Avaliação Larvicida do Extrato Bruto Aquoso de Ayapana triplinervis contra Aedes aegypti.
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Produtos Naturais
Autores
Dias, T. (UNIFAP) ; Rabelo, E. (UNIFAP) ; Martins, R. (UNIFAP) ; Pinheiro, M. (UNIFAP) ; Matos, J. (FAMA) ; Almeida, S. (UNIFAP) ; Rodrigues, A. (UNIFAP)
Resumo
Esse estudo avaliou a atividade larvicida morfotipo A do extrato bruto aquoso de A. triplinervis contra A. aegypti. O extrato foi preparado por hidrodestilação e seco sob pressão reduzida. A prospecção fitoquímica avaliou a presença das classes de metabólitos secundários qualitativamente. A atividade larvicida foi realizada com o extrato bruto em diferentes concentrações. Os resultados indicaram a presença de saponinas, fenóis e taninos, alcaloides, derivados de cumarina e antraquinonas e o ensaio biocida mostrou uma CL50=0,529 mg.mL-1para o período de 24 horas e CL50= 0,346 mg.mL-1 para 48 horas, indicando que o do extrato bruto aquoso do morfotipo A da espécie A. triplinervis foi considerado não ativo contra
Palavras chaves
Biocida; Produtos Naturais; Biodiversidade
Introdução
O mosquito Aedes aegypti é o vetor de arboviroses como dengue (DENGV), zika (ZICV), chikungunya (CHIKV), de febre amarela urbana e representa um grande problema de saúde pública. Ruckert et al (2017) demostraram que esses culicídeos podem infectar com um tipo de vírus ou com coinfecções duplas e até triplas de DENGV, ZICV e CHIKV. Não existem vacinas capazes de controlar as doenças transmitidas pelo A. aegypti, desse modo, o controle do vetor tem se mostrado uma estratégia chave para o manejo de epidemias relacionadas. Contudo, Haddi et al. (2017) reportaram uma mutação genética na região que decodifica o canal de sódio e potássio em cepas resistentes de A. aegypti do Brasil, demostrando que a substituição de uma vanilia por uma leucina e de uma fenilalina por uma cisteína reduziu a susceptibilidade desses mosquitos para inseticidas piretóides, uma das classes recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para controle do químico desse vetor. Entre as espécies vegetais com potencial uso biocida para o controle de A. aegypti , destaca-se a Ayapana triplinervis, originária da América do Sul, pode ser encontrada em dois morfotipos chamados de Japana-branca (morfotipo A) e Japana-roxa (morfotipo B) que diferem entre si na nervura das folhas, base foliar, distância dos entrenós, ramificação e presença de brotos foliares que estão em maior quantidade no morfotipo A (NERY; et al., 2014). Desse modo, o objetivo desse estudo é avaliar a bioatividade larvicida do extrato bruto aquoso do morfotipo A da espécie A. triplinervis contra A. aegypti.
Material e métodos
Amostras de A. triplinervis foram coletadas no Distrito da Fazendinha (S 00o 03´69.55” e W 51o 11’03.77’’), em Macapá-AP, e sua exsicata foi identificada e depositada sob o número ABL001-HAMAB. O extrato aquoso bruto (EAB) foi obtido na relação 1/20 (m/v) em hidrodestilação, concentrado sobre pressão reduzida e diluído nos solventes para os ensaios fitoquímico e larvicida (PINHEIRO, et al.; 2015). Na prospecção fitoquímica foi avaliado a presença de saponinas, ácidos orgânicos, polissacarídeos, açúcares redutores, proteínas e aminoácidos, fenóis e taninos, flavonoides, alcaloides, carotenoides, catequinas, purinas, glicosídeos cardíacos, sesquiterpenoides, azulenos, depsideos e depsonas, derivados de cumarinas e antraquinonas (BARBOSA, et al.; 2001). As larvas de A. aegypti foram provenientes da colônia mantida no insetário do Laboratório de Arthropoda da Universidade Federal do Amapá, todas da geração F6, do 3º estádio jovem. A metodologia seguiu o protocolo padrão da Worl Heath Organization - WHO (1984; 1986a; 1986b) com modificação no recipiente teste para as concentrações: 0,5 a 0,1 mg.mL-1 de EBA solubilizado em DMSO a 5%. Para cada tratamento, 10 larvas foram transferidas para um béquer de 100 mL com solução aquosa na concentração desejada para cada tratamento, realizado em triplicata. Foi verificada a inocuidade do solvente através de um controle negativo e como controle positivo o BTI comercial na concentração de 3,7x10-4 mg.mL-1 . Em 24 e 48 horas foram contadas as larvas mortas, sendo consideradas como tais todas aquelas incapazes de alcançar a superfície. Os dados foram tratados estatisticamente para determinar a concentração letal para 50% das larvas através do SPSS.
Resultado e discussão
A análise fitoquímica qualitativa indicou a presença saponinas, açúcares
redutores, proteínas e aminoácidos, fenóis e taninos, alcaloides, derivados de
cumarina e antraquinonas, de acordo com a tabela 01.
Existem uma variedade de bioatividades reportadas para os alcaloides em
decorrência de sua variabilidade estrutural: atividade inseticida, anti-
hipertensivo, antimalárico, antitumoral e antidiurético. Os taninos tem
capacidade de complexar com íons metálicos e macromoléculas e sequestradora de
radicais livres, com isso, apresentam ação bactericida, fungicida, antiviral.
Os compostos fenólicos provocam redução de doenças cardiovasculares, modulando
diferentes enzimas e regulando o ciclo celular.As antraquinonas, conhecidas
pela sua ação laxante, e, recentemente, estudos indicaram ação antiviral e
antifúngica (SIMÕES; et al., 2004).
Em relação à avaliação da atividade larvicida, os ensaios demostraram
mortalidade de 52,56% na maior concentração em 24 horas, e mortalidade de
84,57% na mesma concentração em 48 horas, como demonstra a tabela 02.
Roopan et al (2016) avaliou um mecanismo de ação alternativo aos inseticidas
mais utilizados para o controle de A. aegypti e sintetizaram derivados
de acridona com toxicidade equivalente a 0,043 mg.mL-1 no controle
químico em fase larval, mostrando a importância de novos mecanismos eficazes
de combate às larvas do mosquito. Desse modo, de acordo com a classificação de
Cheng et al (2003), os metabólitos presente no extrato bruto aquoso do
morfotipo A de A. triplinervis são considerados não ativos contra
larvas de A. aegypti.
Metábólitos secundários presente no extrato bruto
aquoso do morfotipo A de [i]A. triplinervis.
Percentual de Mortalidade, Concentração letal do
extrato bruto aquoso do morfotipo A de [i]A.
triplinervis[/i] para 50% das larvas de [i]A.
aegypti.
Conclusões
A prospecção fitoquímica do extrato bruto aquoso do morfotipo A de A. triplinervis indicou a presença de classes de metabólitos secundários com atividade biológica de importância reconhecida para a indústria de alimentos e farmacêutica como saponinas, açúcares redutores, proteínas e aminoácidos, fenóis e taninos, alcaloides, derivados de cumarina e antraquinonas. Contudo, esse extrato se mostrou não ativo como biocida contra larvas de A. aegypti.
Agradecimentos
À Universidade Federal do Amapá, pela concessão de bolsa do programa institucional de iniciação científica.
Referências
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