Identificação de Metabólitos Secundários presentes em espécies vegetais

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Wyrepkowski, C.C. (IFFAR) ; Kafer, G.A. (IFFAR) ; Adolpho, L.O. (IFFAR) ; Bohn, L.G. (IFFAR) ; Samborski, T. (IFFAR) ; Reis, R.C.N. (IFFAR)

Resumo

Este trabalho teve como objetivo realizar testes fitoquímicos em espécies vegetais medicinais da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Cascas, folhas e raízes de 12 plantas foram coletadas e a triagem fitoquímica das plantas foi realizada pela metodologia da Prospecção Preliminar, realizando testes para as classes de metabólitos. O extrato de cada espécie foi obtido com etanol 95% e os testes realizados com o extrato e com as frações aquosa e hexânica, utilizando reagentes específicos para cada classe de substâncias. Os testes foram considerados positivos por coloração e/ou formação de precipitado. Taninos, saponinas e alcalóides foram encontrados na maioria das espécies. Estes metabólitos podem sinalizar preliminarmente as possíveis atividades das plantas medicinais.

Palavras chaves

triagem fitoquímica; plantas medicinais; taninos

Introdução

As plantas medicinais alcançaram um papel significativo no sistema de saúde em todo o mundo como potencial fonte de recursos terapêuticos, tanto para seres humanos quanto para animais. (SINGH; RAGHAV, 2012). O Brasil é um país com grande biodiversidade que conta com um acúmulo considerável de conhecimentos e tecnologias, entre os quais se destaca o acervo de saberes sobre o manejo e utilização de plantas medicinais. A recorrência às plantas com finalidade terapêutica vem se intensificando nos últimos anos devido ao seu importante potencial como uma forma alternativa ou complementar aos tratamentos da medicina tradicional (DORIGONI, et al. 2001).Vários estudos de plantas medicinais do Brasil que tratam especialmente da extração, isolamento, identificação, quantificação e atividades biológicas de metabólitos secundários de várias espécies têm sido realizados (SANTOS, et al., 2001; ZANUTTO, et al., 2013). Substâncias de origem vegetal, pertencentes às mais diversas classes químicas, possuem várias atividades farmacológicas comprovadas cientificamente. Destacam-se terpenos, taninos, alcalóides, lignanas, saponinas, cumarinas e flavonóides. Os grupos fenólicos são considerados mais importantes e diversificados entre os produtos de origem natural. Essa classe de metabólitos secundários é amplamente distribuída no reino vegetal. São encontrados em frutas, vegetais, sementes, cascas, raízes, talos e flores. A presente trabalho teve como objetivo realizar testes fitoquímicos qualitativos em plantas medicinais da região noroeste do RS, coletar e conhecer plantas medicinais da região de estudo e pesquisar a presença de taninos, saponinas, flavonóides, alcalóides, terpenos, esteróides/triterpenóides, através de técnicas possíveis.

Material e métodos

O material botânico foi coletado e a identificação da espécie foi realizada com auxílio de bibliografias especializadas e chaves de identificação. As coletas das doze espécies de vegetais ocorreram nos municípios de Santo Augusto, Santo Cristo e Coronel Bicaco. O material vegetal coletado foi colocado em uma estufa de ar seco circulante a temperatura de 50°C, por 72 horas. Em seguida triturou-se o material usando um liquidificador. Os extratos foram preparados a partir do material obtido na moagem. A maceração foi feita em béqueres onde o material vegetal é suspenso em etanol 95% seguindo a proporção de 10 g de material seco para 50 mL de solvente, levados a banho-maria, agitando-os frequentemente durante 15 minutos a uma temperatura de 60 °C e filtrado a quente. Assim obteve-se o extrato que teve as concentrações ajustadas para facilitar o processo de análise. A partir do extrato foram obtidas duas frações por meio de partição entre solvente orgânico (fração hexânica) e água (fração aquosa). A triagem fitoquímica foi realizada pela metodologia da Prospecção Preliminar, realizando testes para as classes de metabólitos de taninos, saponinas, alcalóides, terpenos, flavonóides, esteróides e triterpenóides. Os testes foram considerados positivos por reações de precipitações, coloração e formação de precipitado, de acordo com metodologia descrita por Silva, Miranda e Conceição (2010).

Resultado e discussão

As espécies vegetais coletadas e analisadas foram: angico vermelho (Parapiptadenia rígida), carqueja (Maytenus ilicifolia), chapéu de couro (Echinodorus grandiflorus), cobrina (Tabernaemontana catharinensis), corticeira (Erythrina cristagalli), douradinha (Waltheria sp.), espinilho (Aiouea brasiliensis), espinheira santa (Maytenus ilicifolia), pata de vaca (Bauhinia fortificata), quebra pedra (Phyllantus sp.), urtigão (Urera baccifera) e tansagem (Plantago sp.). Os extratos das espécies e as frações (aquosa e hexânica) foram submetidas aos testes fitoquímicos para a identificação de metabólitos secundários. Com o fracionamento do extrato percebeu-se que os metabólitos podem estar presentes nas frações e que pela concentração baixa podem não serem detectados nos extratos. Na tabela 1 estão discriminados os resultados encontrados para esteróides/triterpenóides, flavonóides, taninos, saponinas e alcalóides. Comparando-se os resultados e o fim para que as plantas são utilizadas no cotidiano das pessoas, não ocorre alta discrepância do “saber popular” com a real função de uma planta medicinal comprovada cientificamente, porém é importante saber sobre tais plantas (composição e quantidade ingerida) antes de sua utilização. Através do histórico do uso da fitoterapia, destaca-se a importância do conhecimento popular e a necessidade de um envolvimento científico para melhor aplicabilidade e uso das plantas medicinais e da biodiversidade. O grande uso de medicamentos à base de plantas medicinais e o próprio conhecimento popular traz consigo a necessidade de pesquisas para o esclarecimento e confirmação de informações sobre as ações das plantas, visando a minimização de efeitos colaterais e toxicológicos, haja vista esse uso deve ser confiável e seguro. (FIRMO et al., 2011).

Tabela 1.

Resultados dos testes fitoquímicos dos metabólitos secundários das espécies coletadas na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul.

Conclusões

O estudo de plantas utilizadas como medicinais na região Noroeste do RS permitiu identificar esteróides/triterpenóides, flavonóides, taninos, saponinas e alcalóides em doze espécies de vegetais analisadas. Taninos, saponinas e alcalóides foram detectados na maioria das espécies. Destaca-se as espécies Aiouea brasiliensis e Phyllantus sp. que apresentaram todas as classes de metabólitos. As análises fitoquímicas fornecem informações relevantes à cerca da presença de metabólitos secundários nas plantas, sendo assim factível a ampliação e incentivo de estudos sobre as mesmas.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal Farroupilha - Campus Santo Augusto, pelo apoio financeiro.

Referências

DORIGONI, P. A. et al. Levantamento de dados sobre plantas medicinais de uso popular no município de São João do Polêsine, RS, Brasil. I – Relação entre enfermidades e espécies utilizadas. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 4, n. 1, p. 69-79, 2001.
FIRMO, W. C. A. et al. Contexto Histórico, uso popular e concepção científica sobre plantas medicinais. Cadernos de Pesquisa, São Luís, v. 18, n. especial, 2011.
SANTOS, L. C. et al. Xanthones and flavonoids from Leiothrix cuvifolia and Leiothrix flavescens. Phytochemistry, v. 56, p. 853-856, 2001.
SILVA, N. L. A. MIRANDA, F. A. A. CONCEIÇÃO, G. M. Triagem fitoquímica de plantas de Cerrado, da área de Proteção Ambiental Municipal do Inhamum, Caxias, Maranhão. Scientia Plena, v. 6, n. 2, p. 1-17, 2010.
SINGH, V.; RAGHAV, P. K. Review on pharmacological properties of Caesalpinia bonduc L. International Journal of Medicinal and Aromatic Plants, v. 2, n. 3, p. 514-530, 2012.
ZANUTTO, F. V. et al. Characterization of flavonoids and naphthopyranones in methanol extracts of Paepalanthus chiquitensis Herzog by HPLC-ESI-IT-MSn and their mutagenic activity. Molecules, v. 18, p. 244-262, 2013.

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