CONTEXTUALIZAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA: O MINICURSO “CAFÉ COM QUÍMICA”
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
Silveira, I.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO) ; Gobbo, R.C.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO) ; Moraes, M.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO)
Resumo
O café está presente na vida da maior parte da população mundial. No Brasil também é valorizado por ser um dos principais commodities. Por isso, é um material relevante para a contextualização e pertinente para abordagem com experimentação. O presente trabalho traz um relato de experiência sobre o minicurso “Café com Química” com o objetivo de retratar como o ensino de Química pode ser abordado de forma atrativa, estimulante, trazendo essa Ciência de maneira contextualizada e experimental. A experiência resultou em uma sequência conceitual, explicando de forma contextual os conteúdos sobre a Química envolvida no café, o que favoreceu abordar a formação cidadã. Ainda, através da extração da cafeína contida no café foi possível observar o distanciamento entre ensino e experimentação Química.
Palavras chaves
Café; Contextualização; Ensino de Química
Introdução
O café está presente na vida da maior parte da população mundial, utilizado não somente na bebida, mas também em botões para lojas de roupas, carteiras e bolsas. De acorde com Wartha, Silva e Berajano (2013) contextualização é entendida como um dos recursos para realizar aproximações entre conhecimentos escolares e fatos presentes no dia a dia dos alunos, de modo que apresente articulação de conhecimentos elaborados com temas geradores ligados à situações reais. O ensino de química tem sido aperfeiçoado a partir de estudos feitos por Chassot, Maldaner e entre outros, referenciados como inovadores e lutadores, para Schnetzler (2002) eles expandiram a pesquisa na área de ensino, trazendo para a mesma plena capacidade de visão, sendo tratada como uma disciplina presente no cotidiano. Como disse Chassot (1995) "(...) excessiva preocupação com o conteúdo está centrada em uma clássica desculpa: preciso cumprir o programa, ou preciso preparar os alunos para o vestibular. Pequena é a porcentagem de professores que dizem: "Preciso preparar meus alunos para a vida" (p.85). Outro desafio do Ensino de Química é a experimentação. Sabe-se que a experimentação é de modo geral escassa na escola pela falta de estrutura e recursos. Se faz necessário levar em consideração a experimentação no Ensino Médio e não tão somente a teoria. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é retratar como o ensino de Química pode ser abordado de forma atrativa, estimulante e diferenciada do que os alunos vivenciam em aulas convencionais, trazendo essa Ciência de maneira contextualizada e interdisciplinar experimental, partindo do seguinte questionamento: como a abordagem do tema café pode auxiliar na visualização/representação de um conceito científico para um melhor processo de ensino/aprendizagem?
Material e métodos
Este é um trabalho elaborado no âmbito da pesquisa educacional qualitativa, que recorre ao relato de experiência como estratégia metodológica, com base naquilo que propõe Pádua (2014). Segundo a autora, essa estratégia de pesquisa, apresenta-se como possibilidade de compreender a ação humana, histórica e socialmente contextualizada e propicia revitalização das teorias inerentes ao tema em estudo. A apresentação da experiência coloca em articulação um estudo descritivo e uma análise de múltiplas dimensões do Ensino de Química. Sendo assim, a análise recorre à cronologia e acontecimentos marcantes vivenciados na realização de um minicurso, de 5 horas, em 2017. Para tanto, o contexto estudado corresponde um espaço educativo em que o café esteve presente como tema para abordar os conceitos Químicos. Deste modo, por meio do minicurso intitulado “Café com Química”, se buscou a contextualização através do cotidiano dos alunos na Escola Estadual Francisco Alexandre Ferreira Mendes (1), através de um projeto de Extensão Universitária, a XXVIII SEMIPEQ (2), por meio da atuação do PIBID/QUÍMICA/UFMT (3). O minicurso foi preparado para que os estudantes tivessem maior aproveitamento na aprendizagem dos conceitos de Química de maneira que não apenas memorizassem. Quando o minicurso foi levado a escola, serviu também para que os professores vissem que eles não estariam fugindo de seu planejamento de ensino ao fazerem aulas experimentais para melhor representação dos alunos os conceitos da disciplina que muitas vezes são de difícil compreensão. Ao planejar esse minicurso de Extensão que aconteceria na escola, realizou-se uma revisão de literatura sobre o café, sobre contextualização, sobre o Ensino de Química no Brasil e sobre experimentação com café.
Resultado e discussão
Após troca mútua de informações numa primeira conversa, mostrou-se a
história, curiosidades e os mitos relacionados ao café. Depois os conceitos
científicos foram desenvolvidos e associados aos conhecimentos que os
estudantes haviam mencionado no início. Em seguida, cada aluno realizou o
experimento sobre as diferenças de densidade e superfície de contato.
Posteriormente, foi debatido sobre o que eles conheciam sobre a cafeína, de
maneira que fosse possível a construção de conhecimento no momento da
experiência. Aplicou-se também a experimentação sobre a retirada da cafeína
através do café por meio de extração com clorofórmio para a demonstração da
quantidade da substância presente na bebida.
Através desse relato de experiência foi possível compreender as grandes
lacunas no ensino médio. A primeira trata da articulação entre
contextualização e formação conceitual. O ensino de Química também precisa
ser visto como uma formação para a vida, sendo assim, a contextualização dos
conceitos ocorreu uma facilitação desta formação cidadã através do
discernimento prévio do contexto a ser estudado do qual os alunos possuíam o
saber, mesmo que seja de seu dia-a-dia, concomitante a aprendizagem
significativa do conteúdo científico que foi explanado.Com a sequência
conceitual do nível básico ao avançado, explicando de forma contextual os
conteúdos sobre a Química envolvida no café, ocorrendo com isso uma troca de
informações com participação ativa dos alunos. A segunda lacuna está
relacionada à visão da necessidade de um laboratório todo equipado para a
experimentação estar presente na escola, pois para as ministrantes essa foi
a interpretação que tiveram pelos estudantes. Ressalta-se que a parte de
extração foi feita para que não deixássemos a parte científica em segundo
plano.
Conclusões
Com o minicurso foi possível entender que ao mesmo tempo em que precisamos levar em consideração os conhecimentos cotidianos de todos, fazer experimentações claras com exemplos cotidianos, se faz necessário também sempre mostrar e ensinar o saber e o fazer científico, mesmo que de forma rápida, todo conhecimento abordado e aprendizado adquirido é válido. Constatou-se que em todo o ensino de Química através da contextualização feita com o café pelo minicurso foi de grande valia para os ministrantes, que por sua vez, puderam levar seus conhecimentos científicos para próximo dos alunos.
Agradecimentos
LabPEQ- Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química, na pessoa da profa. Dra. Elane Chaveiro Soares. CAPES- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Super
Referências
CHASSOT, Attico. Para que(m) é útil o ensino? . Canoas, Editora Ulbra, 1995.
PÁDUA, E. M. M. Pesquisa e complexidade: estratégias metodológicas e multidimensionais. 1 ed. Curitiba:PR: CRV, 2014.
SCHNETZLER, R. P.; A Pesquisa em Ensino de Química no Brasil: Conquistas e Perspectivas. Revista Química Nova, v25 Supl. 1, p. 14-24. 2002.
SILVA, E. Contextualização no Ensino de Química: ideias e proposições de um grupo de professores. Dissertação (Mestrado) - Curso de Química, Química Fundamental, 144 f. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Cap. 03. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/marco2012/quimica_artigos/contex_ens_quim_dissert.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2017.
WARTHA, E. J; SILVA, E. L; BERAJANO, N. R. R; Cotidiano e Contextualização no Ensino de Química. Revista Química Nova na Escola. São Paulo: v. 35, n. 2, 26 jan. 2013. Trimestral. Disponível em: <http://www.qnesc.sbq.org.br/online/qnesc35_2/04-CCD-151-12.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2017.