CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E ANÁLISE TÉRMICA DO ÓLEO DA SEMENTE DE MORINGA OLEIFERA.
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Produtos Naturais
Autores
Carvalho, G.C. (UFRN) ; Moura, M.F.V. (UFRN) ; Rocha, Z.M.S. (UFRN) ; Barros, T.M. (UFRN) ; Gomes, J.L.G. (UFRN) ; Cavalcante, L.S.S.R. (UFRN)
Resumo
Neste trabalho procedeu-se à determinação de alguns parâmetros utilizados no controle de qualidade de óleos vegetais. No índice de peróxido obteve-se um resultado de 19,33 meq/Kg sendo considerado elevado, pois o limite para esse parâmetro segundo a ANVISA é de 10 meq/Kg. Os demais parâmetros físico- químicos apresentaram valores compatíveis com a literatura. Na análise térmica as curvas TG e DSC obteve-se as temperaturas de decomposição do óleo da Moringa. Na TG o óleo apresentou estabilidade térmica até aproximadamente 200ºC e a partir dessa temperatura observou-se o início de sua degradação. E a DSC observou-se três eventos, mas dois eventos ocorreram simultaneamente de maneira que não foi possível separá-los e se considerou como sendo dois eventos exotérmicos.
Palavras chaves
Moringa oleifera; Controle de Qualidade; Óleo Vegetal
Introdução
Moringa oleifera (família Moringaceae), é uma árvore folhagem perene, amplamente cultivada devido à sua alta adaptabilidade às condições climáticas e aos solos secos [OKUDA et al., 2001]. O óleo de moringa é utilizado em perfumes e loções para a pele [MAHMOOD et al., 2010], iluminação e lubrificação [ANWAR et al., 2006], em cosméticos e usos medicinais [ANWAR et al., 2006], atividades antifúngicas [CHUANG et al., 2007] e, ultimamente, como potencial candidato para produção biodiesel [PALAFOX et al., 2012]. A qualidade dos óleos vegetais é caracterizada por vários parâmetros físicos e químicos que dependem de várias condições, tais como: fonte do óleo, origens geográficas, condições climáticas e agronômicas de crescimento, bem como condições de processamento e armazenamento. Assim, os critérios de garantia de qualidade dependem em parte do tipo de óleo sob investigação, bem como de outros fatores que podem variar dependendo do uso pretendido e dos regulamentos que variam de país para país [FAO and WHO, 1970; LAWSON, 1985; ROSSELL et al., 1994]. O presente trabalho determinou alguns parâmetros utilizados no controle de qualidade de óleos vegetais (índice de acidez, o índice de saponificação, índice de peróxido, índice de iodo, índice de refração, densidade e viscosidade) e analisou o perfil da curva termogravimétrica do óleo da semente da Moringa oleifera, a fim de avaliar a qualidade do óleo.
Material e métodos
O óleo de Moringa oleífera foi fornecido pela empresa Plantus Indústria e Comércio de Óleos, Extratos e Saneantes Ltda, que é uma empresa especializada na obtenção e processamento de óleos vegetais para fins cosméticos. A amostra foi submetida à caracterização sem nenhum processamento prévio. Os procedimentos para caracterização do óleo de Moringa oleífera foram efetuados de acordo com o Manual de Métodos Físico Químicos do Instituto Adolfo Lutz, que por sua vez, são baseados nos métodos da AMERICAN OIL CHEMISTS' SOCIETY (AOCS). Foram avaliadas as seguintes propriedades: índice de acidez, índice de saponificação, índice de peróxido, índice de iodo, índice de refração, viscosidade e densidade relativa. Todas as análises físico-químicas foram realizadas em triplicatas. Os ensaios da análise térmica foram conduzidos utilizando-se 4 mg da amostra de óleo. O aparelho utilizado na determinação da densidade foi o da Rudolph Research Analytical, do modelo DDM 2910. A determinação foi feita numa temperatura de 20 ºC. A viscosidade foi medida utilizando um Reômetro Haake Mars da Thermo, com sensor do tipo cilindros coaxiais, de modelo DG41Ti e um controlador de temperatura do tipo DC50 acoplado ao equipamento. As medidas foram realizadas a temperatura de 20°C, e com taxa de cisalhamento variando de 1 a 50 1/s. Utilizou-se uma termobalança modelo SDTQ600 da TA Instruments a uma razão de aquecimento de 10° C/min, variando-se a temperatura em uma faixa que foi da ambiente a 800° C, sob atmosfera de ar sintético e cadinho α-alumina para obtenção da curvas Termogravimétrica (TG), Derivada da curva Termogravimétrica (DTG), e da Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), com o auxílio do software TA Universal Analysis.
Resultado e discussão
O óleo de moringa apresentou I.A. igual a 0,40 mg NaOH/g, estando dentro dos
padrões permitidos pela ANVISA (2005). O I.S. determinado nesse trabalho foi
de 226,27 mg KOH / 1 g da amostra. O I.P. igual a 19,33 meq/Kg determinado
no óleo de moringa é um valor acima do permitido para os níveis de peróxidos
pela ANVISA (2005). O I.I. foi de 102,84 g de I2/100 g. O índice de Refração
observado para o óleo da Moringa na temperatura de 25°C foi de 1,483. A
densidade determinada foi de 0,9194 g/cm³ e valor da viscosidade foi de
86,60 mPa.s. Na curva TG/DTG do óleo de moringa (Figura 1) é possível
observar que apresentou três eventos térmicos e apresentou uma estabilidade
térmica até aproximadamente 200 ºC. A partir desta temperatura observou-se o
início da degradação térmica com o primeiro evento ocorrendo num intervalo
de temperatura de 244a 410ºC, sendo este, o maior evento observado com perda
de 66,00% da massa inicial da amostra. O segundo evento apresentou uma perda
de massa de 12,71%, num intervalo de temperatura de 410 a 463ºC, e o último
evento ocorreu num intervalo de temperatura que vai de 464 a 520ºC
apresentando uma perda de massa igual a 20,67%. As curvas de TG/DSC (Figura
2) possibilitaram medir as entalpias ocorridas no processo de decomposição
térmica do óleo. Observou-se três eventos, mas dois eventos ocorreram
simultaneamente de maneira que não foi possível separá-los e foi considerado
como sendo dois eventos exotérmicos. O primeiro ocorreu no intervalo de
temperatura de 221 a 286 ºC, no qual a entalpia de decomposição foi de 3.252
J/g, com perda de massa de 66%. O segundo evento ocorreu no intervalo de
temperatura de 435 a 495 ºC, sendo este o maior evento observado, com
entalpia de decomposição de 4.074 J/g e perda de massa em torno de 33,38%.
Conclusões
O índice de peróxido obtido está acima dos valores considerados normais (abaixo de 10 meq/kg). Os demais parâmetros físico-químicos avaliados apresentaram valores compatíveis com a ANVISA e a literatura, com algumas variações, estas diferenças são devido aos locais de coleta. Na curva TG/DTG observou-se a estabilidade térmica do óleo de moringa até 200ºC e após essa temperatura acorreram três perdas de massa. Na curva TG/DSC apresentou dois eventos exotérmicos e pôde fornecer informações complementares ao TG como eventos térmicos relacionados a eventos físicos, como fusão e sublimação.
Agradecimentos
Agradecemos ao Programa de Pós-graduação de Química da UFRN, a CAPES pelo apoio financeiro e a Indústria Plantus Industria e Comercio de Oleos Extratos e Saneantes pe
Referências
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