COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE EXTRATOS DE Psidium guinensse Sw.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Bento, C.S.O. (UFMG) ; Alcântara, A.F.C. (UFMG) ; Oliveira, P.M. (UFVJM) ; Pereira, M.T. (UFMG) ; Evangelista, F.C.G. (UFMG) ; Sabino, A.P. (UFMG) ; Pereira, N.R. (UFVJM) ; Silva, R.R. (UFVJM)

Resumo

O presente trabalho descreve a identificação dos constituintes químicos do extrato hexânico e em diclorometano da espécie Psidium guineense, pertencente ao gênero Psidium, por meio de técnicas de CG-FID, CG-EM e RMN1H, com amostras nativas georeferênciadas e documentação fotográfica da espécie in loco.

Palavras chaves

Psidium guineense; Extrato; Cromatografia Gasosa

Introdução

A espécie P. guineense (Figura 1) é composta por arbustos frutíferos (LORENZI, 2006), conhecidos popularmente no Brasil como araçá, araçá do campo ou aracaí (GORDON, 2011). Os frutos de P. guineense se diferenciam dos frutos da espécie P. guajava (goiaba) por serem menores e por apresentarem sabor exótico (GONZÁLEZ et al., 2005). P. guineense é amplamente utilizada na medicina tradicional no tratamento de doenças urinárias, diarreias, disenteria, problemas gástricos, resfriados, problemas de bronquite, infecções oportunistas HIV/AIDS cutâneas, dores de dentes e problemas na gengiva (QUIROGA et al., 2012, CHINSEMBU & HEDIMBI, 2010). Extratos das folhas e frutos da espécie mostraram atividade antimicrobiana e antifúngica (FERNANDES et al., 2012). Apesar do uso de P. guineense na medicina popular ser difundido, o número de estudos a cerca da composição química da espécie é bastante limitado. Trabalhos conduzidos em HPLC sob extrato metanólico da planta permitiram a identificação dos flavonoides mircentina, caempferol e luteonina (MALDONADO et al., 2013). Estudos realizados descrevem a composição do óleo essencial das folhas de P. guineense, sendo identificados como constituintes majoritários os terpenóides β-bisabolol (17,4%), limoneno (6,8%) e epi-α-bisabolol (6,7%) (SILVA et al., 2003). Considerando o potencial biológico da espécie e a escassez de estudos químicos, o objetivo do presente trabalho foi estudar a composição química do extrato hexânico e em diclorometano de P. guineense, de forma a contribuir para o melhor conhecimento dos constituintes de potencial terapêutico na planta.

Material e métodos

As folhas de P. guineense (Figura 1) foram coletadas na cidade de Botumirim/MG e identificadas pela botânica Cássia Michelle Cabral. A exsicata da planta (No. 5788) foi preparada no período de floração e frutificação para a identificação da espécie e está depositada no Herbário DIAM da UFVJM. O material vegetal foi seco a temperatura ambiente até peso constante, em seguida pulverizado e submetido à extração por maceração, por 72 horas em média (AQUINO NETO & NINES, 2003), com hexano seguido por diclorometano. Após evaporação dos solventes foram obtidos 5,4 g do extrato hexânico e 14,2 g do extrato em diclorometano. Parte desses extratos foram submetidos à cromatografia em coluna, por via úmida, com solventes em ordem crescente de polaridade. As frações obtidas foram analisadas por cromatografia de camada delgada comparativa e as que apresentaram um perfil cromatográfico semelhante foram reunidas. As frações foram submetidas à análise por cromatografia em fase gasosa acoplada a detector de ionização de chama (CG-DIC), para a análise quantitativa de seus constituintes e obtenção dos índices de retenção e, posteriormente, à análise por cromatografia em fase gasosa acoplada a detector de espectrometria de massas (CG-EM), para a análise qualitativa e confirmação da composição. Os compostos isolados foram identificados por RMN de 1H.

Resultado e discussão

Amostras dos extratos hexânico e em dicloromentano foram submetidas a análises por CG/DIC e CG/MS, o que permitiu verificar a predominância de hidrocarbonetos e terpenos em ambos (Figura 1). No extrato hexânico das folhas, os componentes majoritários identificados, por comparação dos índices de retenção foram: esqualeno (91,3%), trans-acetato ferruginol (5,6%), honoquiol (5,3%), vitamina E (42,8%), terpinoleno (34,4%), n-octadecanol (6,2%), estigmast-4-en-3-ona (49,0%), α-candinol (32,0%), β-bisabolol (12,5%), β-caroteno (6,1%), metil linoleato (14,2%), metil octadecanoato (10,8%), canfeno (7,9%) e homoisobaequeol (19,39%). No extrato em diclorometano, os hidrocarbonetos e terpenos majoritários identificados foram acetato de timol (6,4%), trans-acetato de totarol (3,5%), ácido cuparênico (6,4%), metil éster 10,12-tricosadinoico (4,8%), aromandreno (4,5%), geranil benzoato (7,9%), incensolo (7,5%), trans-carveol (3,1%), vellerdiol (6,5%), acetato de nerila (10,8%), columelarina (5,1%), δ-cadineno (5,8%), (E)-nerolidol (5,3%) e espatulenol (6,5%). Parte deste extrato, após submetido a fracionamento em coluna de sílica, em gradiente de polaridade, permitiu o isolamento do composto β-sitosterol. Vários dos compostos identificados têm ocorrência em óleos essenciais e aplicação cosmética, farmacêutica com atividade biológica já relatada na literatura.

Foto de P. guineense coletada na cidade de Botumirim/MG.


Cromatogramas de CG/FID de extratos diclorometano (A) e em hexânico (B) [Coluna HP5 em gradiente de temperatura 70 ºC, 0 min, 3 °C/min, 250 ºC, 10 min

Conclusões

O estudo contribuiu para identificação e caracterização de componentes do extrato hexânico e do extrato em diclorometano da espécie P. guineense, por meio de técnicas tradicionais e hifenadas de cromatografia. Do extrato em diclorometano foi possível isolar dois compostos ainda não descritos para a espécie.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq, à CAPES e à FAPEMIG.

Referências

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