O uso da experimentação como ferramenta auxiliar no ensino de reações químicas
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
Vasconcelos, B.S. (IFPB - CAMPUS JOÃO PESSOA) ; Sales, F.R.P. (IFPB - CAMPUS JOÃO PESSOA) ; Custódio, L.C.O. (IFPB - CAMPUS JOÃO PESSOA) ; Figueiredo, A.M.T.A. (IFPB - CAMPUS JOÃO PESSOA)
Resumo
O ensino de Química, nas escolas públicas, ainda é versado por meio da metodologia tradicional, a qual reduz os conceitos químicos à definição de leis e fórmulas, dificultando a compreensão do alunado. Portanto, cabe ao docente buscar alternativas que permitam a interação destes conceitos com o cotidiano, de modo que seja enaltecida a relevância do estudo desta ciência. Nesse sentido, a pesquisa objetivou avaliar o processo de ensinoaprendizagem do conteúdo de reações químicas a partir de diversos recursos didáticos, como: as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), a contextualização e a experimentação, concomitante à exposição de situações-problema. Tal planejamento permitiu desmitificar a Química, despertar a curiosidade e edificar o conhecimento, relacionando-o com o dia a dia.
Palavras chaves
Ensino de Química; Contextualização; Experimentação
Introdução
A disciplina de Química geralmente é taxada como ardilosa e cansativa, por ser muito teórica e abstrata. Tal fato ocorre, porque a metodologia tradicional, ainda bastante empregada nas escolas públicas, dificultam o processo de ensinoaprendizagem, pois muitos docentes atuam como narradores, buscando apenas a capacidade de memorização dos alunos (FREIRE, 2011). Para mudar esse cenário, o docente precisa adaptar sua metodologia e há diversas possibilidades. Entre elas, a contextualização é uma das mais importantes, pois “é possível generalizar a contextualização como recurso para tornar a aprendizagem significativa ao associá-la com experiências da vida cotidiana ou com os conhecimentos adquiridos espontaneamente” (BRASIL, 1999, p. 94). Sendo assim, essa ferramenta didática vislumbra a importância dessa ciência e seu envolvimento no mundo, tornando o seu estudo significativo. Além disso, é relevante discorrer sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), que consistem na utilização da tecnologia multimídia, como o uso de imagens, slides, vídeo, entre outros. De acordo com Brandão (2017, n.p.), “no mundo de hoje, as tecnologias são indispensáveis na educação das crianças e dos adolescentes. Eles ‘vivem’ tecnologias e quem não vive sonha em viver”. Portanto, o uso das TICs favorece a construção dos conhecimentos, visto que o docente se apropria de um instrumento de interesse dos alunos e o molda em uma ferramenta educativa capaz de demonstrar macroscopicamente, acontecimentos microscópicos, facilitando a compressão desses. Além disso, a experimentação é outra ferramenta primordial, principalmente quando permite coadunar teoria e prática de modo contextualizado e problematizado, pois estimula o senso crítico do alunado, formando cidadãos mais conscientes.
Material e métodos
A pesquisa foi desenvolvida e aplicada junto ao professor de Química regente de uma turma de 2º ano, de uma Escola Estadual de Ensino Médio e Fundamental, localizada na cidade de João Pessoa - PB. Para o desenvolvimento da práxis, foi necessário um total de 9 aulas, com duração de 30 minutos cada, com a participação de 36 alunos. A pesquisa teve por base uma metodologia qualitativa com cunho participativo, almejando arquitetar explicações em profundidade dos dados coletados (LIMA; NUÑEZ, 2013). Nas duas aulas iniciais, a proposta da pesquisa foi exposta sendo entregue um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em seguida, foi entregue um Questionário Inicial (QI), com intuito de avaliar o conhecimento prévio dos alunos a respeito do conteúdo de reações químicas. Na terceira e quarta aulas, deu-se início ao mencionado conteúdo, equações químicas e suas simbologias encontradas nas diversas transformações da matéria, para tal utilizou-se as TICs. Na quinta e sexta aulas, foram explanados os diferentes tipos de reações (síntese, decomposição, simples troca e dupla troca) e ao fim desse momento, foi realizado alguns exercícios com o intuito de facilitar a compreensão dos conhecimentos. Na sétima e oitava aulas, foram explorados os conteúdos de reações de oxirredução, reação de precipitação e reações de salificação, bem como foi realizado um experimento denominado: “Em busca da proteína do Leite”. Para isso, foi separado 250mL de leite natural em uma panela, a qual foi levada ao fogo para aquecimento. Em seguida, o leite foi transferido para um bécker e misturado com 50mL de vinagre. Feito isso, a mistura foi colocada em um sistema de filtração simples. Na nona aula, foi aplicado um Questionário Final (QF) a fim de avaliar o conhecimento da turma após as ações.
Resultado e discussão
Ao analisar o QI que continha cinco questões, de um total de vinte e seis
alunos, 34,6% conseguiram acertar duas questões, 30,7% acertaram três
questões, 11,5% acertaram quatro questões e 7,6% não conseguiram fazer
nenhuma das questões. Na terceira e quarta aulas, todos os ensinamentos
foram abordados por meio de aulas expositivas dialogadas com uso das TICs.
Para a quinta, sexta, sétima e oitava aulas, os conceitos foram introduzidos
a partir da formulação de várias situações-problemas, como exemplo para a
reação de decomposição, questionou-se: “Por que quando colocamos a água
oxigenada em ferimentos ocorre efervescência?”. Diante de vários
pressupostos, destacou-se a de um discente: “É por que sofre uma reação de
decomposição e libera oxigênio". Tal resposta corrobora o conteúdo debatido
em sala. Diversas situações foram repassadas, a fim de esclarecer e
demonstrar a presença do conteúdo de Química na vida cotidiana do aluno,
pois é importante reconhecer o conhecimento químico intrínseco às causas e
consequências das ações geradas a partir da relação ser humano e meio
ambiente (BRASIL, 2006). Além disso, a experimentação foi empregada a fim de
ilustrar uma reação de precipitação, visto que após a mistura do leite com o
vinagre, instantaneamente a caseína (proteína do leite) se tornou insolúvel
e precipitou. No QF houve uma mudança significativa, no mesmo total de
alunos podemos ver uma mudança na quantidade de alunos que almejaram uma
quantidade maior de questões acertadas, pois, 7,6% não conseguiram acertar
nenhuma das questões, 11,5% acertaram só uma, 15,3% acertaram duas questões,
7,6% conseguiram acertar três questões, 34,6% acertam quatro questões e 23%
conseguiram acertar todas as cinco questões que foram elaboradas, resultado
bastante positivo em relação ao QI.
Conclusões
O conjunto de ações empregado pela equipe dessa pesquisa contribuiu para o desenvolvimento cognitivo dos discentes em relação ao conteúdo estudado, pois propiciou um ambiente escolar mais ativo, onde o alunado foi participativo, o que estimulou a edificação de um conhecimento significativo, tendo em vista que os alunos partiram do senso crítico para tentar resolver as situações- problema propostas. Logo, com o uso de ferramentas didáticas, o docente instigou os estudantes a terem concepções e uma postura cidadã, cientes de suas responsabilidades como integrantes do mundo em que vivem.
Agradecimentos
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, campus João Pessoa; Programa Internacional Despertando Vocações e à E.E.E.M.F. José Baptista de Melo.
Referências
BRANDÃO, M. A importância das tics na educação. 2017. Disponível em: <http://revistapontocom.org.br/edicoes-anteriores-entrevistas/a-importancia-das-tics-na-educacao> Acesso em: 05 jul. 2017
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília: MEC; SEMTEC, 1999.
_____. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. vol. 2 - Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, 2006.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido.50ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
LIMA, A. A.; NUÑEZ, I. B. A análise do conhecimento pedagógico do conteúdo no planejamento de atividades com a utilização de modelos no ensino de química. Química nova na escola, v. 36, p. 123-131, 2013.