Aproveitamento integral dos alimentos como tema norteador no ensino de química
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
Oliveira, A.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Oliveira, J.C.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Moura, A.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Santos, A.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Lima, A.M.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Sampaio, I.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR)
Resumo
A nutrição e o desperdício de alimentos são questões que precisam ser abordadas na sociedade em geral, inclusive no âmbito escolar. Sendo assim, a proposta desse trabalho foi tratar essa questão social a fim de sensibilizar os estudantes de uma turma de terceiro ano do Ensino Médio de uma escola pública de Rorainópolis – RR sobre o desperdício de produtos alimentícios, motivando-os a criarem receitas, informando-os sobre os nutrientes presentes nas partes que são geralmente descartadas de forma contextualizada com os conteúdos de química orgânica, além de promover o uso mais responsável dos alimentos que se relaciona com a sensibilização para os recursos naturais e o meio ambiente.
Palavras chaves
Ensino de Química Orgânic; Educação Ambiental; Contextualização
Introdução
De acordo com as estimativas do estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO,2017); as consequências económicas diretas do desperdício alimentar atingem o montante de 750 mil milhões dólares por ano. Toneladas de alimentos desperdiçados anualmente causam também graves impactos nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar. O incentivo a alternativas que influenciem na redução do desperdício de alimentos, depende em partes de ações realizadas nas escolas. O papel dos educadores é importante, pois suas metodologias de ensino devem proporcionar aos alunos conhecimentos e capacidades necessárias para que os mesmos compreendam a sociedade em que vivem, e passem a ter atitudes que solucionem os problemas que afligem suas realidades (GONDIM, 2016). Este trabalho tem o intuito de sensibilizar sobre o aproveitamento integral como alternativa para a redução do desperdício de alimentos, incentivando o consumo absoluto dos produtos no preparo de receitas, contribuindo assim com uma educação voltada para o bem estar social. Pensando nisso, trabalhou-se com o seguinte problema: de que maneira seria possível sensibilizar os alunos do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Rorainópolis - RR a aproveitarem alimentos como cascas, talos e sementes? Desenvolveu- se o trabalho com o objetivo de conscientizar os alunos de uma escola da rede pública sobre o desperdício de alimentos, informar sobre a importância de utilizar integralmente os alimentos, ressaltar a riqueza nutricional das partes alimentícias usualmente não consumidas, praticar ações voltadas para o proveito com responsabilidade e proporcionar hábitos saudáveis, econômicos e de respeito entre o ser humano e o meio ambiente.
Material e métodos
O trabalho Aproveitamento integral dos alimentos como tema norteador no ensino de química foi realizado em novembro de 2016, com a participação de 20 alunos com faixa etária de 16 à 18 anos, do 3º ano C regular, em uma escola estadual, no município de Rorainópolis. Trata- se de uma pesquisa de campo com técnicas preestabelecidas a respeito do tema em questão, em que o levantamento de dados é realizado no próprio local onde os fenômenos acontecem. Para Lakatos & Marconi (2003, p. 186) pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta. O trabalho visando uma melhor qualidade de vida dos alunos foi executado em quatro etapas: diagnóstica, teórica, prática e avaliativa, descritas a seguir. 1ª Etapa: aplicação do questionário diagnóstico com cinco perguntas para verificar o conhecimento inicial dos alunos sobre os conteúdos que seriam abordados durante a palestra e as oficinas. 2ª Etapa: palestra sobre aproveitamento integral como alternativa para a redução de desperdício alimentar debatendo sobre o elevado índice de desperdício de alimentos; ações que contribuem para reduzir o desproveito alimentício; a importância do aproveitamento integral dos produtos para obtenção de uma alimentação saudável; economia em gastos com comida e preservação do meio ambiente. 3ª Etapa: realização de oficinas de pinturas e execução de quatro receitas tendo como objetivo ensinar o manuseio correto e uso absoluto dos alimentos, após o preparo houve a degustação dos pratos e distribuição de folders informativos com receitas alternativas sobre alimentação integral. As oficinas tiveram duração de três dias. 4ª Etapa: aplicação do questionário avaliativo.
Resultado e discussão
Análise do diagnóstico:A seguir a figura 1 mostra um aluno respondendo o
gráfico diagnóstico que foi aplicado para toda a turma. Em relação à
primeira pergunta que indagava o destino das sobras de comidas nas
residências dos 20 alunos, 56% responderam que jogam no lixo. Na segunda
pergunta ao questionar os alunos sobre os conhecimentos que tinham em
relação à possibilidade do aproveitamento das sobras de comidas em receitas
variadas, verificou- se que 63% dos alunos afirmam não conhecer maneiras de
aproveitar as sobras dos alimentos, 37% disseram conhecer ou já terem ouvido
falar em receitas alternativas que fazem uso das sobras de comidas. A
terceira pergunta indaga se os educandos aproveitam o alimento em sua
totalidade (cascas, folhas, ramos, sementes). 93% os alunos afirmam que
costumam descartar cascas, semente e talos dos alimentos, e 7% afirmam que
utilizam os alimentos em sua totalidade. Logo constata- se que muitos não
têm o hábito de consumir por completo as partes como cascas, folhas, talos e
sementes, de frutas e verduras. Já a quarta pergunta quis saber se os alunos
conhecem quais nutrientes estão pressentes nas partes normalmente
descartadas. Existe um déficit quando se trata do conhecimento do valor
nutritivo das partes geralmente não utilizadas como cascas, sementes e talos
de frutas, legumes e hortaliças. 95% dos alunos afirmam não saberem que
cascas, semente e talos são ricos em nutrientes, e os outros 5% relatam que
sim sabem que tem nutrientes em frutas e verduras (cascas, sementes e
talos). Constatou- se através do desenvolvimento da pesquisa, que o
conhecimento e a conscientização são fundamentais para evitar a má
utilização dos alimentos (INSTITUTO ETHOS, 2005).
FIGURA 1- Alunos respondendo questionário.
Conclusões
O desperdício de alimentos é um problema grave e que causa grande preocupação, a conscientização sobre esse assunto é fundamental para mudar o cenário de descaso que se encontra nosso planeta. Tomada de atitudes que vise reduzir o desproveito alimentar se torna cada vez mais urgente. Combater o desperdício não é tão difícil, alternativas simples como planejar as compras e aproveitar ao máximo os produtos na hora de cozinhar, pode proporcionar uma redução na produção de resíduos e garantir uma alimentação nutricionalmente mais rica.
Agradecimentos
A gestão da escola, que permitiu a execução deste trabalho.
Referências
FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. O desperdício alimentar tem consequências ao nível do clima, da água, da terra e da biodiversidade – novo estudo da FAO. Disponível em: < http://www.fao.org/news/story/pt/item/204029/icode/>. Acesso em: 29 Abr. 2017.
GONDIM, Jussara Aparecida Melo et al. Composição Centesimal e de Minerais em casca de frutas. Revista de ciência e Tecnologia de Alimentos. São Paulo, v. 25, n. 4, p. 825-827. Disponível em: < www.scielo.br/pdf/cta/v25n4/27658.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2016
INSTITUTO ETHOS. O Compromisso das empresas com o combate ao desperdício de alimentos: banco de alimentos, colheita urbana e outras ações. São Paulo, abril de 2005. 80p.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.