Análise da produção de metabólitos, via CLAE, das linhagens fúngicas I3MC e I6MC, endófitos de Malva, coletada na Mina do Sossego-Canaã dos Carajás

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Silva, C.O.C. (UNIFESSPA) ; Correa, H.C.S. (UNIFESSPA) ; Marques, H.P.C. (UNIFESSPA) ; Oliveira, J.M. (UNIFESSPA) ; Silva, S.Y.S. (UNIFESSPA) ; Oliveira, M.N. (UNIFESSPA) ; Silva, S.C. (UNIFESSPA)

Resumo

A pesquisa em produtos naturais pode ser apontada como uma das mais tradicionais diante da grande biodiversidade existente, sendo utilizados na medicina para tratar diversas patologias. Diante da busca por compostos que apresentem propriedades biológicas, os fungos endofíticos são microrganismos ricos em metabólicos secundários e tem enorme utilização nas indústrias farmacêuticas. Neste trabalho foi avaliado o crescimento das linhagens fúngicas I3MC e I6MC, isoladas do caule da Malva, por um período 30 dias para estabelecer qual o o melhor período de crescimento com base na produção de metabolitos secundários, analisados através da CLAE. A partir dos cromatogramas obtidos observou-se que o tempo ideal de crescimento da linhagem, foi de 25 dias no comprimento de onda de 223nm e 229nm.

Palavras chaves

Área de mineração; Fungo; CLAE

Introdução

Assim como as bactérias os fungos são importantes decompositores, pois se alimentam de substâncias orgânicas de folhas mortas, de cadáveres e resíduos, contribuindo para a reciclagem de matéria (LINHARES et al 2012). Essa capacidade de decompor matéria orgânica pode também causar problemas, uma vez que os fungos destroem alimentos, roupas, papéis e outros produtos. Alguns são comestíveis e outros são utilizados na fabricação de álcool, bebidas alcoólicas, e antibióticos. Também podem ser usados na bioremediação de áreas biodegradadas e no combate a pragas da agricultura (LINHARES et al 2012). Dentre os tipos de fungos utilizados nestes processos, tem-se os fungos endofíticos, que são microrganismos constituintes de uma fonte valiosa de produtos bioativos (AZEVEDO, 1998 apud CAFÊU et al 2005). Este nicho de fungos associados a espécies vegetais de Cerrado e da Mata Atlântica permanece praticamente sem qualquer estudo químico e biológico, tornando-se uma fonte potencial de substâncias para a farmacológia (CAFÊU et al 2005). O número de metabólitos secundários produzidos por fungos endofíticos é maior que os encontrados em outras classes de microrganismos. Estes compostos têm um largo espectro de atividades biológicas e eles podem ser reunidos em várias categorias, como alcalóides, esteróides, terpenóides, entre outros, exibindo diversas atividades como, por exemplo, antibiótica, antifúngica, inseticida, anticancerígena, entre outras (OLIVEIRA 2008 apud ZHANG et al., 2006; STROBEL et al., 2004). Diante disso, este trabalho propôs realizar o cultivo em microescala das linhagens fúngicas, I3MC e I6MC, durante um período de 30 dias, para analisar, via CLAE, o tempo ideal de cultivo em que linhagem produziu uma maior quantidade de metabólitos secundário.

Material e métodos

Para análise do melhor tempo de cultivo das linhagens I3MC e I6MC, a linhagem foi inoculada em placas de petri, contendo o meio BDA (batata, dextrose e ágar) mais o antibiótico tetraciclina, em seguida, as placas foram armazenadas em câmara tipo BOD por um período de 7 dias a temperatura de ~27°C. O cultivo em meio sólido foi feito em 14 erlenmeyers de 250 mL, contendo 20 g de arroz (Tio João) e 10 mL de água destilada, estes foram autoclavados a 121°C, por 45 min. à pressão de 1 atm. Após esterilizados, acrescentou-se fragmentos dos fungos. Dois destes frascos serviram como controle. Os frascos foram armazenados em modo estático. A cada 5 dias de experimento era adicionado etanol 98% em dois frascos, totalizando um período de 30 dias de experimento. Após o período de 48 horas, o material foi filtrado e concentrado em rota evaporador, obtendo-se os extratos fúngicos. Este processo foi repetido por três vezes. Ao final de 30 dias, obteve-se 6 extratos. A análise foi realizada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) em um cromatógrafo Shimadzu equipado com amostrador automático e detector de arranjo de fotodiodos na região do ultravioleta e visível na faixa de 210-800 nm. Os extratos foram injetados à uma concentração de 1,5 mg/mL em coluna C18 (150mmx4,6mm de diâmetro interno, tamanho das partículas de 5μm) com uma coluna de guarda C18 (20mmx4,6mm de diâmetro interno e partículas de 5μm), em fluxo de 1mL/min. O volume injetado foi de 25μL e a temperatura da coluna foi mantida a 30°C. Foi realizado um gradiente exploratório linear, iniciando-se com MeOH/H2O 10:90 (5 min) à MeOH/H2O 90:10 (60 min). O gradiente foi retornado à concentração inicial em 5 min e mantido por mais 15 min, para o equilíbrio do sistema, antes da injeção da próxima amostra.

Resultado e discussão

Este trabalho teve como proposto, avaliar a produção de metabólito secundário de dois fungos isolado da espécie Malva, coletada na Mina do Sossego – Canaã dos Carajás-PA. Os extratos cultivados em meio sólido arroz, por um período de 30 dias, foram analisados por Cromatografia Liquida de Alta Eficiência - CLAE, Na comparação dos cromatogramas dos extratos obtidos de 5 em 5 dias da Figura 1, pode-se observar que o tempo ideal de cultivo é de 25 dias, ao se comparar com os demais cromatogramas, todos obtidos com comprimento de onda de 229 nm (A) e 226 nm (B).

Figura 1:

Comparação dos cromatogramas dos extratos obtidos com 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias de crescimento das espécies I3MC e I6MC

Conclusões

As análises dos micros extratos das espécies em estudo, possibilitou inferir que os compostos presentes, apresentam maior absorção nos comprimentos de onda de 229nm e 226nm e que o tempo ideal para realizar a crescimento é de 25 dias. A partir destes desta pré analise será realizado o cultivo em grande escala, para posteriormente isolar e identificar os compostos e realizar ensaios biológicos com os mesmos.

Agradecimentos

A CAPES pela concessão de bolsas,a FAPESPA pelo auxílio financeiro e a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará-UNIFESSPA.

Referências

AZEVEDO, J. L; Melo, I. S; Azevedo, J. L. Em Ecologia microbiana. eds.; Embrapa, 488p. 1998.

CAFÊU, M. C; SILVA G.H; TELES, H. L; BOLZANI, V. S; ARAÚJO, A. Substâncias Antifúngicas De Xylaria sp. Um Fungo Endofítico Isolado De Palicourea Marcgravii (Rubiaceae). Vol. 28, No. 6, 991-995. São Paulo Quimica Nova, 2005.

LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia hoje (Os seres vivos).1ª impressão da 1. ed. Obra em 3 v, São Paulo: Ática, p. 83-89, 2012.

OLIVEIRA, F. Q.; GOBIRA, B.; GUIMARÃES, C.; BATISTA, J.; MARIANA, B.; SOUSA, M. Spécies Vegetais Indicadas Na Odontologia. Revista Brasileira de Farmacognosia. Brazilian Journal of Pharmacognosy. 17(3): 466-476, 2007.

OLIVEIRA, M. N. Estudo químico e biológico da biomassa produzida por Pestalotiopsis guepinii associado como endofítico da espécie Virola michelli. Dissertação (Doutorado em Química dos Produtos Naturais). Universidade Federal do Pará-Belém, 2008.

STROBEL, G. A.; MILLER, R. V.; MARTINEZ-MILLER, C.; CONDRON, M. M.; Teplow, D. B.; Hess, W. M. Cryptocandin, a potent antimycotic from the Endophytic fungus Cryptosporiopsis cf. quercina. Microbiology. 17: 417-423, 1999.

ZHANG, H. W.; SONG, Y. C.; TAN, R. X. Biology and Chemistry of Endophytes. Natural Product Report. 23, 753 – 771, 2006.

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