A importância da contextualização como recurso pedagógico para o ensino de Funções Orgânicas

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Cardoso, R.M. (UEPA) ; Martins, V.C.C. (UEPA) ; Carvalho, T.C.A. (UFPA)

Resumo

A química como a física e a matemática pode causar, em alguns momentos, uma estranheza nos estudantes com seus compostos e expressões incomuns, vale lembrar que a metodologia adotada durante a apresentação de seus conteúdos é uma ferramenta capaz de influenciar na percepção dos alunos. Portanto, este trabalho tem como objetivo utilizar a contextualização como método de ensino para o assunto “Funções Orgânicas” a fim de interligar o cotidiano dos discentes a disciplina. Com os questionamentos realizados identificou-se as principais interpretações dos alunos sobre o assunto abordado antes e após a aplicação da aula contextualizada. Assim, demonstrando a importância de proporcionar o desenvolvimento de um pensar crítico em relação aos efeitos da ciência sobre a sociedade.

Palavras chaves

Contextualização; Ensino de Química; Funções Orgânicas

Introdução

Por muitos anos o processo de aprendizagem partia da memorização de fórmulas ou expressões causando a desmotivação e baixo rendimento escolar. Atualmente, é crucial reconhecer e propiciar o desenvolvimento e despertar do aluno para o conhecimento científico cabendo ao professor adotar várias metodologias de ensino voltadas para a formação de um pensar crítico em relação a sociedade (CUNHA, 2012). A contextualização associada a rotina do aluno é uma das ferramentas empregadas pela maioria dos educadores, porém, é necessário considerar e compreender suas funcionalidades que auxiliam na formação de uma perspectiva humanística, social e científica (SANTOS, 2007). Dessa maneira, é essencial que tal método seja estudo antes de ser aplicado evitando o seu uso de forma superficial ou errônea (WARTHA, 2013). Partindo dessa premissa, acredita-se que o contexto incorporado ao cotidiano é uma possível alternativa para o ensino de química, vale ressaltar que há outras ferramentas que auxiliam no aprendizado, como os jogos didáticos, que por serem dinâmicos são instrumentos facilitadores no processo de ensino- aprendizagem (MARTINS, 2016). Ao fazer o discente observar os acontecimentos sociais e interliga-los com a ciência é satisfatório, pois incentiva buscar por novos significados e assim refletir o papel como cidadão. Sendo assim, esta pesquisa teve como objetivo aplicar a contextualização incorporada as condições diárias dos estudantes, fazendo eles raciocinarem acerca da aplicação de estudos químicos-científicos na construção de uma sociedade, e assim analisar por meio de fatos históricos e atuais da química no dia-a- dia.

Material e métodos

A proposta pedagógica foi aplicada com duas turmas de 25 alunos do terceiro ano do ensino médio em uma escola do Estado do Pará, onde se explicou o assunto “Funções Orgânicas aplicadas ao cotidiano”. A aula iniciou com questionamentos sobre a relação das funções orgânicas com a realidade vivenciada pelos alunos, a maioria não sabia identificar as cadeias afirmando que desconhecia os seus usos no dia-a-dia. Assim, por meio de animações e imagens presentes no recurso tecnológico Power Point, apresentou-se as cadeias contidas nos materiais domésticos que manuseados de forma incorreta causam sérias consequências, o odor de peixe em decomposição tendo como resultado uma contaminação na água ou solo, o gás mostarda e as em guerras e entre outros. Posteriormente, discutiu-se sobre a utilização das armas químicas no contexto atual e histórico e assim, para analisar o conhecimento adquirido pelos alunos foi apresentado uma cruzadinha com o título “Conhecendo as Funções Orgânicas”, onde foram realizadas perguntas relacionadas as discussões anteriores. Por fim, os alunos foram questionados acerca da utilização da contextualização como metodologia para o ensino de química orgânica.

Resultado e discussão

Por meio de perguntas realizadas aos alunos sobre as funções orgânicas e o cotidiano foi possível identificar as principais visões sobre a disciplina de química e o assunto abordado, cerca de 95% dos estudantes apresentaram uma aversão a matéria afirmando que não conseguiam compreender a relação das funções orgânicas e o dia a dia. Quando questionados sobre a importância de aprender os compostos orgânicos, 97% dos alunos alegaram que estudavam apenas para conseguir ingressar em uma universidade pública. Em seguida, com a apresentação das imagens e animações, 98% dos estudantes afirmaram que conseguiram visualizar as funções orgânicas no cotidiano. Quando se interligou a química orgânica com alguns acontecimentos históricos, 100% dos discentes afirmaram que a finalidade dos estudos sobre os compostos orgânicos não deveria estar voltada para usos prejudiciais a população e sim para apenas o desenvolvimento de ações benéficas. Assim, um jogo de cruzadinha intitulado “Conhecendo as Funções Orgânicas” foi utilizado com instrumento de avaliação, os alunos aceitaram com facilidade em participar do jogo, sendo questionados sobre os assuntos abordados anteriormente os estudantes apresentaram um bom desempenho nas respostas, 90% das questões foram respondidas com êxito. Por fim, quando se perguntou sobre a utilização do PowerPoint contendo as imagens, as animações, os fatos históricos e o jogo, 100% dos alunos afirmaram que a metodologia apresentada modificou sua visão sobre a química compreendendo sua importância no desenvolvimento da sociedade. Com o método empregado foi possível apresentar a química como uma ciência vivenciada no dia-a-dia, e dessa forma, criar um ambiente com condições favoráveis para a reconstrução de um conhecimento científico (BERNARDELLI, 2004).

Conclusões

O principal objetivo da pesquisa foi constatar a importância da contextualização como ferramenta que facilita a aprendizagem e detectar as principais visões sobre a química. Através dos questionamentos notou-se o desenvolvimento de um olhar mais crítico em relação a utilização da química como instrumento bélico, os estudantes afirmaram que após a aula conseguiram aperfeiçoar seus conhecimentos sobre as “funções orgânicas” identificando as suas finalidades. Dessa forma, acredita-se que ao interligar a química com o cotidiano torna, na visão aluno-professor, uma aula mais agradável e interativa.

Agradecimentos

Referências

BERNARDELLI, M.S. Encantar para ensinar – um procedimento alternativo para o ensino de química. In: CONVENSÃO BRASIL AMÉRICA, CONGRESSO BRASILEIRO E ENCONTRO PARANAENSE DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS.1.4.9, Foz do Iguaçu. Anais Eletrônicos... Centro Reichiano, 2004.

CUNHA, M.B. Jogos no Ensino de Química: Considerações Teóricas para sua Utilização em Sala de Aula. Química Nova na Escola. Vol 34. Nº2. p.92-98. Mai.2012. Disponível em <http://www.qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_2/07-PE-53-11.pdf >Acesso em: 04/08/2017.

MARTINS, V. CARDOSO, R. VEN NCIO, C. Jogos Educacionais Um olhar no Desenvolvimento de Práticas Pedagógicas Sobre Educação Ambiental e a Ecotoxicologia. In: 56º CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA.2016. Belém. Anais Eletrônicos... Belém: Hangar, Centro de Convenções da Amazônia. 2016.Resumo Expandido. Disponível em < http://www.abq.org.br/cbq/2016/trabalhos/5/9156-22487.html > Acesso em: 04/08/2017.

SANTOS, W.L.P dos. Contextualização no Ensino de Ciências por meio de Temas CTS em uma Perspectiva Crítica. Ciência e Ensino. Vol 01. Número Especial. Nov. 2007. Disponível em < http://prc.ifsp.edu.br:8081/ojs/index.php/cienciaeensino/article/view/149/120 > Acesso em: 03/08/2017.

WARTHA, E.J. SILVA, E. L da, BEJARANO. N. R. Cotidiano e Contextualização no Ensino de Química. Química Nova na Escola. Vol 35. Nº2. p. 84 – 91. Mai.2013. Disponível em < http://www.qnesc.sbq.org.br/online/qnesc35_2/04-CCD-151-12.pdf > Acesso em:03/08/2017.

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