Concepções de Professores sobre Implementação de Atividades Experimentais de Química no Ensino Fundamental

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Oliveira da Silva, M.E. (UFMA) ; de Oliveira Marques, P.R.B. (UFMA) ; Vieira Carvalho Oliveira Marques, C.V. (UFMA)

Resumo

A experimentação é defendida como uma alternativa importante para a construção de conceitos científicos de forma mais significativa. No presente estudo, buscou-se diagnosticar aspectos de implementação de práticas experimentais no ensino de química do 9º ano do Ensino Fundamental, a partir da concepção dos professores de ciências. A pesquisa seguiu abordagem qualitativa e os dados foram organizados na perspectiva de redes sistêmicas. Os resultados revelaram que os professores consideram a experimentação relevante, porém existem fatores de interferência relativos à efetiva da mesma.

Palavras chaves

Concepção de professores; Experimentação; Ensino Fundamental

Introdução

A experimentação no ensino de ciências possibilita ao educando maior aproximação do trabalho científico, além de induzir os alunos a uma melhor compreensão dos fenômenos naturais (ROSITO, 2003). De acordo com Zômpero, Passos & Carvalho (2012) a experimentação constitui-se uma importante ferramenta para o processo de reestruturação do pensamento cientifico do aprendiz, contribuindo assim para uma aprendizagem mais significativa. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) sugerem que as atividades práticas representam um importante componente para a compreensão ativa de conceitos, favorecendo ao aluno vivenciar o método científico, a partir de observações, levantamento de hipóteses, possibilidade de testá-las e assim chegar a uma determinada conclusão, o que contribui significativamente para o processo de construção do conhecimento (BRASIL, 1998). No entanto, apesar de movimentos sugerindo mudanças, o ensino de ciências continua sendo foco de debates e discussões na literatura especializada, pelo fato de continuar se apresentando estagnado e sem mudanças significativas (SANTOS, 2006). Segundo Ataíde & Silva (2011) esse fato pode estar relacionado diretamente às “[...] metodologias de ensino utilizadas em sala de aula, como por exemplo, a relação teoria-exercício-teoria, a qual em algumas situações, somente repassa a preocupação em fixar fórmula, fatos e teorias, baseando-se na técnica de “decorar” o conteúdo cientifico”. Nessa perspectiva, o presente trabalho apresenta um recorte de uma pesquisa que teve por objetivo verificar aspectos da efetiva inserção da prática experimental no trabalho docente nas escolas de Ensino Fundamental da zona urbana município de Codó/Maranhão.

Material e métodos

Esta pesquisa teve por base os aspectos metodológicos de uma abordagem qualitativa-descritiva em educação em um contexto de experimentação no ensino de ciências, no qual, conforme salienta Ludke & André (1986), permite que o pesquisador tenha um maior contato com o seu objeto de pesquisa proporcionado um melhor entendimento sobre o fenômeno a ser estudado. Considerando essa abordagem, o presente trabalho foi desenvolvido na cidade de Codó – Maranhão, envolvendo professores efetivos de ciências da rede pública de Ensino Fundamental II (6° ao 9° ano) dos turnos matutino e vespertino na zona urbana do município. Para isso, foram utilizados como instrumentos de coleta de dados, um questionário fechado contendo cinco perguntas e uma entrevista semiestruturada, ambos aplicadas aos professores de ciências dos 9º anos, que ministram disciplina de química. Para o tratamento e análise dos dados buscou-se extrair unidades de significados (signos mais recorrentes), retirados do conteúdo falado e escrito nas entrevistas e questionários respectivamente, para categorização e agrupamento em redes sistêmicas (BOGDAN E BIKLEN, 1994). O percurso analítico dos dados direcionou-se a partir dos seguintes questionamentos: Qual a concepção dos professores da rede municipal da cidade de Codó – Maranhão sobre aulas experimentais no ensino de ciências? Como é o perfil dos experimentos implementados (quando implementados!)?

Resultado e discussão

Na zona urbana, existem 12 escolas de Ensino Fundamental. Destas, 9 oferecem ensino fundamental II nos 2 turnos e 3 oferecem em apenas um dos turnos. Participaram da pesquisa 13 professores de 10 escolas da amostragem geral. Diagnosticou-se que 09 escolas não possuem espaço físico destinado para atividades experimentais (90%); 07 delas tem incentivo por parte da gestão (70%) e apenas 01 das escolas possui kit de ciências (10%). Quanto a percepção dos professores sobre se sentirem motivados e/ou preparados para ministrar aulas experimentais, 09 disseram se sentir preparados para aplicar aulas experimentais (69,2%) e 04 salientaram não se sentirem preparados (30,08%). Em relação ao conteúdo disciplinar que facilita/oportuniza aulas experimentais, teve-se a seguinte ordem relatada: 07 professores preferem Química, 04 preferem Biologia e 02 professores preferem a disciplina de Física. Perfazendo em percentagem: Química 54%, Biologia/Ciências 30,7% e Física 15, 3%. A respeito das concepções sobre aulas experimentais no ensino de ciências/química do 9º ano, foram caracterizados, a partir da análise das respostas dos professores entrevistados dois tipos de concepções: i) compreensão contextual (possibilidade de contextualizar o ensino) e ii) compreensão conceitual (possibilidade de apropriação de conceitos científicos). Ressalta-se que devem ser levadas em consideração no planejamento de atividades que contemplem característica que preferencialmente, transcendam a intenção de demonstrar um conhecimento “verdadeiro” (GONÇALVES e MARQUES, 2006).

Conclusões

Ressalta-se que as aulas experimentais são consideradas pela amostragem de professores de ciências do 9º ano do Ensino Fundamental desta pesquisa como sendo de grande importância para o processo de construção de conhecimento dos alunos. Entretanto, os dados obtidos revelam que os professores encontram algumas dificuldades que acabam limitando ou interferindo no planejamento e na implementação dessas atividades nas aulas de Ciências, como por exemplo: (i) Inexistência de espaço físico; (ii) Falta de tempo para preparação das aulas; (iii) Superlotação das salas de aulas.

Agradecimentos

Secretaria Municipal de Educação de Codó - SEMED

Referências

ATAIDE, M. C. &. S. SILVA, B. V. C. As Metodologias do Ensino de Ciência: Contribuição da Experimentação e da História e Filosofia da Ciência. Holos, vol. 27, n.4, p. 171-181, 2011.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. 12. ed. Portugal: Porto editora, 1994.
GONÇALVES, F.P. & MARQUES, C. A - Contribuições pedagógicas e epistemológicas em textos de experimentação no ensino de química. Investigações em Ensino de Ciências, vol. 11, n. 2, p. 1 a 22, 2006.
ROSITO, B. A. O ensino de ciências e a experimentação. In: MORAES, R. e or. Construtivismo e ensino de ciências reflexões epistemológicas e metodológicas. 2 ed. Porto Alegre: EDIPUCRS. 2003, p. 195-208.
SANTOS, P. R. O ensino de Ciências e a ideia de cidadania. Revista Mirandum, vol.. 17, 2006.
ZÔMPERO, A. F. de; PASSOS, A. Q & CARVALHO, L. M. de. A Docência e as atividades de experimentação no ensino de Ciências nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Revista experiências em Ensino de Ciências, v7, Mai. 2012

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