O jogo do UNO como ferramenta para o ensino e aprendizagem na disciplina química
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
Gama dos Santos, G. (UFAM) ; Abreu Lima, R. (UFAM) ; Almeida de Souza, B. (UFAM) ; Pissango Rodrigues, J.J. (UFAM) ; Urbano Arcanjo, G. (UFAM) ; Costa Ribeiro, B.J. (UFAM) ; Gomes Fernandes, S.P. (UFAM) ; Perez Rengifo, E. (UFAM) ; Ribeiro da Silva, J. (UFAM)
Resumo
Os jogos lúdicos são grandes aliados no processo de ensino e aprendizagem, por trazerem inúmeras contribuições. Pensando nisso, este trabalho foi instruído em uma escola indígena, na qual não estavam acostumados com esse tipo de ferramenta, por isso, o nosso objetivo foi de adaptar o jogo do UNO ao conteúdo, para oferecer um melhor entendimento do assunto, e assim propor interação entre eles. E para isso, foi feito uma aula expositiva dialogada e em seguida a aplicação do jogo “Hidrocarboneto”. Ao término desses procedimentos, percebeu-se que a turma que antes era calada, e que tinha certo medo de responder ao que era perguntado, passou a interagir, mostrando interesse pelo assunto. Portanto, conclui-se que este instrumento foi um ótimo aliado nesse processo de ensino e aprendizagem.
Palavras chaves
Método didático; Jogos Lúdicos; Ensino de Química
Introdução
O processo de ensino e aprendizagem, no que se diz respeito às ciências de modo geral, como a química, por exemplo, continua sendo um tanto tradicional, onde segundo Libâneo (1992), “os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação professor-aluno não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. É a predominância da palavra do professor, das regras impostas, do cultivo exclusivamente intelectual”. No entanto, segundo Saviani (1983), diz que, há aqueles professores que tem consigo o movimento e os princípios da escola nova, porém a realidade das escolas principalmente do interior, não oferecem aos professores condições para instaurar a escola nova, porque a realidade em que atuam é tradicional. A química como sendo ciência da natureza, aquela que se baseia principalmente do abstrato, deve ser ensinada de modo que não seja apenas em aulas teóricas e experimentais, mais sim também com atividades lúdicas que envolvam algo do seu cotidiano, na qual o aluno possa entender, sem ter que se esforçar para imaginar. Possibilitando até sua interação no que se propõe. Pensando nisso, e na importância de se trabalhar com as funções orgânicas no terceiro ano do nível médio, e por se tratar de alunos indígenas, na qual possuem mais dificuldade na aprendizagem, houve-se a ideia de usar o jogo do Uno como ferramenta para o ensino das funções orgânicas, mais precisamente sobre os hidrocarbonetos, que constitui a função mais simples da química orgânica por serem formados exclusivamente por carbono e hidrogênio, mas que mesmo assim muitos possuem dificuldade na sua compreensão.
Material e métodos
O jogo foi elaborado por discentes do curso de ciências: biologia e química do Instituto de Natureza e Cultura/UFAM, onde o jogo foi confeccionado com a ajuda de softwares de computador e impresso em papel cromata e para o acabamento fez-se o uso de uma tesoura. O método foi aplicado, em uma escola indígena, em uma turma de terceiro ano do ensino médio. Onde se procedeu a uma aula expositiva dialogada, sobre a nomenclatura dos hidrocarbonetos. Depois da explanação do assunto, sob a orientação dos idealizadores, aplicou-se o jogo seguindo tais regras: Cada dupla recebeu 7 cartas. O restante do baralho foi deixado na mesa com a face virada para baixo. Os jogadores deviam jogar, na sua vez, uma carta de mesma classificação de hidrocarboneto (Alcano, Alceno, Alcino e Alcadieno). Exemplo: se a carta inicial fosse Eteno, o primeiro jogador deveria jogar sobre ela uma carta com terminação eno (não importando se é a estrutura ou o nome da cadeia). Ao jogar a penúltima carta, o aluno deveria anunciar em voz alta falando “HIDROCARBONETO". Se não fizesse isso, os demais jogadores poderiam obrigá-lo a comprar mais duas cartas. A rodada terminou quando uma das duplas zerou as suas cartas na mão. O jogo hidrocarboneto possui 108 cartas, sendo dividida em 76 cartas de ação, onde são subdivididas e diferenciadas pelas cores: roxo, vermelho, verde e azul. O jogo possui cartas especiais: 4 cartas coringa, 4 cartas coringa 4+ (comprar mais 4 cartas), 8 cartas bloqueio, 8 cartas de inversão e 8 cartas 2+ (comprar mais 2 cartas). Para obtermos os resultados, foram aplicados dois questionários, um antes da aula teórica e o outro ao fim do jogo, pois a partir deles pôde-se fazer uma comparação no que os alunos aprenderam, antes e depois da aplicação do jogo.
Resultado e discussão
Atualmente muitos professores não utilizam os jogos lúdicos nas suas aulas
por pensarem que eles servem apenas para distrair ou oferecer momentos de
descontração entre os alunos, mas que na verdade, é também um instrumento
utilizado para facilitar o entendimento do assunto e ao mesmo tempo
proporcionar momentos de interação e cooperação entre eles.
Segundo MOREIRA (1995), Piaget diz que: “o professor deve provocar o
desequilíbrio na mente do aluno para que ele, buscando então o reequilíbrio,
tenha a oportunidade de agir e interagir”. Seguindo essa ideia, buscou-se
através desse recurso, trabalhar com uma turma, na qual não estava
acostumada com esse tipo de aula, pois se tratava de uma turma indígena,
onde apenas dois já conheciam o jogo.
Quanto aos outros, apesar de ser algo novo, foram percebendo a relação do
jogo com o assunto trabalhado, facilitando nas estratégias que eles
precisavam para poder vencer, assim como a cooperação entre as duplas, pois
sabemos que atualmente vivemos em mundo competitivo, mais que sempre
precisamos um do outro para crescer.
De acordo com MOREIRA (1995), Vigostsky defende o construtivismo social, que
diz que o desenvolvimento se dá a partir da interação social, onde o aluno é
posto a praticar em grupo o que aprendeu. Tendo essa concepção, percebeu-se
que depois da aula teórica juntamente com a aplicação do jogo, 72% dos
alunos conseguiam responder com clareza o que foi perguntado, sendo que
antes da aula foi aplicado um questionário onde 81% não souberam responder,
tendo em vista que eles já haviam estudado isso antes, com outros
professores.
Dentre os comentários realizados pelos discentes foi que: o jogo auxiliou
bastante no entendimento do conteúdo, onde 63% disseram que os professores
não costumavam aplicar esse tipo de aula.
Interação professor/aluno.
Conclusões
Pôde-se perceber o quão importante foi à utilização dos jogos na sala de aula, pois ele possibilitou que o aluno desenvolvesse várias habilidades, tais como a criatividade, o raciocínio e o trabalho em equipe, pois ele proporciona momentos em que eles puderam interagir uns com os outros. Tendo em consideração de que a escola alvo é um tanto no tradicional, e por se tratar de alunos indígenas, o processo de aprendizagem teve que ser bem pensado, pois eles têm certa dificuldade para interagir. Por isso conclui-se que o jogo pôde proporcionar tudo isso.
Agradecimentos
Agradeço a Deus, aos alunos do terceiro ano do ensino médio da escola estadual indígena Gildo Sampaio e ao Instituto de Natureza e cultura/UFAM.
Referências
LIBÂNEO, José Carlos. Tendências pedagógicas na prática escolar. In: ________ . Democratização da Escola Pública – a pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1992. Cap 1. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAehikAH/libaneo>. Acesso em 01 agos. 2017.
MOREIRA, Marco Antônio; Teorias de Aprendizagens, EPU, São Paulo, 1995.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. São Paulo, Cortez Editora/ Autores Associados, 1983.
SAVIANI, I. Dermeval; II LOMBARDI, José Claudinei; III. SANFELICE, José Luis. História e história da educação: O debate teórico-metodológico atual. 1ªed: São Paulo: Autores associados, 1998.
SILVA, André Luiz. Teoria de Aprendizagem de Piaget. Disponível em: < http://www.infoescola.com/pedagogia/teoria-de-aprendizagem-de-piaget>. Acesso em 01 agos. 2017.
TEIXEIRA, Silva. Competição ou Cooperação: o que é melhor em sala de aula? Disponível em: < http://www.cpt.com.br/cursos-metodologia-de-ensino/artigos/competição-ou-cooperação-o-que-é-melhor-em-sala-de-aula>. Acesso em 01 agos. 2017.
TEIXEIRA, Silvana. Piaget e Vigostsky sobre aula expositiva e aprendizagem. Disponível em: < http://www.ctp.com.br/ cursos-metodologia-de-ensio/artigos/Piaget-e-vigotsky-sobre-aula-expositiva-e-aprendizagem>. Acesso em: 01 agos. 2017