Após o processo, 0,1 mL de células (2 x 106 UFC mL- 1) ajustadas segundo item anterior foi adicionado a cada poço, obtendo-se um volume final de 0,2 mL. Amoxicilina e meio de cultura Mueller Hinton (MHI) com 4% de DMSO foram utilizados como controles positivos e negativos, além do controle de turbidez. Depois, as placas foram para estufa a 37°C durante 24 hs. A avaliação do crescimento bacteriano foi medida pela turbidez com auxílio de espectrofotrômetro a 630 nm (LÔBO, 2010). A MIC foi determinada como menor concentração do ETOH capaz de inibir o crescimento bacteriano. A MBC utilizou-se placas de petri contendo meio MHI ágar, as quais foram inoculadas com 10 µL da suspensão contida nos poços que não apresentaram crescimento durante o experimento para determinar a MIC. A MBC foi estabelecida como a menor concentração do ETOH capaz de inibição completa o crescimento microbiano nas placas de petri após 24-48 hs.

Resultado e discussão

Taninos são polifenóis de imensa complexidade. Diferem das ligninas por estarem compartimentalizados ou livres no citoplasma, ao invés de ligados a polissacarídeos. Por se ligar às proteínas os taninos condesados impedem a disgestão animal, bloqueando a ação de enzimas digestivas, formando complexos com proteínas foliares (o que torna a folha indigesta) e interagindo com mucoproteínas salivas, o que produz a sensação de adstringência. (BOSQUEIRO, 2013). Os fenólicos formam um grupo de compostos bastante presente no nosso dia a dia, embora nem sempre isto seja percebido. Desse modo, odor e coloração de diversos vegetais se devem aos componentes deste grupo. Além disso, eles também protegem os tecidos da planta contra injúria, insetos e ataque de animais. (VIZZOTO et al, 2010). Nas plantas os alcalóides servem para afastar insetos e animais, mas, na nossa sociedade, a principal aplicação dos alcalóides é em medicamentos. (FOGAÇA, 2011). Os derivados de Cumarina são compostos orgânicos que possuem aplicações eternas e diversas. Exibem forte fluorecência na região visível que se tornam apropriados para uso como colorantes, laser de corante e cromóforos óticos não lineares (KOVAC et al, 2002). O teste fitoquímica qualitativa teve a presença: saponinas, açúcares redutores, fenóis e taninos, alcaloides, carotenoides, catequinas, purinas, depsidios e depsonas e derivados de cumarina, de acordo com a tabela 01: Em relação a avaliação antimicrobiana do extrado bruto etanólico do morfotipo A de A. Triplinervis , o crescimento bacteriano inibido (*) estatisticamente diferente do controle negativo, e já a (#) ação bactericida como o controle do MBC estatisticamente igual ao controle positivo, conforme o a imagens 01 e na tabela 02.

tabela 01:

Metábólitos secundários presente no extrato bruto etanólico do morfotipo A de A. triplinervis.

Tabela 02:

avaliação antimicrobiana do extrato bruto etanólico do morfotipo A de A. Triplinervis frente às diferentes bacterias testadas (dados em mg.mL-1).

Conclusões

No ETOH do morfotipo A de A. triplinervis no que diz respeito ao teste fitoquímico ficou definido a presença de saponinas, açúcares redutores, fenóis e taninos, alcaloides, carotenoides, catequinas, purinas, e derivados de cumarina como resultados positivos. No caso do teste antimicrobiano da bacteria de P.aeruginosa foi detectada a presença de 100mg.ml-1 tanto de MIC quanto de MBC; já na bacteria de E.Coli foi detectado a presença só de 100mg.ml-1 de MIC. Desse modo, o extrato bruto etanólico apresenta potencial para ser utilizado como agente antimicrobiano frente a P. aurioginosa e E. coli.

Agradecimentos

À Universidade Federal do Amapá, pela concessão de bolsa no programa institucional de iniciação científica (Pibic – Unifap).

Referências

LÔBO, K.M.S.; et al. Avaliação da Atividade Antibacteriana e Prospecção Fitoquímica de Solanum paniculatum Lam. e Operculina hamiltonii (G. Don) D. F. Austin & Staples, do Semiárido Paraibano. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 12, n. 2, p. 227-233, 2010.
RIBEIRO, J. L.; COMARELLA, L. Bactérias Multirresitentes e Emergência da Resistência Tipo New Delhi Metallo--Lactamase -1 (NDM-1). Revista: UNIANDRADE
DOI: http://dx.doi.org/10.18024/1519-5694/revuniandrade.v16n2p109-118.
MAIA, J. G. S.; ANDRADE, E. H. A. Database of the Amazon Aromatic Plants and their Essential Oils. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 595-622, 2009.
BOSQUEIRO, A. L. D. Metabólitos Secundários em plantas. Do departamento de Ciências Biólogicas da Faculdade de Ciências/ UNESP. Disponível em: www.fc.unesp.br/posGraduacao -Bauru-São Paulo, 20.
FOGAÇA, J. R. V. Compostos orgânicos-Acalóides. Mundo Educação. Disponivel em: <www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/alcalloides> 2011.
KOVAC, B.; NOVAK, I. Eletronic struture of coumarins. Sapetrochimica Acta Part A, v. 58, p. 1483-1488, 2002.
LOPES, T. R. M. Avaliação Potencial do Microbicida das folhas da espécie A. Triplinerveis. Tese de Pós- Graduação em Ciência Farmacêuticas Bélem- PA. 2014
VIZZOTTO, M.; KROLOW, A. C.; WEBER, G.E.B. Metabólitos secundários encontrados em plantas e sua importância. Embrapa. Pelotas-RS. 2010.
BARBOSA, W. L. R.; et al. Manual de Análise Fitoquímica. Rev. Cient. UFPA. 2001, 4, 1- 19.

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