ELABORANDO E DEBATENDO IDEIAS SOBRE O ENSINO DE QUÍMICA EM UM CENTRO DE CIÊNCIAS
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
Silva, M.D.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Tolosa, F.E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Azevedo, W.H.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Barbosa, J.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Reis, A.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)
Resumo
Esta pesquisa visou relatar e discutir atividades realizadas durante um “Dia Temático de Química” no Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPP), com alunos do 3° ano do Ensino Médio. Os alunos participaram de práticas experimentais, fizeram considerações de formal oral sobre o Dia Temático e responderam, ao final, um questionário com perguntas objetivas e discursivas relativas as atividades desenvolvidas. Os resultados obtidos revelam que a proposta didática foi proveitosa para os alunos, pois se sentiram à vontade para exporem ideias sobre alguns conceitos químicos, diminuindo a repulsa por essa Ciência. Assim, foi possível verificar que o CCPP, um espaço não formal de ensino, pode contribuir significativamente para a diversificação dos processos de ensino e aprendizagem.
Palavras chaves
Espaço não formal de ensi; Cultura científica; Ensino de Química
Introdução
Nas últimas décadas, autores como Gaspar (1993), Jacobucci (2008) e Marandino (2008) têm destacado a importância do ensino de Ciências (Física, Biologia, Química) não se restringir ao ambiente da escola. Posto que, as instituições escolares não têm conseguido por si só ensinar aspectos mais abrangentes dos conhecimentos científicos para a população. Nesse sentido, os clubes, os museus e os centros de ciências despontam como locais que podem colaborar na diversificação dos processos de inserção a cultura científica. Uma vez que, utiliza-se uma abordagem de ciência diferente da trabalhada no contexto escolar, pois não contemplam os parâmetros curriculares tradicionais como a emissão de certificados e lançamentos de notas aos frequentadores. Outro aspecto que merece enfoque é que a utilização desses espaços não formais de ensino pode gerar, no visitante, estímulos em favor do aprendizado e, por sua vez, a ampliação da cidadania em situações envolvendo debates científicos. Considerando então, a necessidade da aquisição de conhecimentos se observa nas práticas educativas em espaços não formais (JACOBUCCI, 2008), uma possiblidade de oferecer, ao menos em parte, maior dinamicidade a relação ensino-aprendizagem. Isso é enfatizado por Bianconi e Caruso (2005), quando dizem que a educação não formal pode despertar a capacidade criativa dos estudantes. Diante disso, buscou-se por meio desta pesquisa relatar e discutir o papel do ensino de química por meio de atividades desenvolvidas em um “Dia Temático” no Centro de Ciências e Planetário do Pará, que pode ser compreendido como ambiente alternativo, que objetiva a divulgação científica e o desenvolvimento e aperfeiçoamento de alunos de determinadas áreas acadêmicas, através da interação monitor-visitante.
Material e métodos
A atividade foi executada no Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPP), da Universidade do Estado do Pará (UEPA), um espaço não formal de ensino. Como parte integrante do “Dia Temático da Química”, participaram 21 alunos do 3º ano do Ensino Médio de uma escola da rede pública de Belém-PA. A atividade foi dividida em quatro etapas. Iniciando com o questionamento para os participantes sobre o que entendiam por “Reação Química”? Em seguida, deu-se início às explicações teóricas necessárias e, posterior aplicação de experimentos. A experimentação foi desenvolvida com os kit’s da Experimentoteca CDCC-USP, relativos aos temas de Soluções e Cinética Química. Os participantes foram divididos em seis grupos, contendo de três a quatro alunos e, que seguiram um roteiro para execução da atividade experimental. No quarto momento, foi executado um experimento com materiais alternativos para abordar o tema de deslocamento do equilíbrio químico de acordo com Ferreira et al (1997), com modificações. Por fim, responderam a um questionário final, contendo oito perguntas abertas e fechadas sobre conceitos referentes a Soluções, Cinética Química e Equilíbrio Químico, e a forma como foram apresentados os temas, com a finalidade de avaliação da metodologia de ensino aplicada.
Resultado e discussão
Há nas respostas em relação à pergunta “O que você compreende por reações
químicas”, a repetição da expressão genérica “mistura de elementos que
reagem formando produtos”, tal como se pode observar em: “Quando dois ou
mais elementos reagem formando produtos, temos uma reação química” (Aluno A)
outro aluno respondeu da seguinte maneira “Reação química nada mais é que o
resultado de uma mistura de elementos, além disso pode ocorrer durante o dia
a dia, e pode ter sua velocidade acelerada ou reduzida e que depende da
situação” (Aluno B). Outros citaram exemplos da ocorrência de uma reação
química como o acendimento de um fósforo por exemplo. De modo geral, as
respostas dadas evidenciam a pouca familiaridade dos alunos com o conceito
de reação química. É nesse sentido que ações como as realizadas no CCPP
podem contribuir para a melhor assimilação de conceitos, visto que, de
acordo com Marandino (2008) o desafio central do ensino de ciências não é
mais a quantidade de conhecimentos e sim a capacidade de se construir
significados. Notou-se grande entusiasmo vindo dos estudantes, graças à
posição de protagonistas. A questão afetiva também contribuiu, em razão da
atenção dada pelos mediadores aos alunos, ponto destacado por Queiroz como
diferencial em espaços não formais (2002 apud ROCHA E TÉRAN, 2013). Ao
término, ao fazerem considerações orais sobre o “Dia Temático”, destacaram
que a química fazia mais sentido para eles; ao responderem o questionário
final, foi possível constatar melhor compreensão em relação aos conceitos
anteriormente citados.
Conclusões
A partir dos resultados nota-se que o ensino de química, em ambientes como o CCPP, tem sua capacidade otimizada, desde que não se tenha semelhança com os programas escolares tradicionais. No desenvolvimento das atividades, percebeu- se que os alunos possuem afinidade por tarefas em que possam atuar como protagonista. Assim, faz-se conveniente destacar que espaços não formais podem colaborar significativamente na inserção da população em uma cultura científica, e auxiliar na formação cidadã, além de contribuírem para a diversificação dos processos de ensino - aprendizagem.
Agradecimentos
Agradecemos ao Centro de Ciências e Planetário do Pará, por ceder seu espaço para o desenvolvimento dessa pesquisa. E aos professores André Reis e Maria Dulcimar Brit
Referências
BIANCONI, Maria L.; CARUSO, Francisco. Educação Não-Formal. Ciência e Cultura. São Paulo, v. 57, n. 4, Out. /Dez., 2005.
FERREIRA, L.H.; HARTWIG, D.R.; OLIVEIRA, R.C. Ensino Experimental de Química: Uma Abordagem Investigativa Contextualizada. Química Nova na Escola. São Paulo, v. 32, n. 2, maio, 2010.
FERREIRA, L.H.; HARTWIG, D.H; ROCHA FILHO, R.C. Algumas experiências simples envolvendo o Princípio de Le Chatelier. Química Nova na Escola. São Paulo, n. 5, maio, 1997.
GASPAR, A Museus e Centros de Ciências – Conceituação e Proposta de um Referencial Teórico. Tese de Doutorado. FEUSP, São Paulo, 1993.
JACOBUCCI, D. F. C. Contribuições dos espaços não-formais de educação para a formação da cultura científica. Em Extensão, Uberlândia, v. 7, 2008.
MARANDINO, M. Educação em museus: a mediação em foco. São Paulo, SP: Greenf/ FEUSP, 2008.
ROCHA, S. C. B.; TÉRAN, A. F. Contribuições de Aulas em espaços não formais para o ensino de ciências na Amazônia. Ciência em Tela, v. 6, n. 2, 2013.