QUÍMICA E SEXUALIDADE: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE FUNÇÕES ORGÂNICAS
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
Silva, L.C.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Costa, W.F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Santana, R.O. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ)
Resumo
O seguinte trabalho trata-se de uma oficina abordando a temática Química e Sexualidade, sendo aplicada para alunos do 3° ano do ensino médio, onde trabalhou-se os hormônios responsáveis pelas sensações que o amor desperta. Na estrutura destes hormônios estão presentes grupos funcionais, utilizando esse aspecto para o enfoque do conceito científico de Funções Orgânicas. Juntamente a esta abordagem, no desenvolver da oficina, discutiu-se sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis, seus sintomas, tratamento e prevenções. Para avaliar a proposta foram aplicados dois questionários, onde resultados mostraram que os alunos acham muito importante falar sobre as doenças sexualmente transmissíveis na escola, e que, também, a proposta contribuiu para a compreensão dos conhecimentos científicos.
Palavras chaves
Oficina Temática; Ensino de Química; Hormônios
Introdução
A Química por ser uma disciplina com muitos momentos abstratos é vista pela maioria dos estudantes como sendo de difícil aprendizado. É evidente que as aulas monótonas e tradicionais baseadas apenas na transmissão e memorização dos conteúdos contribuem para a falta de interesse dos alunos. Segundo Nunes e Adorni (2010), os conteúdos são trabalhados de forma descontextualizada, tornando-se distantes, assépticos e difíceis, não despertando o interesse e a motivação dos alunos. Uma proposta que visa envolver os alunos nas atividades em sala de aula, com isso contribuindo para formação do seu conhecimento são as oficinas temáticas. Este trabalho teve como objetivo utilizar a temática Química e Sexualidade para abordar o conceito científico de Funções Orgânicas em uma turma de terceiro ano do ensino médio de uma escola da cidade de Santana-AP. Os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam que trabalhar a temática sexualidade é importante para promover a saúde das crianças, jovens e adolescentes (BRASIL, 1997). Utilizamos o subtema A Química do amor, que tem as sensações atribuídas aos neurotransmissores, no qual estes diferenciam-se pelas funções orgânicas que apresentam. Avaliamos até que ponto a temática ajudou na compreensão do assunto e a relevância de abordar as doenças sexualmente transmissíveis no âmbito escolar.
Material e métodos
A pesquisa aplicada foi de caráter qualitativo do tipo Pesquisa-Ação baseado em Thiollent (2005) onde pretende-se aumentar o conhecimento ou nível de consciência dos envolvidos no processo, bem como, contribuir para a discussão ou fazer avançar o debate acerca das questões abordadas. Para identificarmos as dificuldades que os discentes encontram na disciplina de Química e verificar a relevância da proposta, elaboramos uma oficina temática relacionando a temática com o conteúdo de Química, realizada em uma escola do município de Santana-AP. Para aplicação da proposta foram utilizadas três aulas de 50 minutos, sendo uma aula no primeiro dia e duas aulas no segundo. A turma continha alunos com idade entre 15 e 20 anos onde participaram 16 alunos no primeiro dia e 20 no segundo. Os hormônios neurotransmissores e suas estruturas foram apresentados aos alunos enfatizando suas funções e sensações. As Doenças sexualmente Transmissíveis foram abordadas durante a aula no momento em que citamos os hormônios característicos do homem e da mulher, a Testosterona que é responsável pelas características masculinas e o Estrogênio responsável pelas características femininas. As estruturas destes hormônios apresentam várias funções orgânicas como: função álcool, amina e cetona, onde estas acabam diferenciando uma das outras. A coleta de dados se deu através da aplicação de dois questionários, um antes e outro após a aplicação da oficina temática. A análise dos dados oriundos dos questionários segue a categorização proposta por Bardin (2011), e foram tabulados no software Excel.
Resultado e discussão
No primeiro momento aplicamos um questionário que indagava os alunos a relatarem seu gosto pela Química e quais as dificuldades que eles encontravam no estudo dessa disciplina. Os resultados, mostraram que todos os alunos gostam da disciplina, variando entre o gostar muito ou pouco, porém todos possuem dificuldades de aprendizado.
No segundo dia ministramos a proposta didática trabalhando a temática A Química do amor de forma dinâmica não deixando de ressaltar sobre as doenças sexualmente transmissíveis, suas formas de contágio, sintomas e tratamento. Após a aula aplicamos o segundo questionário os incitando a responder o que haviam achado da aula. As respostas mostraram que a grande maioria da turma respondeu positivamente, e ainda completaram afirmando que o momento foi muito divertido, dinâmico, que abordou vários conceitos do nosso cotidiano, que aprenderam coisas que não sabiam e que ajudou a acrescentar conhecimentos sobre a temática. Quando perguntado aos alunos se era importante falar sobre doenças sexualmente transmissíveis no âmbito escolar todos os alunos responderam que sim.
Para avaliarmos se os conhecimentos específicos foram compreendidos, o questionário apresentava uma questão do Exame Nacional do Ensino Médio- ENEM direcionada a funções orgânicas e a temática A Química do amor, a questão mostra vários hormônios que são despertados durante o amor, e pergunta-se qual a função orgânica é comum a todas estruturas apresentadas. Os resultados mostraram que 85% dos alunos responderam corretamente e 15% incorretamente. É importante ressaltar que a turma não havia estudado todas as funções orgânicas incluindo as nitrogenadas, logo constatamos que os conhecimentos discutidos na aula foram bem compreendidos pelos alunos.
Conclusões
A utilização da temática Química e Sexualidade para ajudar na compreensão dos conceitos científicos em sala de aula mostrou-se favorável, sendo assim semelhante as demais que são utilizadas frequentemente no ensino. Esta ainda propiciou um ambiente onde os alunos pudessem dialogar sobre as doenças sexualmente transmissíveis. É preciso desenvolver cada vez mais projetos em parceria com toda comunidade escolar, para que todos tenham acesso às informações sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis, e assim essas problemáticas sejam apresentadas e discutidas em sala de aula.
Agradecimentos
Universidade do Estado do Amapá.
Referências
BARDIN, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.
BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. (2000). Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio – Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Ministério da Educação. Brasília: SMT/MEC.
________. (1997) PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais: Orientação Sexual. MEC, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997
MARCONDES, M. E. R. (2008). Proposições metodológicas para o ensino de química: oficinas temáticas para a aprendizagem da ciência e o desenvolvimento da cidadania. EM EXTENSÃO, Uberlândia, V. 7.
NUNES, A. S.; ADORNI, D.S. (2010). O ensino de química nas escolas da rede pública de ensino fundamental e médio do município de Itapetinga-BA: O olhar dos alunos. In: Encontro Dialógico Transdisciplinar - Enditrans, 2010, Vitória da Conquista, BA. - Educação e conhecimento científico.
THIOLLENT, M. (2005). Metodologia da Pesquisa-ação (14ªed.) São Paulo: Editora Cortez.
TORRICELLI, E. (2007). Dificuldades de aprendizagem no Ensino de Química. (Tese de livre docência), Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Educação.