Extração de óleo essencial de sete capotes e avaliação das suas propriedades físico-químicas
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Produtos Naturais
Autores
Lobo, V. (UTFPR) ; Bastian, L.F. (UTFPR) ; Machado, C. (UTFPR) ; Rosa, M. (UNIOESTE)
Resumo
Óleos essenciais são compostos aromáticos voláteis, que podem ser extraídos de raízes, caules, folhas, frutos ou flores de plantas aromáticas. A extração do óleo essencial em estudo foi obtido dos frutos da planta Sete Capotes (Campomanesia guazumifolia) pelo método de Clevenger. O objetivo foi avaliar as propriedades físico-químicas e a composição do óleo essencial. O rendimento do óleo obtido foi de 0,4 %, o qual foi extraído das frutas maduras. As propriedades determinadas foram: índice de refração de 69; densidade de 0,84 g L-1, com uso de tubo capilar de 20 µL; atividade antioxidante, pelo método Folin-Ciocalteau, o óleo possui 6,17 µg de ácido gálico por mg de óleo. Na determinação da composição química do óleo, determinou-se que é rico em α-pinene e β-pinene.
Palavras chaves
produto natural; composição química; Campomanesia guazumifolia
Introdução
As plantas condimentares e aromáticas além de obter fragrância característica possuem ainda o óleo essencial, o qual é produzido a partir do metabolismo secundário, sendo este, usado como principal função, pelas hortaliças como defesa contra insetos. Estes óleos essenciais por apresentarem uma composição complexa, podem apresentar atividade antioxidante e antibacteriana, acabando por estimular o interesse de indústrias alimentícias, farmacêuticas e cosméticas [1]. A Sete Capotes é uma importante árvore frutífera, com frutos doces, comestíveis e apreciados pelo homem e pela fauna. Na indústria de alimentos, podem ser aproveitados em doces e possivelmente na elaboração de sucos e sorvetes. Na medicina popular as folhas da C. Guazumifolia são indicadas para uso interno (infusão e decocção) por suas propriedades adstringentes no tratamento de diarreia [2]. O presente trabalho tem como objetivo avaliar as propriedades físicas e químicas do óleo essencial extraído da fruta de Sete Capotes, e a determinação da sua composição química.
Material e métodos
Obtenção dos frutos. Para realização do experimento foram utilizadas amostras dos frutos maduros da Sete Capotes (Campomanesia guazumifolia), obtidas na cidade de Toledo-PR, colhidos entre 07:00 e 08:00 a.m.. Após passaram por um processo de limpeza com água e posteriormente armazenadas sob refrigeração para uso in natura. Obtenção do óleo essencial. Para extração do óleo essencial, utilizou-se o método de hidrodestilação em aparelho Clevenger, com auxílio de um banho termostático e manta térmica, onde a mistura de água:álcool 50:50 contida no banho estava a 0ºC e a manta na temperatura constante de 100ºC. Utilizou-se aproximadamente 250g de planta para 1,5L de água destilada. A extração aconteceu por 3 horas, obtendo óleo essencial transparente. Determinou-se o rendimento de extração, comparando a massa de planta utilizada pela massa de óleo obtida. Análises físico-químicas. A determinação da densidade do óleo essencial foi realizada a 20ºC com um tubo capilar de 20µL, e a 20ºC o índice de refração foi determinado em refratômetro [3]. Atividade antioxidante: Realizou-se a quantificação de compostos fenólicos segundo a metodologia descrita por Rufino [4], utilizando o reagente Folin-Ciocalteau. Método o qual, envolve a redução do reagente pelos compostos fenólicos das amostras com formação de um complexo azul cuja intensidade aumenta linearmente, a 760 nm. O resultado foi obtido medindo-se a absorbância da solução em espectrofotômetro. Composição química. Analisou-se a composição do óleo essencial em CG-MS Agilent 5977A, em um sistema Agilent, com coluna capilar de sílica fundida (30m x 0,35 mm x 0,25 µm) [5]. Os componentes do óleo foram identificados por comparação entre os espectros na biblioteca espectral do sistema e retenção linear de índices de massa.
Resultado e discussão
A porcentagem de rendimento obtido na extração do óleo essencial dos frutos da Sete Capotes foi de 0,4 % ± 0,09.
A média da densidade do óleo essencial de Sete capotes foi de 0,84g L-1. O índice de refração foi de 69, indicando que a velocidade da luz no vácuo é 69 vezes maior que neste meio [6]. Essas propriedades mostram que a característica do óleo está dentro do esperado para um óleo essencial.
A quantidade de compostos fenólicos está relacionada à capacidade antioxidante do óleo [7]. A curva padrão de ácido gálico está relacionada à concentração de ácido gálico (µg ml-1) com a média das absorvâncias das triplicatas de cada concentração utilizada de óleo (Figura 1).
O coeficiente de correlação linear (R²), obtido na curva de calibração, foi de 0,9901 demonstrando boa linearidade [8]. A média da concentração de compostos fenólicos e o desvio padrão foram de 6,17 EAG/mg ± 0,06. Os compostos fenólicos são encontrados nas plantas na forma livre ou ainda podem ser encontrados ligados a açucares, a ésteres, a amidos ou a hidroxilas. Assim, dependendo do tipo de açúcar ligado, muitos parâmetros podem influenciar na eficiência da extração do composto e também na sua identificação e determinação físico-química [9].
A análise de CG-MS do óleo (Figura 2) apresentou composição química de 28 componentes identificados em 25 minutos de corrida. Verificaou-se que é rico em α-pinene (majoritário, 75,081%), mas ainda possui β-pinene (2,449%), D-limonene (3,793%), terpinolene (1,246%), α-terpineol (2,193%), copaeno (4,490%) e α-cadieno (3,457%). Os 7,291% restantes é composto pelos compostos minoritários e não identificados. Os compostos foram identificados de acordo com a biblioteca do equipamento utilizado na análise (biblioteca Agilent).
Curva de calibração do ácido gálico para determinação da atividade antioxidante do óleo essencial da fruta sete capote.
Determinação da composição química do óleo essencial de sete capotes pela técnica de CG/MS.
Conclusões
Diante das análises realizadas, conclui-se que é eficiente extrair óleo essencial dos frutos in natura de sete capotes pelo método de hidrodestilação por Clevenger. De acordo com a literatura, o α-pinene e β-pinene, isômeros ópticos e majoritários no óleo, apresentam atividade antimicrobiana considerável. O óleo apresenta baixa capacidade antioxidante de acordo com a análise de compostos fenólicos. É visto a importância da continuidade do trabalho para resultados significativos, ressaltando o enriquecimento do conteúdo disponível sobre o óleo essencial de sete capotes.
Agradecimentos
À Fundação Araucária, pelo apoio financeiro; À UTFPR.
Referências
[1] SINSEN, Vanessa L. Estudo da Composição e Rendimento do extrato e do óleo essencial de folhas de Louro (laurusnobilisl) com diferentes tempos de secagem. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (Curso de Graduação em Tecnologia em Processos Químicos). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Toledo. 2012.
[2] CARVALHO, P. E. R., Sete-Capotes (Campomanesia guazumifolia). Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/especies_arboreas_brasileiras/arvore/CONT000fu1i7dcd02wyiv807nyi6spx1av9i.html>. Acesso em agosto de 2016.
[3] FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 5ª edição, p.86-87, v. 01. Brasília, 2010.
[4] RUFINO, Maria do S. M.; et al. Metodologia Científica: Determinação da atividade antioxidante total em frutas pela captura do radical livre DPPH. Comunicado Técnico online. ISSN 1679-6535. Jul., Fortaleza – CE, 2007.
[5] SANTOS, A. Comparação da composição química do óleo essencial e dos diferentes extratos obtidos das folhas e do talo do salsão (Apium graveolens L). 2013. 54f. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (Curso de Tecnologia em Processos Químicos). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Toledo. 2013.
[6] SILVA, D.C.M. Índice de refração. Disponível em <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/indice-refracao.htm>. Acesso em agosto de 2016.
[7] CHEUNG, L. M.; CHEUNG, P. C. K.; OOI, V. E. C. Antioxidant activity and total phenolics of edible mushroom extracts. Food Chemistry, v. 80, n. 2. p. 249–255, 2003.
[8] CRUZ, Ana Paula Gil. Avaliação do efeito da extração e da microfiltração do açaí sobre sua composição e atividade antioxidante. 2008. 88f. Dissertação. (Mestrado em Bioquímica) – Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2008. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/37387/1/TS-0752.pdf>. Acesso em: 03 de novembro de 2014.
[9] RIBANI R. H. Compostos fenólicos em erva-mate e frutas. 2006. Tese (Doutorado em Engenharia de Alimentos), Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.