ABORDANDO SEGURANÇA EM LABORATÓRIO NO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
Vieira, T.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Ribeiro, B.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Souza, D.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Silva, E.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Souza, A.M.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo analisar as contribuições de uma Sequência de Didática (SD), desenvolvida com 30 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental (EF) do Colégio de Aplicação–UFPE. A abordagem metodológica teve caráter qualitativo com aspectos quantitativos. A SD desenvolvida com os estudantes foi composta por aula expositiva dialogada, utilizando a experimentação para a discussão da problemática com eles. Os dados foram coletados por avaliação diagnóstica e prognóstica, além de uma avaliação de caráter somativo e resolução de questões dos relatórios dos mesmos. Os resultados da pesquisa mostram que cerca de 70% dos estudantes tiveram um bom aproveitamento, evidenciando uma apropriação dos conteúdos da Química estudado através do tema proposto na SD.
Palavras chaves
Experimentação; Segurança em Laboratório; Ensino de Química
Introdução
Por ser a química uma ciência que estuda a transformação da matéria, durante a sua abordagem na educação básica é muito importante a realização de experimentos, pois eles contribuem para os processos de ensino e aprendizagem de conteúdos trabalhados em sala; como também podem despertar o interesse do aluno por essa ciência. Segundo Silva e Fernandes (apud Silva e Zanon, 2000) a experimentação auxilia os alunos na compreensão de conceitos teóricos que poderão ser abordados durante a atividade prática; daí a importância desse processo metodológico, porque através da experimentação poderá surgir discussão, problematização e questionamentos em relação ao cotidiano do estudante. Sobre esse tipo de atividade, Silva e Machado (2008) consideram que ”(...) não pode limitar-se somente àqueles que são criados e reproduzidos na sala de aula ou no laboratório, mas também materializados na vivência social e que permeiam as negociações de significado do ponto de vista dos alunos (...)”. Para que as práticas experimentais ocorram sem que aconteçam acidentes, necessita-se enfocar normas de segurança em laboratório antes de sua realização. Segundo Silva e Machado (2008), pouco se aborda sobre boas práticas de laboratório, armazenagem de reagentes químicos e descarte de produtos. Entre os objetivos da educação básica, consta a formação do cidadão consciente de suas obrigações e direitos; e como tal, ele deverá ter conhecimento sobre normas de segurança e o uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPI’s) que poderão ser utilizados tanto em tarefas domésticas, citando-se como exemplos luvas e máscaras, como no exercício de atividades profissionais que venha a exercer na sua vida adulta onde poderá ser necessário o uso de óculos de segurança, além de outros materiais.
Material e métodos
A atividade foi vivenciada no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco – CAp/UFPE, tendo como sujeitos da pesquisa 30 alunos de uma turma do 9º ano do EF. A Sequência Didática refere-se à primeira aula prática em laboratório dessa turma, que foi composta por aula expositiva dialogada utilizando a experimentação para a discussão sobre os possíveis riscos durante a utilização de substâncias químicas sem a proteção adequada. Foram explorados conceitos sobre as Normas de Segurança em Laboratório e o uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPI’s). Os dados foram coletados por avaliação diagnóstica e prognóstica, além de uma ficha de caráter somativo e resolução de questões dos relatórios dos estudantes. Os dados foram obtidos das avaliações distribuídas individualmente aos alunos durante a aula, assim como pela observação da interação e participação deles na atividade. A Sequência Didática ocorreu em 4 etapas: 1. Aplicação das avaliações diagnósticas e prognósticas, ao início e término da aula, onde se pedia a concepção sobre as normas de segurança em laboratório, e a identificação de alguns símbolos de periculosidade de substâncias químicas; 2. Aula expositiva dialogada, com exposição e discussão do conteúdo, e utilização da experimentação para validação do processo; 3. Aplicação de ficha com caráter somativo em um momento posterior a referida aula, sendo abordada a identificação de símbolos de segurança de reagentes e uso de EPI’s para descarte, como também análise sobre o uso correto dos mesmos; 4. Produção e resolução de questões do relatório, com questionamentos sobre o manuseio de substâncias sem o uso de EPI’s e descarte de reagentes.
Resultado e discussão
Os estudantes não apresentaram dificuldade de compreensão acerca da
temática, relacionando o conhecimento científico com o contexto social em
que estão inseridos (Tabela 1). Observou-se um crescimento na compreensão do
conhecimento da etapa 1 à 3, onde expuseram suas concepções sobre as normas
de segurança em laboratório, antes e depois da etapa 2. Na fase diagnóstica
18% dos estudantes ainda tinham uma compreensão limitada, trazendo
definições incompletas. Observou-se após a etapa 2 um crescimento na
compreensão, com 93% de acertos. Na etapa 3 também notou-se dificuldade
quanto a definição correta. Em contrapartida os estudantes se utilizaram de
interpretações próprias, mostrando claramente que compreenderam o
significado do símbolo de risco, mas utilizaram palavras diferentes das
esperadas. No decorrer da etapa 2 observou-se envolvimento, curiosidade e
participação de forma ativa, estabelecendo um embasamento entre os
conhecimentos abordados e as relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade
(CTS), evidenciando-se a construção do conhecimento químico e reflexivo. Em
relação à avaliação de caráter somativo, tabela 2, obteve-se um total de 89%
de acertos na etapa 4, acerca do uso de EPIs. Na mesma etapa o percentual de
acertos com relação a uma situação problema envolvendo acidente químico em
indústria foi de 71%, denotando que os estudantes não apresentaram
dificuldades nas diferentes associações, conseguindo relacionar os métodos
científicos com os métodos utilizados para realização de atividades diárias.
Já na etapa 3 o percentual de acertos foi de 7, 70 e 74%, respectivamente. A
partir desses resultados observou-se que os alunos ainda mostraram
dificuldades para identificar os símbolos de risco, mas ampliaram o
conhecimento acerca do uso de EPIs.
Conclusões
A atividade realizada mostrou-se positiva tendo em vista a interação e percepção por parte dos estudantes, fazendo-se importante pelo envolvimento dos mesmos em sala de aula, desde a participação com perguntas e comentários até a realização de experimentos utilizando os EPIs necessários e anteriormente estudados. Desse modo, a SD utilizada propôs uma discussão e consequentemente uma compreensão do conteúdo abordado, como pode ser observado através dos dados coletados, além disso, teve uma boa aceitação por parte dos alunos, conscientizando-os sobre a importância desse conhecimento para a vida.
Agradecimentos
À Universidade Federal de Pernambuco e ao CAp-UFPE.
Referências
SILVA, L. H. A.; ZANON, L. B. A experimentação no ensino de Ciências. In: Schnetzler, R. P.; Aragão, R. M. R. (orgs.). Ensino de Ciências: Fundamentos e Abordagens , Piracicaba: Capes/Unimep: Piracicaba, cap. 6, p. 120-153, 2000.
SILVA, R. R. D.; MACHADO, P. F. L., Experimentação no ensino médio de química: a necessária busca da consciênica ético-ambiental no uso e descarte de produtos químicos - um estudo de caso. Revista Ciência & Educação (Bauru), 2008.