Analise do potencial bioativo: Fenóis e Flavonoides de amostras de pólen apícola da região nordeste

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Farias, R.A. (UECE) ; Liberato, M.C.T.C. (UECE) ; Aguiar, G.M. (UECE) ; Targino, K.O. (UECE) ; Lima, P.R.S. (UECE) ; Cipriano, E.B. (UECE)

Resumo

Os produtos apícolas pólen, mel e própolis têm recebido destaque entre pesquisadores devido as suas propriedades biológicas de interesse médico-farmacêutico, tais como atividade antibacteriana, anti-inflamatória e anticariogênica. Na alimentação humana, o pólen é utilizado como suplemento alimentar, na colmeia, é o alimento de subsistência das abelhas. Acredita-se que sua ação biológica provenha da presença de compostos fenólicos como os ácidos fenólicos e os flavonoides. Portanto, o objetivo deste trabalho foi analisar o potencial dos compostos bioativos fenóis e flavonoides em amostras de pólen apícola nordestino, visto que, estes compostos possuem ação antioxidante. Os fenóis totais apresentaram valores variantes entre 23,41 e 36,46 mg EAG/g e para flavonoides entre 2,82 e 6,66 mgEQ/g.

Palavras chaves

polén apícola; nordeste; potencial bioativo

Introdução

O pólen é o gameta masculino das plantas. Ele é um pó fino e colorido existente nas flores (HERVATIN, 2009; ALMEIDA, 2003) que é coletado das plantas, pelas abelhas, sendo transportado nas patas, recebe a ensalivação, onde é enriquecido com enzimas e vitaminas, sendo desta maneira, estocado nos alvéolos dos favos, passando a ser chamado “pão das abelhas” (LENGLER, 2002). Na nutrição humana o pólen vem sendo utilizado como alimento alternativo e/ou suplemento alimentar (REBELO, 2011). O pólen apresenta ação biológica devido à presença de carotenoides e de compostos fenólicos, tais como flavonoides, ácidos fenólicos e diterpenos fenólicos, que dentre outras propriedades biológicas possuem ação antioxidante (MENEZES, 2009). O pólen contém muitos componentes ativos incluindo os flavonoides, enzimas, hormônios e ácido nucleico. Os níveis de flavonas são de 2.549,9 mg/100g de pólen, estes compostos possuem a função de prevenir a arteriosclerose, diminuir os níveis de colesterol, aliviar a dor e proteger de radiações (LENGLER, 2002). Os compostos fenólicos presentes no pólen apícola são principalmente flavonoides glicosilados e ácidos hidroxicinâmicos com destaque para os flavonoides que são os principais fitoquímicos presentes no pólen apícola (ARAUJO, 2014;ROCHA, 2013). Os compostos fenólicos são fitoquímicos que apresentam grande interesse nutricional por contribuir para a saúde humana. As substâncias fenólicas também contribuem nas propriedades sensoriais (cor, aroma, adstringência) de frutas, mel, bebidas e vegetais. Essas substâncias são metabólitos especiais de plantas e estão, geralmente, envolvidos na defesa contra radiação UV ou agressão por patógenos (LIANDA, 2009;VIEIRA, 2011).

Material e métodos

Foram analisadas cinco amostras de pólen apícola provenientes dos estados do Ceará, Piauí e Sergipe adquiridas no período de 2015 a 2016, ao qual, foram acondicionadas em frascos devidamente identificados e conservados sobre refrigeração. As análises realizaram-se no Laboratório de Bioquímica e Biotecnologia (LABBIOTEC) e no Laboratório de Química de Produtos Naturais (LQPN) da Universidade Estadual do Ceará. As amostras de pólen desidratado foram analisadas, sendo elas, três de florada heterofloral provenientes do estado Ceará (AH-CE) e Sergipe (AH-SE) e duas monoflorais coletadas nos estados do Ceará (AM-CE) e Piauí (AM-PI). Realizaram-se os testes de flavonoides e fenóis totais a partir de extratos etanólicos de pólen apícola (EEP). Os extratos foram preparados a partir de 2g de pólen com álcool etílico 70%. A concentração de flavonoides foi determinada conforme método descrito por Park et al. (1995), com algumas modificações e a leitura realizou-se em espectrofotômetro a 415nm. O resultado foi aplicado a uma curva analítica com quercetina e expressos em mg EQ/g de pólen apícola (CARPES et al, 2008). Para fenóis totais, usou-se o método de Folin-Ciocalteau (SINGLETON; JOSEPH; ROSSI 1965) e as amostras foram medidas em espectrofotômetro à 760nm. Utilizou-se uma curva de calibração com ácido gálico como padrão de referência e os resultados foram expressos em mg EAG/g de pólen.

Resultado e discussão

Os resultados foram tratados estatisticamente há uma significância de 99% a partir do teste t de Student, todas as amostras apresentaram o mesmo valor de flavonoides levando em consideração a média da concentração de todas as triplicatas como média da população. A amostra heterofloral cearense (AH-CE 4) apresentou entre todas os polens analisados a maior concentração de flavonoides com 6,66 mgEQ/g (tabela 1). Liberato et al (2009) ao analisar pólen apícola de Apis mellifera da região do Trairi no estado do Ceará encontrou uma média de 7,30 mg EQ/g para os flavonoides totais, valor superior aos obtidos neste trabalho, 3,69 mg EQ/g. A diferença significativa pode estar relacionada ao tipo polínicos das amostras e a época em que foram colhidas. Há um nível de confiança de 99%, todas as amostras apresentaram a mesma concentração de compostos fenólicos totais. Enquanto que, a amostra com maior concentração dentre todas foi a do estado do Piauí (AM-PI 3) com 36,46 mg EAG/g (tabela 1). No mesmo estudo de Liberato et al (2009) as amostras de pólen cearense apresentaram um valor médio de fenóis totais de 18,43 mg EAG/g . O valor médio para fenóis neste trabalho foi de 31,25 mg EAG/g, valor este, superior aos obtidos por Liberato.

Teor de Flavonoides (TF) e Teor de Fenóis Totais (TFT), em amostras de polens da região Nordeste

Conclusões

A partir desta analise verificou-se a presença de compostos polifenólicos como os flavonoides nas amostras de pólen apícola nordestino, que podem apresentar ação antioxidante e sequestradores de radicais livres que atuam no combate a doenças prejudiciais a saúde humana ajudando a preveni-las.

Agradecimentos

UECE, LQPN e FUNCAP

Referências

ALMEIDA, D. de. Plantas visitadas por abelhas e polinização. 40 p.Divisão de Biblioteca e Documentação, ESALQ- USP , (Série Produtor Rural, Edição Especial), 2003.
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BOROSKI, M et al. Antioxidantes: princípios e métodos analíticos. 1ª Ed – Curitiba: Appris, 2015.
CARPES, S. T. Estudo das características físico-químicas e biológicas do pólen apícola de Apis mellifera L. da região Sul do Brasil. 2008. 245f. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.
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