Turfas da região do Mestre Álvaro/ Espírito Santo: o olhar dos alunos através da fotografia
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
de Angelo Milanezi, L. (UFES) ; Oliveira Costa, T. (IFES) ; Assef de Almeida, H. (IFES) ; dos Santos Marques, S. (SENAI) ; de Souza Lima, A. (IFES) ; Meirelles Leinck, L. (EEEFM RÔMULO CASTELLO)
Resumo
O presente trabalho trata-se de uma oficina de fotografia sobre Turfas, na Serra-ES com dez participantes como parte do projeto denominado Turfas: Conhecer para conservar. A região do projeto envolve uma área de preservação ambiental com extenso depósito de turfas, cujo material sofre queimas periódicas. Para isso os alunos participaram de cinco encontros: a teoria sobre a turfa, ensinamento dos aspectos básicos da fotografia, aula prática no Mestre Álvaro e uma exposição. O objetivo da ação é utilizar a fotografia como ferramenta para despertar a curiosidade científica relacionando-a com questões socioambientais e suas possibilidades de uso no ensino de química, tendo em vista a Turfa ser uma associação de materiais minerais e restos vegetais. Relacionando a química orgânica e inorgânica.
Palavras chaves
Conhecimento cientifico; Fotografia; Turfa
Introdução
A educação necessita de uma renovação diante do novo contexto de mundo que vive a sociedade, logo é necessário também um novo ensino de ciências (CACHAPUZ,2011). Diante dessa necessidade, nasce um cenário que exige de professores perspectivas para reinventar suas práticas. Sabendo que o conhecimento científico ajuda a formar cidadãos mais críticos e que a tecnologia auxilia na compreensão deste, é necessário chamar atenção dos alunos para aspectos sociais, ambientais e políticos. E uma forma é utilizando a fotografia. A utilização da fotografia nesse texto será um instrumento facilitador da aprendizagem, além de possibilitar vivências em cenários reais. Turfa caracteriza-se por um material composto pela associação de material mineral e restos vegetais acumulados em fundos de lagos e depressões alagadas (TOLEDO,1995). A área de estudo está localizada em um área de preservação ambiental caracterizada por um conjunto de alagados que sofrem grande pressão antrópica devido à expansão imobiliária desordenada em seu entorno, apresentando-se como uma área potencial para prática da educação em espaços não formais permitindo a interdisciplinaridade entre a química, a biologia e a geografia, sendo dado um maior enfoque a química devido a possibilidade de explorar as características orgânicas e inorgânicas do material bem como sua potencialidade enquanto combustível e pelos depósitos existentes na região terem o histórico de queima seja por influências naturais ou antrópicas. O objetivo deste projeto foi utilizar a fotografia como ferramenta para despertar um olhar crítico sobre a região trabalhando do macro para o micro visando a integração de conhecimentos partindo do referencial que se busca preservar aquilo que se sabe existir e conhece suas potencialidades e importância.
Material e métodos
Participaram desta pesquisa 10 alunos de turmas do ensino médio da EEEFM Rômulo Castello localizada em Serra-ES. Os alunos foram escolhidos através de uma prova e de entrevistas. Após escolha dos alunos foi marcado um horário extraclasse com os alunos. No primeiro momento foi apresentado aos alunos como seria o projeto, seus objetivos e dinâmica. No segundo momento os alunos tiveram informações teóricas sobre as Turfas, através de uma aula expositiva que tratou sobre o que são, sua composição, onde encontrar, os benefícios e malefícios, entre outros. Após a exposição, realizou-se uma roda de conversa com os alunos onde eles puderam tirar dúvidas e aprender um pouco mais sobre esse material. O segundo encontro marcado, foi uma oficina, onde os alunos tiveram o primeiro contato com fotografia. A atividade implicou o envolvimento dos participantes nos aspectos básicos da fotografia (foco, enquadramento, luz, fotometria, composição da cena). Após a teoria os alunos tiraram fotos utilizando uma câmera profissional para praticar a teoria que haviam aprendido. O terceiro momento do projeto foi uma atividade de campo na Área de Preservação Ambiental (APA) Mestre Álvaro, Serra-ES, onde os alunos puderam coletar material e fotografar os alagados e as turfas sob os olhares individuais objetivando levar para os demais colegas da escola às impressões obtidas em campo. O último encontro realizado foi uma exposição das fotos no pátio da escola, onde os alunos puderam explicar as fotografias e passar para os outros alunos a experiência vivida e despertar o interesse pelas análises que do material que serão feitas nas aulas práticas de química.
Resultado e discussão
Inicialmente os alunos ficaram um pouco receosos com o projeto por terem
escutado pouco sobre o tema, e principalmente por ser um trabalho sem
pontuação no trimestre, porém mesmo assim vários alunos se interessaram.
No primeiro encontro, que se tratou das informações teóricas, foi mostrado
aos alunos a importância das turfas. Também foi apresentado a relação dos
compostos orgânicos com a capacidade de remoção de impurezas, que é dado
através das funções orgânicas existentes na composição que atuam nas trocas
iônicas, além do poder de combustível através da transformação em carvão
mineral pela reação com metano. Após a exposição foi realizado uma roda de
conversa a fim de sanar todas as possíveis dúvidas teóricas.
Durante a realização da aula expositiva sobre fotografia, era visível a
empolgação dos alunos em estar aprendendo como fotografar, foi passado
noções de fotometria, enquadramento e composição de fotos. No segundo
momento dessa aula, os alunos puderam fotografar livremente dentro do
ambiente da escola, e a partir dessas fotos tiraram dúvidas em relação a
fotometria para melhor compreensão.
Após a oficina, os alunos foram levados à APA Mestre Álvaro, que é uma
região no entorno de um maciço granítico com ocorrência de depósitos de
turfa na área de baixada com alagamentos intermitentes, visando a observação
e coleta de material onde os alunos puderam assimilar o conhecimento teórico
bem como efetuar os registros fotográficos. Nesse momento, cada aluno
fotografou por cerca de 20 minutos na câmera profissional, com ilimitados
cliques fotográficos.
Por fim, foi pedido que eles escolhessem uma foto de todas que eles haviam
tirado e que contassem a história de tudo que eles haviam compreendido do
tema. Após a escolha, a foto foi revelada e exposta para toda a escola.
Conclusões
Houve um envolvimento grande dos alunos, evidenciando a necessidade de práticas que incentivam a imaginação, a criatividade e que possibilita uma melhor compreensão do meio científico. Vale destacar a multidisciplinaridade do projeto, que além da fotografia, conta com aspectos da química, biologia e geografia. O projeto evidenciou a potencialidade do uso da fotografia, que atribui para uma visão crítica, que vai além de visualizar a imagem, mas todo o cenário que a compõe.
Agradecimentos
A Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES), o Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) e a EEEFM Rômulo Castello.
Referências
CACHAPUZ, Antonio et al. (Org.). A necessária renovação do ensino das ciências. São Paulo: Cortez, 2011. 263 p.
TOLEDO, L. M. A.; Considerações sobre a turfa no Brasil. 1995.