Avaliação do uso da experimentação e recursos instrumentais no ensino de Química em uma turma do 1º ano do ensino médio da cidade de Breves/PA

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

dos Santos, V.B. (UFPA) ; Barros, E.M. (UFPA) ; de Lima, G.V.M. (UFPA)

Resumo

Este trabalho traz como proposta fazer uma avaliação do impacto do uso da experimentação e de recursos instrumentais nas aulas teóricas de química usando o contexto da água e suas propriedades em turmas do 1o ano do ensino médio, assim como fazer uma relação conhecimento empírico-conhecimento científico. Para tanto se fez uma intervenção pedagógica com intuito de verificar o ensino e a aprendizagem dos alunos, como ponto alto da intervenção experimental foi construído pelos próprios alunos um destilador com materiais alternativos presentes na região. Os resultados obtidos foram muito satisfatórios, tais como o nível de acertos com relação ao conhecimento de capacidade calorifica, onde houve uma evolução 15% antes da intervenção para 80% após a intervenção.

Palavras chaves

Experimentação; Recursos instrumentais; Ensino/aprendizagem

Introdução

O ensino da disciplina Química, ainda é alvo de críticas que se pautam na abordagem tradicional, com pouca ênfase nas atividades práticas, contextualização, experimentação e outras tendências que vêm sendo discutidas e investigadas atualmente (SILVA, 2010 P.1613). Nesse contexto “fazer com que nossos alunos e alunas incorporem o conhecimento químico em quantidade suficiente para que, no mínimo, gostem da Química, que tem sido, sem dúvida, uma tarefa complicada” (QUADROS, 2004, p. 26). Assim, teve-se a intenção de elaborar experimentos e recursos didáticos para inserir o devido contexto e multidisciplinaridade existentes, fazendo uso de materiais simples, de baixo custo do cotidiano do aluno. Dessa forma, a pesquisa realizada serviu para apresentar estratégias que darão subsídios para melhor planejar trabalhos e projetos, utilizando o conhecimento prévio dos alunos, além de crescimento intelectual e profissional, para os docentes e alunos envolvidos e fornecer condições para melhorar a educação escolar na cidade de Breves, em especial na Química. Fez-se a utilização do modelo de bolinhas para o entendimento dos alunos sobre as ligações covalentes e o efeito dos pares de elétrons isolados na sua geometria. Foram produzidos slides e apresentados vídeos para explicar conceitos abstratos. A estratégia principal da pesquisa foi a experimentação. Usou-se o experimento da densidade do gelo, de água e gelo de álcool (1); experimentos que demostram a capacidade da tensão superficial (2); ensaios sobre solubilidade, trabalhando conceitos como soluções, misturas homogêneas e heterogêneas (3); separação de soluções líquidas solúveis, fazendo uso do álcool e da água em um destilador e experimento sobre a capacidade calorífica (4).

Material e métodos

O primeiro exemplo prático utilizou-se gelo de água e gelo de álcool (etanol e água 52%) dentro de um recipiente transparente de vidro de 500 mL com água filtrada em temperatura ambiente. Assim pode-se constatar que o álcool segue o comportamento normal das substâncias, onde no estado sólido ele é mais denso do que no estado líquido. Já a água tem comportamento anormal, pois o estado sólido (gelo) a sua densidade é menor, fator que faz o gelo flutuar na água líquida (GOMES; CLAVICO 2005). O segundo exemplo prático foi colocada - com ajuda de um garfo - um clip de metal. O clip flutuou, assim também como uma agulha que foi colocada dentro do recipiente. Esse exemplo serviu de base para abrir um debate com a turma sobre a tensão superficial (ATKINS; JONES. 2001). O terceiro experimento foi de soluções homogêneas e heterogêneas utilizando água e sal (solução homogênea) e água, óleo de cozinha e areia (solução heterogênea). Esses materiais foram colocados dentro de 02 (DOIS) recipientes de vidro transparente de 500 mL, onde os alunos puderam verificar os números de fases de cada solução. Utilizando um destilador simples fez-se o quarto e ultimo experimento. Esse experimento é baseado no trabalho descrito por Sartori e colaboradores (2009), os quais utilizaram um destilador construído com material alternativo, de baixo custo e fácil aquisição, Figura 1. Na construção do presente destilador, utilizou-se três pedaços de madeira, um tubo em forma de T, parafusos, garrafa pet, um copo de vidro, um pedaço de mangueira. O procedimento experimental iniciou-se adicionando 10 mL de álcool a 52% e 10 mL de água filtrada, transferida para o recipiente do destilador. Depois se acendeu o aquecedor. Se fez uso de um termômetro para aferir a temperatura do processo.

Resultado e discussão

Hoje no ensino de Química os professores não fazem uma contextualização adequada dos conteúdos, deixando o cotidiano do aluno fora das aulas. Por isso, se quis saber dos professores: Você relaciona o ensino de Química com o cotidiano do aluno? Através do resultado do questionamento e de entrevistas com os próprios professores, pode-se entende o senário ruim que se reflete nas escolas de ensino médio do interior do Pará, mas especificamente, na região do Marajó-PA. Percebe- se na imersa maioria das aulas dos professores pesquisados, que 90% não tem uma frequência do ensino contextualizado com o cotidiano do aluno, onde os dados obtidos revelam a falta de relação das aulas com o cotidiano dos alunos, fato que pode se reflexo de um baixo desempenho da aprendizagem. Foi feita uma pesquisa com os alunos antes e depois da intervenção didática para saber o grau de dificuldade da disciplina de química.De acordo com os dados realizados, pode-se observa que a maioria dos alunos considerava o ensino de química uma disciplina de nível de compreensão difícil ou muito difícil. No entanto, após a aplicação da intervenção didática, a disciplina foi considerado por apenas 10% como difícil, ou seja, uma melhora de mais 800%, tal como o índice de fácil, que alcançou 52,5%, ao invés de 7,5% (700%). Para fazer a avaliação dos alunos quanto ao conhecimento químico do tema água buscando verificar suas respostas quanto a vários assuntos, como por exemplo, capacidade calorifica e ponto de ebulição. Com a intervenção pedagógica houve um crescimento dos acertos, passando de 15% para 80%. Resultados expressivos pelo uso da experimentação no ambiente escolar com uma didática atrelada a estudos do cotidiano do aluno.

Conclusões

Percebeu-se que fazer a relação do cotidiano dos alunos e a Química, criou dentro da sala de aula uma nova ótica dos alunos sobre o ensino de Química, onde passaram a entender e a gostar dessa disciplina. Estratégias como experimentação dão oportunidades para pensar, para refletir e dar significado ao que se está aprendendo, propiciando ambientes criativos que favoreçam os trabalhos de grupo e em ambientes distintos da sala de aula. Os resultados apontam caminhos para alcançar melhores resultados na buscar de uma aprendizagem significativa em uma região carente do interior do Pará.

Agradecimentos

Agradecemos ao PARFOR Química/UFPA pelos recursos disponibilizados.

Referências

ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química - questionando a vida e o meio ambiente. Ed. Bookman. São Paulo. 2001.

GOMES, Abílio Soares; CLAVICO, Etiene. Propriedades Físicas e Químicas da Água.
Universidade Federal Fluminense, Departamento de Biologia Marinha. Rio de Janeiro, RJ.

KAMI, Constance. Desvendando a Aritmética. São Paulo: Papirus, 1995. Disponível em: http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/constance-kamii-e-a-reivencao-da-aritmetica. Acesso em: 11/02/2017.

SARTORI, E. R. et al . Construção e Aplicação de um Destilador como Alternativa Simples e Criativa para a Compreensão dos Fenômenos Ocorridos no Processo de Destilação. experimentação no ensino de química. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA. Vol. 31 N° 1, FEVEREIRO 2009 pag. 55 – 57.
SILVA, da. S. G. As principais dificuldades na aprendizagem de química na visão dos alunos do ensino médio. IX CONGIC. Congresso de iniciação cientifica do IFRN. Tecnologia e Inovação para o Semiárido. Rio Grande do Norte – RN. 2010. Pag. 1612 – 1616.

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