EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE CINÉTICA QUÍMICA:UM ESTUDO EXPLORATÓRIO EM PERIÓDICOS NACIONAIS DE ENSINO DE CIÊNCIAS
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
de Lima Silva, J. (UERGS) ; Sander Hoffmann, D. (UERGS) ; Greff Passos, C. (UFRGS)
Resumo
Considerando os principais periódicos nacionais de Ensino de Ciências, efetivou-se um estudo exploratório sobre a utilização de experimentos no ensino de cinética química. Para tanto, realizou-se uma análise documental nos artigos, para identificar as principais estratégias didáticas utilizadas, as formas de contribuição para a aprendizagem dos estudantes, como os conceitos são abordados e quais os referenciais teóricos que fundamentam as práticas relatadas. Com este estudo será possível apresentar aos professores algumas estratégias de trabalho para o ensino de Cinética Química através da Experimentação, assim podendo servir de estimulo para que os professores busquem diferentes alternativas de ensino e aprendizagem que possam ser implementadas nas aulas da Educação Básica.
Palavras chaves
Cinética Química; Ensino; EXPERIMENTAÇÃO
Introdução
Diversos estudos apontam que a utilização da experimentação contribui para o processo de ensino e aprendizagem dos conhecimentos científicos, desde que estas práticas possibilitem uma investigação sobre o fenômeno estudado e sua relação com as teorias e símbolos da ciência (SILVA; MACHADO; TUNES, 2015). Neste âmbito, a experimentação é uma estratégia didática que pode amenizar as dificuldades de aprendizagem dos conteúdos de cinética química, pois tais envolvem fenômenos observáveis macroscopicamente, porém alguns dos conceitos envolvidos em sua compreensão pertencem ao nível microscópico.Tais dificuldades foram identificadas na atuação profissional da autora, o que justifica a realização dessa investigação, visando o aperfeiçoamento pedagógico das práticas desenvolvidas. Segundo Silva, Machado e Tunes (2015), a função da experimentação no ensino de Ciências é historicamente reconhecida desde o século XVIII, porém apenas no século XIX as práticas experimentais firmaram-se nos currículos de Ciência da Inglaterra e dos Estados Unidos. Foi no séc. XX que a experimentação se consolidou e se difundiu por outras partes do mundo como estratégia de ensino. No Brasil, ainda no século XX os órgãos oficiais recomendaram que as instituições de ensino contivessem laboratórios equipados para as aulas de Ciências visando atender uma demanda formativa utilitarista. Atualmente, as atividades experimentais devem possibilitar a maior participação e interação dos alunos entre si e com os professores, para favorecer a compreensão da relação experimento-teoria. A valorização de um ensino por investigação, pode contemplar estes aspectos minimizando a desarticulação entre as aulas teóricas e aulas de laboratório (MORTIMER; MACHADO; ROMANELLI, 2000). Del Pino et al. (2001) apontam que tradicionalmente os experimentos propostos pelos livros didáticos estão no formato de receitas prontas reforçando a imagem da química como uma ciência de natureza fundamentalmente empírica. Assim, os professores devem buscar recursos didáticos que fomentem a utilização de experimentos com perspectivas investigativas mais amplas, que contribuam com a desmistificação dessa ideia equivocada. Desta forma, a questão de pesquisa desta investigação é: Quais as principais estratégias didáticas utilizadas para o ensino de cinética química através da experimentação? Objetivo geral: Realizar um estudo exploratório com base em artigos publicados por pesquisadores nas principais revistas nacionais de Ensino de Ciências sobre atividades experimentais para o ensino de cinética química. Objetivos específicos: averiguar as estratégias didáticas utilizadas para desenvolver os experimentos; analisar as formas de contribuição das atividades relatadas para o aprendizado dos conceitos de cinética química; identificar o referencial teórico que norteia os experimentos propostos; verificar quais os conceitos explicitados sobre cinética química (se conceitua ou não conceitua, formas de conceituação, uso dos termos).
Material e métodos
Esta pesquisa tem natureza qualitativa, segundo Bogdan e Biklen (1994), envolve uma abordagem naturalista, interpretativa do mundo, o que significa que os pesquisadores estudam os fenômenos em seus cenários naturais, tentando entender, ou interpretar estes fenômenos em termos dos significados que as pessoas conferem a eles. Para tanto, a investigação foi realizada a partir da Análise Documental (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). A Análise Documental é uma técnica que viabiliza a investigação qualitativa, pois considera qualquer material escrito sobre o comportamento humano como um recurso que pode ser utilizado no estudo. Desta forma, os documentos analisados neste trabalho foram: os artigos científicos (documentos técnicos). Para a análise dos dados utilizamos das estratégias indicadas por Bogdan e Biklen (1994), para o desenvolvimento de categorias de codificação para podermos sistematizar os dados obtidos e classificá-los para analisá-los de forma cuidadosa. As categorias de análise elaboradas correspondem aos objetivos específicos deste trabalho. Nesse sentido, buscou-se identificar e examinar trabalhos sobre o uso da experimentação nas aulas de química sobre os conteúdos de cinética química publicados em periódicos especializados da área de Educação em Química e/ou Ciências no Brasil. Os periódicos analisados foram: Química Nova na Escola, Química Nova, Ciência & Educação, Ensaio - Pesquisa em Educação em Ciências, Investigações em Ensino de Ciências e Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências. Inicialmente efetuou-se um levantamento em todo o banco de dados dos periódicos citados, até dezembro de 2016. Nessa busca foram utilizadas algumas palavras-chave: experimentação, cinética química, rapidez de reação e velocidade de reação). Após a busca por essas expressões os artigos selecionados foram novamente submetidos à análise buscando articular o uso da experimentação ao conteúdo de cinética química. Tal levantamento foi orientado pela análise dos títulos dos trabalhos, das palavras-chave e pela leitura dos resumos. Trabalhos que evidenciaram a temática experimentação e/ou cinética química nesses quesitos, mas que deixaram dúvida em seus resumos quanto ao emprego ou não das palavras-chave, foram analisados integralmente. Após identificação dos trabalhos todos foram lidos na íntegra. Num total, foram localizados 15 trabalhos que contemplavam o uso da experimentação ao conteúdo de cinética química.
Resultado e discussão
Inicialmente, e em conformidade com a metodologia adotada, efetuou-se um
levantamento em todo o banco de dados dos periódicos analisados até dezembro
de 2016. Tal levantamento foi orientado pela análise dos títulos dos
trabalhos, das palavras-chave e pela leitura dos resumos. Os 15 trabalhos
identificados que articulam o uso da experimentação ao conteúdo de cinética
química foram lidos na íntegra. Dos 7 periódicos pesquisados, apenas em 3
deles foram encontrados artigos que contemplam o uso da Experimentação para o
Ensino de Cinética Química (Tabela 1).
As categorias de análise definidas nesta pesquisa refletem os objetivos
específicos deste trabalho, sendo estas: a)Estratégias didáticas: averiguar se
os experimentos foram associados à outras atividades, se foram demonstrativos
ou se os alunos realizaram as práticas, se foi realizado individualmente ou em
grupo, e em que local;
b)Aprendizagens: analisar as formas de contribuições para o estudo dos
conceitos de cinética química;
c)Referencial teórico: identificar, se apresentado pelos pesquisadores, o
referencial teórico que norteou a atividade didática;
Tabela 1
Conclusões
As atividades experimentais demonstrativas-investigativas podem possibilitar uma maior participação e interação dos alunos entre si e com os professores em sala, e também uma melhor compreensão por parte dos alunos da relação teoria e experimento, assim possibilitando o desenvolvimento de habilidades cognitivas. Com este estudo será possível apresentar aos professores algumas estratégias para o ensino de Cinética Química através da Experimentação, assim como quais os referenciais teóricos que fundamentam tais propostas. Além disso, a presente pesquisa pode servir de estimulo para que os professores busquem diferentes estratégias de ensino e aprendizagem que possam ser implementadas nas aulas da Educação Básica.
Agradecimentos
Referências
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto, Porto Editora, 1994.
DEL PINO, J.C ; LOGUERCIO, R.Q.; SAMRSLA,V.E.E. A dinâmica de analisar livros didáticos com professores de química. In: Química Nova. 2001.
LUDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. - Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, E.P.U., 1986.
MORTIMER, E. F.; MACHADO, A. H.; ROMANELLI, L. I. A proposta curricular de química do Estado de Minas Gerais: fundamentos e pressupostos. In: Química Nova. 2000.
SILVA, R. R. da.; MACHADO, P. F. L.; TUNES, E. Experimentar Sem Medo de Errar. In: SANTOS, W. L. P. dos.; MALDANER, O. A. (Org.). Ensino de Química em Foco. Ijuí: UNIJUí, 2015. p. 231-261.