Determinação de fenóis totais, flavonoides, atividade antioxidante e atividade de inibição da Enzima Acetilcolinesterase em amostras de méis de Melipona subnitida produzidos nas macrorregiões do Ceará

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Liberato, M.C.T.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Moita de Aguiar, G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Santos de Lima, P.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Rocha Muniz, (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Almeida Farias, R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Brito Cipriano, E. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Rodrigues de Vasconcelos Neto, J. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Rocha da Silva, L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva Vasconcelos, V.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Fidelis de Barcellos Vieira, S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

Mel é o produto das abelhas melíferas a partir do néctar das flores, secreções de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas. As abelhas recolhem, transformam e combinam com substancias específicas próprias, armazenam e deixam amadurecer nos favos da colmeia. O Ceará está dividido em macrorregiões para efeito de planejamento: 1.Região Metropolitana de Fortaleza; 2.Litoral Oeste; 3.Sobral/Ibiapaba; 4.Sertão dos Inhamuns; 5.Sertão Central; 6.Baturité; 7.Litoral Leste/Jaguaribe; 8. Cariri/Centro Sul. Trinta e uma amostras de méis de M. subnitida D. foram obtidas entre 2012 e 2015 nas macrorregiões cearenses e analisadas para determinação de flavonoides, fenóis totais e atividade antioxidante. Os resultados apresentaram semelhanças dentro de cada macrorregião.

Palavras chaves

Mel ; Melipona subnitida D.; Estado do Ceará

Introdução

As abelhas nativas brasileiras são conhecidas como abelhas sem ferrão por possuírem um ferrão atrofiado, não podendo usá-lo em sua defesa. Os meliponíneos são abelhas sociáveis encontradas nas regiões tropicais e subtropicais sendo os principais polinizadores nativos e visitantes da floração das plantas tropicais (NOGUEIRA NETO et al., 1986). Atualmente, a meliponicultura começa a destacar-se na economia cearense. As características dos produtos das abelhas do Ceará são peculiares pela existência de vegetação mista com encraves de cerrado e mata atlântica na Caatinga, presença de mangues, e climas com muitas variações (LIBERATO; MORAIS, 2016). A composição do mel depende da abelha, da planta visitada por ela e das condições climáticas. No gênero Melipona encontram-se várias espécies, entre elas a Melipona subnitida D., mais encontrada no Ceará e Rio Grande do Norte. O Ceará está dividido em 8 macrorregiões para efeito de planejamento possuindo complexos vegetacionais diferenciados: 1.Região Metropolitana de Fortaleza; 2.Litoral Oeste; 3.Sobral/Ibiapaba; 4.Sertão dos Inhamuns; 5.Sertão Central; 6.Baturité; 7.Litoral Leste/Jaguaribe; 8.Cariri/Centro Sul (ANUÁRIO DO CEARÁ, 2014). A Doença de Alzheimer, um distúrbio do sistema nervoso central, caracteriza-se por perda da função e morte de neurônios no cérebro, lesando a função cognitiva e a memória sendo responsável por 50 a 60% de casos de doenças em pessoas com mais de 65 anos (ALMEIDA, 1997). O objetivo desse trabalho foi estudar a composição de 31 amostras do mel de M. subnitida D. obtidas nas macrorregiões cearenses determinando flavonoides (MEDA et al., 2005), fenóis totais (SINGLETON et al., 1999), atividade antioxidante (BRAND-WILLIAMS et al, 1995) e de Inibição da Enzima Acetilcolinesterase (RHEE et al 2001).

Material e métodos

Amostras: obtidas de meliponicultores entre 2012-2015. Flavonoides: Preparou-se solução de 5g de mel em H2O em balão de 25mL. Tomou-se 2mL da solução de mel, 1,0mL de AlCl3 a 2,5% e completou-se com H2O em balão de 25mL. Após 30min fez-se a leitura em espectrofotômetro. Análises em triplicata, e média expressa em mg de EQ/100g de mel (MEDA, 2005). Fenóis Totais: Diluiu-se 5g de mel em 50mL de H2O destilada. Filtrou-se. A 0,5mL de solução adicionou-se 2,5mL do reagente Folin–Ciocalteau 0,2N. Após 5min, adicionou-se 2mL de solução de Na2CO3 (75g/L) e após 2hs, a absorbância foi lida a 760nm, contra branco de H2O destilada. As análises em triplicata e média expressa em mg de EAG/100g de mel (SINGLETON, 1999). Atividade Antioxidante: Pesou-se 0,001g de DPPH, acrescentou-se 50mL de CH3OH; transferiu-se para balão de 50mL, envolto em papel alumínio. Fez-se a leitura em espectrofotômetro. Alíquota de 0,75mL de solução de mel (0,5g de mel para 5mL de CH3OH) foi adicionada a 1,5mL da solução de DPPH (90mg/L). Após 30 min, a absorbância foi lida a 517nm contra branco de H2O/CH3OH (1:1). Atividade antioxidante é igual a % Inibição = [(absorbância do DPPH– absorbância da amostra)/absorbância do DPPH] x 100. Média de 3 leituras de IC50 de cada amostra foi determinada graficamente (BRAND WILLIAMS, 1995). Inibição da Enzima AChE: Foram usadas soluções de DTNB e ATCI em tampão. As amostras diluídas em CH3OH foram aplicadas na cromatoplaca seguindo-se o reagente de Ellman (DTNB) e o tampão (ATCI, 1mM), após a evaporação do solvente. Após 3 a 5min, borrifou-se a enzima AChE na concentração de 3U/mL. Após 10min a cromatoplaca apresentou coloração amarelada visualizada em CCD. Surgiram halos brancos indicando inibição da enzima e seus tamanhos foram comparados com o do padrão Fisostigmina.

Resultado e discussão

Em cada macrorregião há méis de Melipona subnitida analisados que se destacam por suas propriedades. Além do aspecto territorial deve-se levar em conta as preferências da abelha na coleta do néctar. Na MR1 destaca-se o mel de Guaiúba por seus teores de flavonoides e fenóis totais bem como por sua atividade antioxidante excelente e inibição da AChE idêntica à exercida pelo alcaloide Fisostigmina. Na MR2 a amostra de Paracuru apresenta altos teores de flavonoides e fenóis totais, porém sua atividade antioxidante e a de inibição da AChE não são boas. Dessa forma pode-se concluir que os compostos fenólicos presentes nesse mel não possuem influência sobre essas atividades biológicas. Na MR3 destaca-se o mel de Ibiapina por sua atividade antioxidante superior aos demais da macrorregião. Na MR4 a amostra de Tauá apresenta excelente atividade antioxidante e de inibição da AChE, ocorrendo o mesmo com o mel de Ibicuitinga situada na MR5. Na MR6 o mel de Barreira apresenta excelente atividade antioxidante, embora também se destaquem os méis de Canindé, Capistrano e Redenção pelo alto conteúdo de fenóis totais e o de Itapiúna pela inibição da AChE idêntica à do padrão Fisostigmina. Na MR7 o mel de Limoeiro do Norte tem alta atividade antioxidante e na MR8 o de Mauriti tem destaque pelos teores de flavonoides e fenóis totais e pelas atividades antioxidante e de inibição da AChE. Analisando méis de Apis mellifera dessa mesma macrorregião, Farias et al. (2016) encontraram valores semelhantes para a inibição da AChE. Liviu et al (2009) estudou 23 méis de Apis mellifera coletados em diferentes regiões da Romania e observou variações nas propriedades antioxidantes e fenóis totais dependendo da fonte botânica ou geográfica. Os resultados das análises encontram-se na tabela 1.

TABELA 1 - CBQ 2017

FLAVONOIDES, FENOIS TOTAIS, ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E DE INIBIÇÃO DA ACETILCOLINESTERASE DE MÉIS DE MELIPONA SUBNITIDA D. DO CEARÁ

Conclusões

Pelos resultados conclui-se que muitas variáveis interferem na composição do mel dentro de uma mesma macrorregião. O clima influencia na diversidade de plantas durante a coleta do néctar pelas abelhas levando ao mel compostos fitoquímicos e atividades biológicas. Porém, nem sempre um teor maior de fenóis levará às atividades biológicas esperadas, isso porque existem inúmeros compostos fenólicos que não apresentam atividades biológicas idênticas. É necessário pesquisar quais compostos fenólicos do mel poderiam atuar em diferentes enfermidades especialmente na Doença de Alzheimer.

Agradecimentos

AO CNPQ, À FUNCAP E À UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) PELAS BOLSAS DE PESQUISAS CONCEDIDAS AOS ALUNOS CO-AUTORES DO TRABALHO

Referências

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BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERST, C. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensmittel Wissenschaft und Technologie, v. 28, p. 25-30, 1995.
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LIBERATO, M. C. T. C.; MORAIS, S. M. Produtos Apícolas do Ceará e suas Origens Florais - Características Físicas, Químicas e Funcionais. Fortaleza: EdUECE, 2016. 132p.
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MAIA, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. 1ª Ed. São Paulo: D&Z Computação Gráfica e Editora. 2004. 413p.
MEDA A, LAMIEN CE, ROMITO M, MILLOGO J, NACOULMA OG: Determination of the total phenolic, flavonoid and proline contents in burkina fasan honey, as well as their radical scavenging activity. Food Chemistry v. 91, p.571–577. 2005.
NOGUEIRA-NETO, P.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; KLEINERT-GIOVANNINI, A.; VIANA, B. F.; CASTRO, M. S. de. Biologia e Manejo das abelhas sem ferrão. São Paulo: Tecnapis, 1986. 54p.
RHEE, I. K.; MEENT, M.; INGKANINAN, K.; VERPOORTE, R. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity staining. Journal of Chromatography A, v. 915, p. 217-223, 2001.
SINGLETON VL, ORTHOFER R, LAMUELA-RAVENTOS RM: Analysis of total phenols and other oxidation substrates and antioxidants by means of Folin-Ciocalteu reagent. Methods Enzymology v. 299, p.152–178. 1999.

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