AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DO CHÁ E DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DA ESPÉCIE Plectranthus barbatus (LAMIACEAE).
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Produtos Naturais
Autores
Teixeira Santos, C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Lopes Nolasco, N. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Porto Fernandes, E. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Cavalcante de Rezende, L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Duarte Lima, M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA)
Resumo
A espécie Plectranthus barbatus (Lamiaceae), largamente consumida no Brasil na forma de chá e, seu óleo essencial presente nas folhas e caule da espécie foram submetidos à avaliação do potencial de atividade antioxidante através do método de sequestro do radical livre DPPH. As amostras analisadas apresentaram valores de CE50=0,264μg/L, 1,468μg/L e 0,277μg/L para o chá, óleo da folha e óleo do caule respectivamente. O material analisado apresentou resultados significativos de atividade antioxidante, tornando-se importante para a continuidade de estudos.
Palavras chaves
Antioxidante; Plectranthus barbatus; DPPH
Introdução
A espécie Plectranthus barbatus (Lamiaceae), é amplamente conhecida no Brasil sob o nome de falso boldo. Geralmente é preparada na forma de infusões e decocções com finalidade de atenuar desconfortos gástricos. Algumas substâncias já foram isoladas dos extratos brutos de P. Barbatus, entre elas o ácido rosmarínico, um polifenol com propriedades antiinflamatória e antioxidante. (PORFÍRIO et al, 2010; FALÉ et al., 2009). A constituição química de seu óleo essencial também já foi reportada na literatura, tendo o α-pineno, eugenol e β- cariofileno como principais constituintes. Dados da literatura não são concordantes a respeito do constituinte majoritário do óleo essencial de P. barbatus, mas evidenciam a presença das mesmas substâncias supra citadas em sua composição química (GOVINDARAJAN et al, 2016; CAMARA et al, 2013; BANDEIRA et al, 2011). Na literatura encontram-se trabalhos que evidenciam as ações terapêuticas do extrato bruto da P. Barbatus (LUKHOBA, SIMMONS & PATON, 2006), todavia existem poucos relatos sobre a atividade da espécie na forma de chá, justamente a forma pela qual a espécie é utilizada pela população em geral. A avaliação da atividade antioxidante através do método DPPH• é largamente empregada nos laboratórios de química orgânica por ser rápido, fácil de ser implementado em laboratórios de produtos naturais e fornecer resultados concisos. A avaliação do poder antioxidante de um produto natural é decisivo para o seguimento dos estudos do potencial terapêutico de uma espécie vegetal. Este trabalho teve como objetivo avaliar o poder antioxidante do chá preparado com as folhas da espécie Plectranthus barbatus e também dos óleos essenciais obtidos das folhas e caule da mesma.
Material e métodos
Todos os solventes e reagentes utilizados foram de grau analítico. Os solventes utilizados nas análises cromatográficas foram grau HPLC. O extrato aquoso das folhas de P. barbatus foi preparado por decocção utilizando 70g de folhas frescas em 500 mL água destilada. O material permaneceu em ebulição por dez minutos a 100°C, em seguida foi filtrado, congelado em ultrafreezer (-80°C) e liofilizado para obtenção da amostra do chá. Os óleos essenciais das folhas (100g) e do caule (100g), secos previamente em estufa de circulação de ar, a 40°C durante 24 horas, foram extraídos por destilação de arraste de vapor utilizando o aparelho de Clevenger. O processo teve duração de 2 horas. A análise cromatográfica da amostra do chá de P. barbatus foi performada em cromatográfo líquido Shimadzu UFLC, com detector de diodos. As condições cromatográficas empregadas foram: coluna de C18 (15x0,46cm), fluxo do solvente 1mL/min, forno com temperatura de 40ºC, detecção nos comprimentos de onda de 254, 280, 300 e 320 nm. Na fase móvel foi empregado um gradiente binário de solventes com A: água acidificada 0,2% com ácido fórmico e B: acetonitrila, nas seguintes proporções: 0 min 30%B; 30 min 95%B; 35 min 95%B. A concentração da amostra analisada foi 1,0 mg/mL. A atividade antioxidante foi realizada seguindo a metodologia da Embrapa (RUFINO et al, 2007) com algumas modificações. O padrão empregado foi a rutina. Os resultados foram expressos na forma da concentração efetiva necessária para inibir 50% do radical DPPH•(CE50).
Resultado e discussão
A bebida liofilizada apresentou atividade antioxidante significativa (CE50 = 0,264 μg/L). Resultados importantes também foram observados nos óleos essenciais extraídos das folhas e caule. Diferenças relevantes foram observadas na análise dos óleos essencias da P. barbatus, visto que a atividade antioxidante do óleo do caule (CE50 = 0,277 μg/L) foi significativamente maior do que a atividade apresentada pelo óleo das folhas (CE50 = 1,468 μg/L). Como já foi explicitado, os trabalhos existentes na literatura divergem quanto a composição química dos óleos presentes nas partes desta espécie. Sendo necessário, portanto, a caracterização e padronização química destas amostras. A análise cromátográfica da amostra do chá das folhas da P. barbatus mostrou uma substância com pico máximo de absorção no espectro de ultravioleta na região de 320 nm. Em se tratando da amostra ser solúvel em água, sugere-se presença de polifenóis, substâncias reconhecidamente antioxidantes.
Conclusões
O chá obtido por decocção das folhas de P. barbatus apresentou um significativo poder antioxidante, justificando seu uso histórico pela população em geral. O cromatograma da amostra do chá obtido pelo CLAE revelou a presença de uma substância majoritária, que pode ser a responsável pela atividade antioxidante da amostra. A análise dos óleos essenciais indicou uma maior atividade antioxidante do óleo do caule, sugerindo este ter uma composição química diferente do óleo das folhas ou uma diferença de concentração entre seus componentes. Ademais, são necessários estudos mais aprofundados.
Agradecimentos
Agradeço ao LAPRON (Laboratório de Pesquisas de Produtos Naturais) e à UESB.
Referências
BANDEIRA, J.M.; BARBOSA, F.F.; BARBOSA, L.M.P.; RODRIGUES, I.C.S.; BACARIN, M.A.; PETERS, J.A.; BRAGA, E.J.B. Composição do óleo essencial de quatro espécies do gênero Plectranthus. Rev. Bras. Pl. Med., v.13, n.2, p.157-164, 2011. CÂMARA, C.C., NASCIMENTO, N.R., MACÊDO-FILHO, C.L., ALMEIDA, F.B., FONTELES, M.C. Antispasmodic effect of the essential oil of Plectranthus barbatus and some major constituents on the guinea-pigileum. Planta Medica, 69(12),1080-5, 2003. LUKHOBA, C.W., SIMMONS, M.S.J., PATON, A.J. Plectranthus: Areview of ethnobotanical uses. Journal of Ethnopharmacology, 103, 1-24, 2006. PORFÍRIO, S., FALÉ, P.L.V., MADEIRA, P.J.A., FLORÊNCIO, M.H., ASCENCÃO, L., SERRALHEIRO, M. L.M. Antiacetylcholinesterase and antioxidant activities of Plectranthus barbatus tea, after in vitro gastrointestinal metabolism. Food Chemistry, 122, 179–187, 2010. RUFINO, M. DO SOCORRO M., ALVES, R. E., BRITO, E.S.,DE MORAIS, S. M., SAMPAIO, C. DE G., PÉREZ-JIMÉNEZ, J., SAURA-CALIXTO, F. D. Metodologia Científica: Determinação da Atividade Antioxidante Total em Frutas pela Captura do Radical Livre DPPH. Embrapa-Comunicado Técnico online, 2007.