CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA EM FRUTOS DE CLONES DE CAMUCAMUZEIRO

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Silva, A.T.L. (EMBRAPA) ; Silva, J.C.O. (UFRA) ; Nascimento, W.M.O. (EMBRAPA) ; Silva, A.R.L. (UFPA)

Resumo

Os frutos do camucamuzeiro (Myrciaria dúbia), pelo elevado teor de ácido ascórbico vêm sendo estudado. O trabalho teve como objetivo verificar a variação na caracterização físico-química de frutos em cinco clones de Myrciaria dubia. Foram determinados os seguintes parâmetros: pH, acidez total, Brixº, ratio e umidade, segundo métodos descritos por IAL, 2008. Com os resultados verificou-se que, o clone Cpatu-4 apresentou o maior valor de pH. Com relação à acidez titulável, o clone Cpatu-7 se destacou, com média de 3,26%. Na avaliação do Brixº o clone Cpatu-5 apresentou o maior valor (8,8%). Para o ratio, o clone Cpatu-4 apresentou a maior média 3,2. Conclui-se que, existe variação em alguns componentes determinados na caracterização físico-química de frutos nos clones de Myrciaria dúbia.

Palavras chaves

Genótipo; Myrciaria dúbia; Características

Introdução

O camu-camu (Myrciaria dubia (H. B. K.) McVaugh) é fruto silvestre pertencente à família Myrtaceae, originária da Amazônia Ocidental e encontra-se amplamente distribuída na Bacia Amazônica, principalmente nas margens dos rios e lagos (várzea e igapó), no Peru, na Colômbia, no Brasil e na Venezuela. Apresenta frutos globosos de superfície lisa e brilhante, de 2 a 4 cm de diâmetro e peso médio de 8,4 gramas, coloração do epicarpo vermelho- escura passando a roxo-escura no final da maturação (Figura 1). Apresenta boas características agronômicas, tecnológicas e nutricionais, mostra-se com grande potencial econômico capaz de colocá-lo no mesmo nível de importância de outras frutas tradicionais da região amazônica, como o açaí e o cupuaçu (SILVA; ANDARDE, 1997). A importância deste fruto como alimento é devido ao elevado teor de vitamina C, com teores que variam de 1600 a 2994 mg.100 g -1 de polpa, o que é superior ao encontrado na maioria das plantas (VILLACHICA, 1996). Os frutos do camucamuzeiro são conhecidos como fonte natural de ácido ascórbico e utilizados principalmente na forma de suco e néctar. Porém, sabe-se que a concentração e estabilidade desta vitamina varia com a espécie, estádio de maturação, tempo e temperatura de processamento, pH e presença de oxigênio e enzimas (YUYAMA, 2003). O trabalho teve como objetivo verificar a variação na caracterização físico- química de frutos em cinco clones de Myrciaria dubia.

Material e métodos

Para realização do experimento foram utilizados frutos colhidos da safra 2016-2017 no período de abril a maio de 2017, em plantas matrizes estabelecidas na forma de clones, BAG de camucamuzeiro da Embrapa Amazônia Oriental, localizado no município de Belém, PA. Foram procedidas às analises físico-químicas em frutos de cinco clones (Cpatu-4; Cpatu-5; Cpatu- 7; Cpatu-8 e Cpatu-10). Após lavagem dos frutos, foi realizada a extração da polpa, utilizou-se um processador portátil, para melhor uniformização da amostra, sendo que todas as análises foram realizadas em triplicata de 10g por amostraselecionada de 50 frutos por clone. O Brixº (sólidos solúveis totais) foi determinado por meio de um refratômetro portátil da marca ATAGO- PR101 a temperatura de 28,4ºC, posteriormente foi realizada a medição de pH com o pHgametro portátil de bancada da marca LUCA-210 a temperatura 28,4ºC. Todos os aparelhos aferidos com água destilada. Em seguida foi procedida a medição de acidez total por titulometria de neutralização com hidróxido de sódio a 0,1M tendo como indicador a fenolftaleína. Ainda foi calculado o ratio (SST/Acidez Total). As determinações de umidade foram realizadas via método gravimétrico de secagem em estufa a 105°C, sendo os resultados expressos em % de umidade (AOAC, 2010). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente para melhor entendimento das informações obtidas nas analises de laboratório.

Resultado e discussão

As médias obtidas para os parâmetros avaliados nos clones de camucamuzeiro estão apresentados na Tabela1. Os frutos obtiveram baixa relação ratio com variação de 2,19 a 3,43, o que limita seu consumo in natura. Houve variação de pH de 2,77 a 2,22, esses valores aproximam-se dos obtidos por Maeda (2006), que foi de 2,89. Os valores médios para de acidez titulável em acido cítrico para os frutos foram de 3,26 a 2,03%. Resultado semelhante ao obtido por Andrade et al. (1997) ao analisar araçá- boi, com ratio de 2,73%. Em relação aos valores de Brixº determinados nos frutos, as médias variaram entre 5,2 a 8,8 %, menor do que o valor obtido por Vieira (2010) que foi de 10% Brixº. Com relação ao parâmetro umidade, verificou-se que os frutos possuem grande quantidade de água, com valores encontrados de 92,39 a 94,04%, que são valores próximos aos encontrados por Ribeiro et al (2016) e Maeda (2006) com 92,2 e de 92,6%, respectivamente. Na tabela 02 encontram-se os valores de F, onde é maior do que Fcr., o que indica variabilidade, que é ratificado pelo valor de p-valor menor que 0,05 que indica que os genótipos analisados possuem variabilidade entre si. Supondo-se que a variabilidade verificada na ANOVA é pode ser ressaltada nos parâmetros pH e Acidez Total, através do calculo de F para este dois parâmetros foi encontrados valores que ratificam a variabilidade encontrada na ANOVA, pois os valores calculados de FCal são, respectivamente para estes parâmetros de 44,36 e 28,09. Considerando o mesmo Ftab =3,01, podemos afirmar que há diferenças entres esses parâmetros nos genótipos analisados. Observou-se que há variabilidade entre os clones através da caracterização físico-química de acidez total e Brixº. Sendo necessários novos estudos para o maior conhecimento sobre a espécie

Figura 01

FIGURA 01. Detalhe de frutos de camu-camu em diferentes estágios de maturação.

Tabelas demostrativas e comparativas de dados.



Conclusões

Existe variação em alguns componentes determinados na caracterização físico- química de frutos nos clones de Myrciaria dúbia.

Agradecimentos

Ao CNPq pela bolsa de iniciação científica Jennifer Silva e a Embrapa Amazônia Oriental pela realização da pesquisa.

Referências

A.O.A.C., Official Methods of Analysis. 18th Edition, Association of Official Analytical Chemists, Washington DC, 2010.
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INSTITUTO ADOLFO LUTZ - Normas Analíticas; métodos químicos e físicos para a análise de alimentos. 4 ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.
MAEDA, R.N. et al. Estabilidade de ácido ascórbico e antocianinas em néctar de camu-camu (Myrciaria dubia(H.B.K.) McVaugh).Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.27, p.313-316, 2006.RIBEIRO, P. F. A; STRINGHETA; OLIVEIRA P. C; E, B; MENDONÇA, A. C; SANT'ANA, H. M. P , Teor de vitamina C, β-caroteno e minerais em camu-camu cultivado em diferentes ambientes.Ciência Rural, v. 46, n. 3, 2016, p. 567-572
SILVA, C. T. C.; ANDRADE, J. S. Postharvest modifications in camu-camu fruit (Myrciaria dubia McVaugh) in response to stage of maturatio andmodifi ed atmosphere. Acta Horticul., v. 452, p. 23-26,1997.
VIERA, V.B; RODRIGUES J. B; BRASIL, C. C. B; ROSA, C. S; Produção, caracterização e aceitabilidade de licor de camu camu (Myrciaria dubia (H.B.K.) Mcvaugh). Alim. Nutr.,v. 21, n.4, p. 519-522, 2010.
VILLACHICA, H. El cultivo del camu-camu en la Amazonia Peruana. Lima: Secretaria Pro Tempore del Tratado de Cooperación Amazónica. 1996.
YUYAMA, L.K.O. et al. Teores de elementos minerais em algumas populações de camu-camu. Acta Amazônica, v.33, p.549-554, 2003.

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