Identificação de Metabólitos Sesundários presentes na espécie vegetal Brassica napus var. oleífera
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Produtos Naturais
Autores
Becker, C.E. (UFSM) ; Turra, C. (IFFAR) ; Avila, G.I.S. (IFFAR) ; Wyrepkowski, C.C. (IFFAR) ; Adolpho, L.O. (IFFAR) ; Kulczynski, S.M. (UFSM) ; Reis, R.C.N. (IFFAR)
Resumo
Esse trabalho teve como objetivo verificar a presença de metabólitos secundários na raiz e parte aérea de Brassica napus var. oleífera (canola), utilizando os testes fitoquímicos apropriados para identificação de flavonoides, saponinas, esteroides/triterpenóides, taninos e alcalóides. Foram realizados testes dos extratos etanólicos e das frações metanólica e hexânica, utilizando reagentes específicos para cada classe de substâncias. Os resultados referentes aos metabólitos secundários testados nos extratos da parte aérea e da raiz da canola apresentaram grande diversidade de metabólitos, pois observou-se presença de todas classes testadas, especialmente flavonoides e alcaloides. Os testes sinalizam que a parte aérea da canola tem melhor potencial fitoterápico que a raiz da planta.
Palavras chaves
metabólitos secundários; canola; parte aérea
Introdução
Devido a grande variedade e complexidade de constituintes químicos é importante conhecer os extratos de plantas fitoterápicas. Alguns desses extratos podem apresentar efeitos terapêuticos, efeitos tóxicos dependendo de sua concentração, ou ainda não possuir nenhuma atividade. O estudo desses constituintes químicos é importante, pois possibilita o conhecimento e evolução do estudo sistemático das plantas, sendo aliada a descoberta de novos metabólitos bioativos. No Brasil, essa grande diversidade de plantas com potencial terapêutico, estimula os pesquisadores no estudo de suas possíveis ações terapêuticas, bem como ações tóxicas, a fim de produzir medicamentos com garantia de eficácia e segurança. Pesquisadores da área de produtos naturais mostram-se impressionados pelo fato desses produtos encontrados na natureza revelarem uma gama quase inacreditável de diversidade, em termos de estrutura e de propriedades físico-químicas e biológicas (WALL; WANI, 1996). Diversos estudos já demonstraram que as Brássicas em geral produzem glicosinolatos que, degradados pela enzima mirosinase originam dentre outros compostos os isotiocianatos, que são derivados de enxofre e que apresentam atividade biocida (ZASADA; FERRIS, 2003). Sarwar (1998) analisaram diferentes espécies de Brássicas e caracterizaram seus compostos químicos, elucidando grupos alifáticos, aromáticos e a substâncias indol, além das espécies que apresentavam maior quantidade de glicosinolatos. Isso justifica o estudo da espécie Brassica napus var. oleífera, com o objetivo de contribuir na ampliação dos conhecimentos da composição química da espécie, e de suas possíveis atividades biológicas.
Material e métodos
A espécie foi semeada em maio de 2016, observando seu zoneamento agroclimático. Durante o cultivo não foram realizadas aplicações de substâncias químicas. Conforme florescia, era destacada do solo, lavada em água corrente e separado as raízes, a parte aérea e as flores e colocadas em estufa a 65˚C. Então, eram trituradas em um moedor obtendo-se o pó de cada parte da planta. A triagem fitoquímica das plantas coletadas foi realizada pela metodologia da Prospecção Preliminar, realizando testes para as classes de metabólitos de taninos, saponinas, alcalóides, terpenos, flavonóides, esteróides e triterpenóides. Foram realizados testes da parte aérea e raiz dos extratos etanólicos e das frações metanólica e hexânica, utilizando reagentes específicos para cada classe de substâncias pesquisada. Os testes foram considerados positivos por coloração e/ou formação de precipitado.
Resultado e discussão
Na Tabela 1 são apresentados os resultados dos metabólitos secundários
analisados na espécie B. napus. A fração hexânica apresentou resultado positivo
somente para esteroides e alcaloides. Já a fração metanólica foi o que
apresentou a maior quantidade de metabólitos, sendo positivo para todos
testados, com exceção dos taninos. Em relação à raiz da planta, o extrato
etanólico mostrou-se positivo para flavonoides e alcaloides. Isso indica a
possibilidade desta planta apresentar boa atividade biológica. Com base nos
resultados apresentados, é possível prever ou sugerir para que fim
utilizar as plantas para tratamento medicinal ou aprimoramento da medicina.
Os alcaloides apresentam atividade antitumoral, antiplasmódica,
antimicrobiana e antibacteriana consistentes. Dentre essas atividades
biológicas, a mais representativa é a citotóxica, que tem sido demonstrada
frente a diferentes linhagens de células tumorais (SAKAMOTO-HOJO et al.,
1988). Os flavonóides apresentam propriedades farmacológicas, tais como
atividades antibacteriana, antiinflamatória, antioxidante, hipolipidêmica e
outras (NEWALL, 1996). A presença de taninos nas plantas, pode indicar um
potencial antibacteriano, ação sobre protozoários, na reparação de tecidos,
regulação enzimática e protéica, entre outros. Estes efeitos dependem da
dose, do tipo de tanino ingerido e do período de ingestão. As saponinas,
glicosídeos de esteróides e terpenos são empregados farmaceuticamente como
expectorantes e diuréticos. Ainda há evidências das saponinas nas atividades
antiinflamatórias, anti-helmínticas e antivirais, além das atividades sobre
membranas celulares, relacionando sua ação hemolítica, ictiotóxica e
molusquicida (SIMÕES et al., 2000).
Testes de prospecção fitoquímica das partes aéreas e raiz de Brassica napus.
Conclusões
Os testes fitoquímicos realizados indicaram que a espécie Brassica napus possui todas as classes de metabólitos secundários testados. A parte aérea da Canola possivelmente apresenta um melhor potencial fitoterápico que a raiz da planta, pois possui uma diversidade maior de metabólitos. Mas destaca-se que na raiz foi detectada a presença de alcaloides em todas as frações testadas. É factível a realização de mais estudos a fim de identificar possíveis atividades biológicas tanto da parte aérea quanto da raiz desta planta.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal Farroupilha pelo apoio financeiro. À CAPES, pela concessão da bolsa de mestrado.
Referências
NEWALL, C. A.; ANDERSON, L. A.; PHILLIPSON, D. J.; Herbal Medicines: A Guide for Health-care Professionals, The Pharmaceutical Press: Londres, 1996.
SAKAMOTO-HOJO, E. T.; TAKAHASHI, C. S.; FERRARI, I.; MOTIDONE, M.; Mutation Research - Genetic Toxicology and Environmental. 1988, 1, 11.
SARWAR, M. et al. Biofumigation potential of brassicas. Plant and Soil, v. 201, n. 1, p. 103-112, 1998.
SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento.2. ed. UFSC, 2000. WALL, M.E.; WANI, M.C. Camptothecin and taxol: from discovery to clinic. J. of Ethnopharmacol., 51, p.239-254, 1996.
ZASADA, I. A.; FERRIS, H. Sensitivity of Meloidogyne javanica and Tylenchulus semipenetrans to isothiocyanates in laboratory assays. Phytopathology, v. 93, n. 6, p. 747-750, 2003.