Estudo de Toxicidade do Extrato Bruto Etanólico da Raiz da Centrosema bracteosum Benth (Rabo-de-Tatu) Fabaceae contra a Artemia salina Leach

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Noronha, V.C.M. (CCET/UEG) ; Araujo, N.M. (CCET/UEG) ; Picro, K.G. (CCET/UEG) ; Costa, M.B. (CCET/UEG)

Resumo

Os produtos naturais constituem uma importante fonte de compostos com potencial biológico que podem ser utilizados no desenvolvimento de novos fármacos (GUERRA; NODARI, 2010), tendo em vista a enorme diversidade estrutural, e principalmente, a presença de metabólitos especiais em sua constituição (SCHENKEL; GOSMANN; PETROVICK, 2010). Com a expectativa de continuar a contribuir para as pesquisas científicas na área de produtos naturais, este trabalho teve como foco principal a avaliação do ensaio de toxicidade dos extratos brutos etanólicos da raiz da Centrosema bracteosum (rabo-de-tatu). Estes ensaios preliminares evidenciaram uma baixa ou não toxicidade destes extratos contra a Artemia salina.

Palavras chaves

Artemia salina; Ensaio de toxicidade; Centrosema bracteosum

Introdução

A família Fabaceae (Leguminosas) é a terceira maior família de angiospermas e tem grande importância econômica devido a sua grande variedade alimentícia, medicinal, madeireira, dentre outras. Esta família é classificada em aproximadamente 36 tribos e subdivididas em 3 subfamílias bastante distintas: Papilionoideae ou Faboideae, Caesalpinioideae, Mimosideae (DOYLE, 2001; LUCKOW et. al., 2003). A subfamília Papilionideae ou Faboideae apresenta 28 tribos, 478 gêneros e 13800 espécies (LEWIS et al., 2005), com ampla distribuição geográfica, e muitas espécies de com importância econômica e farmacológica, destacando-se no Brasil a Amburana cearenses (Amburana), Dipteryx odorata (Cumaru), Myroxylon peruiferum (bálsamo), Pterodon emarginatus (Sucupira), Centrosema bracteosum (rabo-de- tatu), dentre outros. O gênero Centrosema Benth (TOZZI et al.,2016) apresenta 45 espécies, com destaque para a Centrosema pubescens e a Centrosema bracteosum, sendo que a maioria destas é encontrada em habitat aberto ou margem de mata, além de serem comuns no cerrado brasileiro (TOZZI et al.,2016). Um exemplar deste gênero é a Centrosema bracteosum, mais conhecida como rabo-de-tatu e empregada na medicina popular contra problemas estomacais (BRAZ-FILHO et al., 1994), e apesar de ser muito empregado na medicina popular, existem poucos relatos na literatura sobre o estudo químico, fitoquímico e farmacológico desta espécie. Vislumbrando mais informações farmacológicas sobre a C. bracteosum, neste trabalho foi desenvolvimento o ensaio de letalidade contra o microcrustáceo Artemia salina Leach para o monitoramento da concentração letal (CL50) no extrato bruto etanólico da raiz da C. bracteosum, pois estes ensaios apresentam-se como uma ferramenta viável, devido sua simplicidade, eficiência e rapidez.

Material e métodos

A raiz da C. bracteosum foi adquirida no mercado central em Goiânia – GO e em sequência foi triturada. Deste material foram obtidos dois extratos brutos etanólicos(EBE) a partir de duas técnicas diferentes: a extração contínua em Soxhlett e por remaceração, ambas com o emprego de etanol comercial 92º INPM(96ºGL). Para a obtenção do extrato bruto etanólico pela técnica de extração contínua(EBE-ECS) empregou-se 70,169g desta raiz triturada em 2L de solvente. Após 58 horas de extração contínua, o extrato foi concentrado e seco em evaporador rotativo. Para a obtenção do extrato bruto etanólico pela técnica de remaceração(EBE-RM) empregou-se 448,98g desta raiz triturada em 15L de solvente. Após 15 dias, o extrato foi concentrado e seco em evaporador rotativo. De cada extrato seco(EBE-ECS) e (EBE-RM) foram separados 100mg para o teste de letalidade contra a Artemia salina, foi empregado o meio de água marinha sintética (solução aquosa de sal marinho,36,5 g/L) com pH 8,39 e suplementado com extrato de leveduras. Em um funil de decantação, com sistema de aeração e iluminação artificial foi adicionado 150mL da solução salina e 100mg de ovos de Artemia salina para eclosão. Após 40horas, tempo necessário para a eclosão, o ensaio foi realizado em microplaca de poliestireno estéril de 96 poços na qual foram adicionados diferentes concentrações (1000,500,250,125,62,5,25 e 10µg/mL) de cada composto. Os náuplios foram distribuídos padronizando um total de 10±1 de indivíduos em cada poço. Foram incluídos nos ensaios controles positivos (solução salina) e de letalidade (4g/L de K2Cr2O7). Os resultados foram obtidos a partir da contagem do número de componentes vivos e mortos após 24 horas. O cálculo da CL50 foi pelo método gráfico para dose-resposta-Probit.

Resultado e discussão

Os testes em A. salina Leach definem valores da concentração letal média CL50 em μg/mL de compostos sintéticos, sendo que dezenas de substâncias ativas conhecidas apresentam toxicidade ao realizar este teste (MEYER et al., 1982). A atividade é considerada significativa quando a estimação do valor da CL50 é menor que 1000 μg/mL (STEFANELLO et al., 2006). Onde os níveis de CL50 em A. salina são: CL50 < 80 μg/mL, altamente tóxicos; entre 80μg/mL e 250 μg/mL, moderadamente tóxico; e CL50 > 25 0μg/mL, com baixa toxicidade ou não tóxico (DOLABELLA et al., 2009). Os extratos (EBE-CS) e (EBE-RM) tiveram o potencial toxicológico testado em A. salina Leach. Para o EBE-CS a CL50(µg/mL)-MED(DP) foi igual a 342,067 ppm, ou seja o teste para o extrato obtido via extração contínua apresentou uma toxicidade baixa, quando comparada aos critérios estabelecidos na literatura (DOLABELLA et al., 2009). Já o EBE-RM apresentou uma CL50(µg/mL)-MED(DP) igual a 1580,325 ppm, o que mostra uma não toxicidade, também em acordo com parâmetros estabelecidos na literatura. Entretanto, os valores de CL50 para os dois extratos provenientes da mesma raiz evidencia que a técnica usada para a obtenção destes extratos, possivelmente foi o ponto chave para explicar esta alta variação nestes valores de CL50. Podemos inferir que o aquecimento na extração contínua, que não foi empregado na remaceração, além do emprego de solvente comercial pode ter gerado artefatos que possivelmente influenciaram nestes valores. O bioensaio do controle com dicromato de potássio (K2Cr2O7) indicou que os náuplios não foram afetados pela composição da mistura com o solvente. Assim como o teste do branco, onde foi utilizada apenas a solução salina, apresentou mortalidade abaixo de 10%.

Conclusões

Os resultados indicam que os extratos, apresentaram baixa ou nenhuma toxicidade ao ensaio contra à Artemia salina Leach. O ensaio deixa clara a interferência do aquecimento em processos para a obtenção dos extratos brutos, o que pode ocasionar a formação de artefatos e mascarar o resultado deste teste. Outros ensaios específicos serão submetidos à nestes extratos, bem como a futuras frações, subfrações e produtos isolados destes extratos para uma análise mais detalhada do potencial farmacológico da C. bracteosum.

Agradecimentos

Á UEG-CCET pelo apoio e ao Programa de Concessão de Bolsas de Incentivos ao Pesquisador (PrOBIP/2016)

Referências

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