PERCEPÇÕES DOS LICENCIANDOS SOBRE O USO DE JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
Beltrame, A.C.F. (UTFPR) ; Zapateiro, G.A. (UTFPR) ; Stevanato, A. (UTFPR) ; Figueiredo, M.C. (UTFPR)
Resumo
O objetivo desse trabalho foi investigar concepções sobre a sua utilização de jogos didáticos no ensino de Química. A pesquisa é de cunho qualitativo, que envolveu dezenove acadêmicos do curso de Licenciatura em Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná do câmpus Londrina. A organização e análise dos resultados foram de acordo com Bardin (2011). Os participantes mostraram ter uma visão dos jogos didáticos no ensino de química como uma atividade que pode motivar os alunos a querer estudar conceitos relativamente difíceis, pois o ato de jogar provoca motivação em geral e sentimento de alegria de estar aprendendo sem perceber, além de proporcionar a quebra do paradigma do ensino tradicional.
Palavras chaves
Jogo Didático; Ensino de Química; Concepções
Introdução
A química é uma ciência pouco compreendida pelos alunos, porque além da maioria de seus conteúdos ter um caráter abstrato, também são bastante complexos e exigem conhecimentos básicos de matemática para a resolução de exercícios, fórmulas e equações. Logo, os conceitos científicos dessa área, muitas vezes são caracterizados como um “bicho de sete cabeças”. São várias as pesquisas no ensino de ciências que buscam desenvolver metodologias de ensino que visem contribuir com a qualidade das práticas pedagógicas, tais como: atividades experimentais, ensino por problematização, ensino por investigação, entre outras (SCHNETZLER, ARAGÃO 2000; CARVALHO 2004; DELIZOICOV, ANGOTTI, PERNAMBUCO 2007). Nesse âmbito, é importante salientar que as Orientações Educacionais Complementares destacam que os jogos didáticos possibilitam aos alunos, mediante a articulação entre o conhecimento e o imaginado (jogando), desenvolver o autoconhecimento, a comunicação social e estimular o desenvolvimento do seu raciocínio lógico (BRASIL, 2006). Algumas pesquisas discutem a importância de trabalhar com jogos no ensino de química, por exemplo: Cunha (2004), Soares (2004), Moura et al (2011), Castro e Costa (2011), neste contexto indicam os jogos como um recurso facilitador para aprendizagem, pois tornam as aulas mais atraentes e estimula os alunos a participarem das mesmas, tornando-as mais prazerosas e dinâmicas. Diante o exposto, este trabalho tem como objetivo investigar concepções dos licenciandos sobre a utilização de jogos no ensino de química. De modo geral, buscou-se responder à questão: Você considera a utilização de atividades lúdicas como jogos didáticos uma ferramenta que contribui para o processo de ensino e aprendizagem? Comente.
Material e métodos
Nesse trabalho, optamos pela abordagem qualitativa, conforme Lüdke e André (1986), o desenvolvimento da pesquisa contou com a participação de dezenove acadêmicos do curso de Licenciatura em Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Londrina. Todos os discentes foram mantidos no anonimato e identificados por código. Por exemplo, a letra L representa o licenciando, a M é referente ao gênero Masculino e a F ao Feminino; os números 1 a 19 indicam a quantidade de participantes. L1M trata-se do licenciando de número 1 do gênero masculino. A coleta de dados contou com a aplicação de uma pergunta aberta, já que permite ao sujeito da pesquisa, a partir de sua visão pessoal, descrever as respostas de acordo com suas próprias palavras e opiniões (SEVERINO, 2007). Portanto buscou-se responder à questão: Você considera a utilização de atividades lúdicas como jogos didáticos uma ferramenta que contribui para o processo de ensino e aprendizagem? Comente. Com objetivo de verificar o que pensam os licenciandos em química sobre jogos didáticos nos processos de ensino e de aprendizagem da disciplina de química e constatar se os mesmos compreendem a importância deste recurso didático para o futuro trabalho docente. A estruturação e interpretação das respostas obtidas, foi realizada por meio da análise de conteúdo de Bardin (2011). Assim, após realizarmos várias releituras exploratórias das respostas obtidas nos questionários, pode-se realizar um processo de codificação, separação das unidades de análise, enumeração e categorização (BARDIN, 2011). Os resultados são apresentados, com o foco de observação, as categorias e o número de unidades de análise.
Resultado e discussão
Diante das respostas dos licenciandos foi possível identificar que a maioria
concebe o jogo didático como uma alternativa para aumentar o interesse dos
alunos, memorizar e fixar os conteúdos. Os resultados são apresentados no
Quadro 1.
Os jogos estimulam o aluno a pensar, além de contribuir na formação social
do aluno, conforme descrição das respostas de alguns licenciados abaixo:
“[...] podem ser utilizados para “reforçar” os conceitos já trabalhados em
aulas teóricas e/ou mesmo práticas, mostrando também de uma forma melhor
onde esses conteúdos podem ser aplicados (L2M).”
“[...] estimula através da brincadeira o diálogo em grupos com demais
colegas, e aprender (L6F).”
Segundo Miranda (2001) apud Campos, Bortoloto e Felício (2003), quando os
alunos são comunicados que haverá uma atividade que trabalhará jogo na aula,
desperta a motivação em participar do processo que será dinâmico, interativo
e divertido. A vontade de aprender cresce promovendo o desenvolvimento
cognitivo, melhorando o desempenho dos alunos em alguns conteúdos de difícil
aprendizagem e ao mesmo tempo estimula o contato entre aluno-aluno e
professor-aluno, possibilitando, assim, a comunicação e afetividade,
cooperando no processo de socialização.
Neste contexto, verifica-se que o uso de jogos pode propiciar o ensino de
química mais convidativo e divertido, possibilitando a aprendizagem dos
conceitos relacionados ao conteúdo químico (GRANATH, RUSSEL, 2000). É
importante salientar que os jogos sejam como facilitadores na compreensão
dos conteúdos, e não somente para memorização. O jogo induz ao raciocínio e
a reflexão, isso consequentemente leva a construção do conhecimento
cognitivo, podendo ser utilizado como forma de reforçar o conteúdo (CUNHA,
2004).
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
Conclusões
Dentre muitas propostas disponíveis na literatura, se tem o aspecto lúdico como um recurso didático dinâmico que pode garantir resultados eficazes na educação. Dessa forma, acreditamos que os jogos são recursos que podem ser empregados como ferramentas em potencial para os processos de ensino e de aprendizagem, visto que estimula a participação dos alunos, auxilia na compreensão de conceitos complicados, principalmente os abstratos, oportuniza contextualizar saberes com o cotidiano, a abordar conhecimentos de outras áreas, a desenvolver a integração entre as pessoas, entre outros.
Agradecimentos
A CAPES pelo investimento a pesquisa, a UTFPR por disponibilizar o espaço físico, aos discentes pela participação e as professoras pelas suas muitas contribuições.
Referências
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