O LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE QUÍMICA: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES SOBRE ESCOLHA DE INSTRUMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
Costa Cordeiro, D. (UFMA) ; Batista Lima, J. (UFMA) ; de Oliveira Marques, P.R.B. (UFMA) ; Vieira Carvalho Oliveira Marques, C.V. (UFMA)
Resumo
Este trabalho apresenta um recorte de uma pesquisa realizada com professores de química da cidade de Porto Franco-Ma, com relação aos procedimentos utilizados na escolha e na utilização do livro didático de química. A questão indagatória que norteou a discussão foi: Como se dá o movimento de escolha de livro didático de Química das escolas de Porto Franco/MA? A pesquisa seguiu abordagem qualitativa e utilizou-se da perspectiva da análise de conteúdo para analisar os questionários e entrevistas empregadas aos sujeitos da pesquisa. Os dados revelados pelos professores, mostrou que a maioria utiliza o LD de química como o principal instrumento pedagógico, porém não realizada uma análise minuciosa dos livros no momento de escolha, em decorrência de falta de tempo e suporte de apoio.
Palavras chaves
Ensino de Quimica; Livro didático; concepções de professores
Introdução
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), reforçam que a Química pode ser um instrumento da formação humana que amplia os horizontes culturais e a autonomia no exercício da cidadania, proporcionando meios de interpretar o mundo e intervir na realidade, se for apresentado como ciência, com seus conceitos, métodos e linguagens próprios, e como construção histórica, relacionada ao desenvolvimento tecnológico e aos muitos aspectos da vida em sociedade (BRASIL, 1999). No contexto nacional, culturalmente, o livro didático é o principal instrumento de trabalho utilizado pelos professores em todos os níveis de ensino, principalmente os da Educação Básica (ALVES, 2001, FREITAG, 1994). A literatura da área relata várias discussões a respeito dos parâmetros qualitativos para confecção e aprovação destes instrumentos criados a partir da década de 1990, pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD, 2012). Os critérios presentes no PNLD classificam e recomendam os livros que são disponibilizados aos professores da rede pública, na intenção de potencializarem e promoverem melhorias na execução dos trabalhos docentes. Sob esta ótica, o presente trabalho teve por objetivo verificar um ponto especifico da práxis docente, que é o movimento de escolha do livro Didático de Química, tendo como sujeitos, uma amostragem de professores de escola da rede pública de Ensino Médio da cidade de Porto franco – Maranhão.
Material e métodos
A proposta metodológica deste trabalho baseou-se na perspectiva de pesquisa qualitativa, utilizando como instrumentos de coleta de dados, questionários semiestruturados e entrevistas abertas para obtenção de informações e o revelar do panorama das concepções dos professores de professores de química efetivos do Ensino Médio da cidade de Porto – Franco /Maranhão, pontualmente sobre a questão de escolha e uso do livro didático de química. Os questionários e entrevistas utilizados foram adaptados de Marques (2010) e os dados foram organizados e trabalhados para a retirada de unidades de significados e apresentados por meio de redes sistêmicas (BLISS e OGBORN, 1983). A análise dos dados foi desenvolvida à luz dos novos paradigmas educacionais e das orientações para planejamento e utilização de metodologias de ensino, contidas nas legislações da educação nacional, mediante a implementação da nova Lei nº. 9394/96 - Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei Darcy Ribeiro, bem como o uso de outros documentos oficiais como o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD, 2012) e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de química no ensino Médio (PCNEM, 1998). Dessa maneira, o recorte desta pesquisa apresenta dados que buscaram revelar discussões em duas linhas de investigações, a saber: Como os professores escolhem os LD de química? Como é a utilização do livro didático de química no trabalho docente?
Resultado e discussão
A cidade de Porto Franco-Maranhão possui apenas uma escola que oferta o
Ensino Médio na zona urbana, com um conjunto de cinco professores de
química. Todos esses professores aceitaram participar desta pesquisa, porém
observou-se que nem todos são formados na área de química, apresentando,
portanto, a seguinte formação: dois professores com formação em química
(licenciatura), dois em biologia (licenciatura) e um de pedagogia. A
primeira indagação aos professores foi a respeito da utilização do livro
didático de química como recurso em suas aulas, sendo que todos os
professores participantes desta pesquisa responderam que sim, que usam o
livro de química escolhido pela escola, como principal recurso didático
adicionando esporadicamente material de apoio extraídos pela internet. Na
sequência, passou-se a indagação sobre o que estes professores conhecem
sobre o PNLD, e as respostas revelaram que todos os professores
entrevistados conhecem ou já ouviram falar sobre o programa citado em sua
amplitude e no caráter que assume na esfera da política educacional. Saber
do que se trata já sugere que este conjunto de professores está ciente das
principais orientações do PNLD e quais os critérios de qualidade de um livro
didático perante especialistas. Em seguida os professores foram perguntados
sobre os principais elementos contidos no livro didático que consideram como
importantes para decisão de escolha. Dentre os signos mais recorrentes pode-
se destacar os seguintes: (i) linguagem clara, (ii) contextualização, (iii)
imagens e (iv) quantidade de exercícios. Para os professores, o Livro
Didático de Química precisa direcionar-se no sentido de ser um guiado para
uma aula de qualidade e ainda aprimorar sua mediação do conhecimento a
partir de suas concepções, subjetividades e os seus próprios saberes.
Conclusões
Para utilização de instrumentos pedagógicos e de escolha dos livros didáticos que auxiliem o trabalho docente é importante o conhecimento de documentos como o Guia do PNLD. Pelo discurso dos professores verificou-se que a escolha ocorre em momentos pontuais, no início do ano letivo e que o guia infelizmente não tem sido levado em consideração em todos os critérios orientadores, inclusive de outros materiais complementares. No que diz respeito à escolha, a maioria dos professores afirma que não é realizada uma análise minuciosa dos livros em decorrência de falta de tempo e apoio técnico.
Agradecimentos
Secretaria Municipal de Educação de Porto Franco - SEMED
Referências
ALVES, Gilberto Luiz. A Produção da Escola Pública Contemporânea. Campinas: Autores Associados, 2001.
BLISS, J. M., M.; OGBORN, J. Qualitative data analysis for educational research: a guide of systemic network. London: Croom Helm, 1983.
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília: MEC/SESu, 1999.
FREITAG, B; COSTA, W.F; MOTTA, V.R. O livro didático em questão. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1994. (Coleção Educação Contemporânea).
MARQUES, Clara V. V. C. O. Perfil dos cursos de formação de professores dos programas de licenciatura em química das instituições públicas de ensino superior da região nordeste do país. São Carlos: UFSCar, 2010. 291 f.
MIZUKAMI, M. G. N.; et al. Processos formativos da docência: conteúdos e práticas. 1. ed. São Carlos: EDUFSCar, 2005. 330 p.