OBTENÇÃO DE INDICADORES NATURAIS ÁCIDO-BÁSE ATRAVÉS DE PLANTA: UMA PROPROSTA PARA O ENSINO DE QUÍMICA.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Nascimento Justino, M. (IFMA) ; Silva de Araújo, R. (IFMA) ; Eurides de Carvalho Marques, G. (IFMA) ; do Socooro Lemos Vasconcelos, N. (IFMA)

Resumo

O ensino de química oportuniza métodos alternativos de caráter teórico- prático visando o maior interesse por parte dos alunos pela disciplina. Muitos destes enfrentam ainda a falta de Infraestrutura (laboratórios e materiais) primordiais para aprendizagem. Dessa forma a justicia-vermelha (Megaskepasma erythrochlamys) foi utilizada como indicador natural em uma prática de laboratório. Para efeitos comparativos, foram utilizados indicadores artificias. Para tanto realizou-se uma extração alcoólica, teste em soluções de pH variado e ainda, a submissão desta em sistema de titulação ácido-base. Os resultados foram significativos pois o indicador natural apresentou boa eficácia quando comparado com os artificiais.

Palavras chaves

Ensino de química; Indicadores ácido-base; Oportunidade

Introdução

Atualmente, o ensino das Ciências segue diferentes tendências como o ensino a partir da história das ciências, do cotidiano e da experimentação. Esta última vertente é de fundamental importância no âmbito do ensino de Química, pois em alguns conteúdos a teoria desvinculada da prática pode perder o sentido da construção científica, reforçando que o conhecimento científico se faz a partir da relação lógica entre prática e teoria (MATOS et al., 2015). Neste contexto a proposta da utilização de corantes contidos em pétalas de flores no ensino do conceito de indicadores ácido-base, apresentados como substâncias capazes de demonstrar ao experimentador, a condição de acidez do meio no qual estão inseridos. Esta demonstração pode ser feita com base na mudança de coloração observada pela adição do extrato bruto das pétalas em meio ácido ou básico (COUTO, RAMOS e CAVALHEIRO, 1998). A utilização dos extratos naturais indicadores de pH pode ser explorada didaticamente, desde a etapa de obtenção até a caracterização visual das diferentes formas coloridas que aparecem em função das mudanças de pH do meio (SOARES; SILVA; CAVALHEIRO, 2001). Podendo ser elaboradas atividades experimentais para o ensino de Química no nível médio, visando a abordagem de temas envolvendo processos de separação de misturas e conceitos relacionados a equilíbrio químico e indicadores de pH (KANDA et al.,1995; TERCI; ROSSI, 2002). Portanto, o presente trabalho tem como proposta avaliar a eficácia do indicador natural obtido pela planta Megaskepasma erythrochlamys, compará-lo com os artificiais e oportunizar o experimento como prática para o ensino de química.

Material e métodos

As pétalas das flores da espécie justicia-vermelha (Megaskepasma erythrochlamys) foram coletadas secas e frescas, livres de carpelo e estame e imediatamente levada ao laboratório. Houve a pesagem e trituração com auxílio de um almofariz com pistilo. Em seguida obteve-se o extrato alcoólico adicionando-se150 ml de álcool etílico de 99,5 %, da marca (ABSOLUTO. P, A – ACS. Alpha tec.) para cada 25 g de amostra triturada. Em seguida transferiu-se a mistura para um béquer e manteve-se em repouso por 48 horas em temperatura ambiente em seguida foi realizada a filtração do extrato. Para a realização dos testes de efeito indicador foram utilizadas soluções ácidas de pH 0 a 5, soluções alcalinas de pH 10 a 13, e tampões de acetato de amônia com os respectivos valores de pH: 6 a 9. As soluções utilizadas no experimento foram obtidas em ambiente fechado e submetidas a verificação do pH em papel universal e pHmetro. Para este procedimento, foram utilizados (14) tubos de ensaios, (02) estantes para tubos de ensaios, (10) pipetas graduadas de 5 ml, (02) balões volumétricos, (02) espátulas, (01) balança analítica (QUIMIS®) modelo Q-500L210C, (01) capela de exaustão, papel indicador universal (MACHEREY-NAGEL), (03) béqueres, (03) bastões de vidro, água destilada e as soluções apresentadas. Em cada tubo de ensaio colocou-se 5 ml de cada solução em ordem decrescente do ph e adicionou-se 5 gotas do extrato verificando a mudança de coloração nas soluções ácidos-base. O extrato obtido foi submetido ao sistema de titulação ácido forte e base forte. As titulações foram feitas em triplicata. Para efeitos comparativos, repetiu-se o mesmo procedimento com indicadores comerciais.

Resultado e discussão

Com base nas tonalidades de cores apresentadas (Figura 2) pelo extrato da Megaskepasma erythrochlamys(figura 1) pode-se observar boas expressividades dos resultados obtidos levando-se em consideração a ordem crescente de ácido e base fraco e forte respectivamente. Quando comparadas com outros indicadores as cores apresentadas são bem distintas uma vez que nas faixas de pH ácido predominam as tonalidades de cores claras, já as cores mais escuras nas faixas de pH alcalinos. O extrato alcoólico das flores da justicia- vermelha como um novo indicador natural ácido-base quando comparado com os artificiais (fenolftaleína, vermelho de metila e azul de bromotimol) apresentou resultados significativos no sistema de titulação ácido-base como mostra a tabela 1 abaixo. Os indicadores (Naturais e Artificiais) foram comparados dos seguintes modos, a saber: Quanto aos pontos de viragem nos sistemas de titulações ácido-base. Assim, o menor ponto de viragem observado refere-se à fenolftaleína, gastando-se 8,5 ml de solução titulante. O indicador natural chegou bem próximo ao Vermelho de metila, ambos com 9,7 ml de volumes gastos dos indicadores.Dessa forma, com base nos resultados obtidos o trabalho poderá servir como novo complemento didático para o estudo de ácido-base devido a sua simplicidade, mas principalmente por representar uma importante ferramenta para fortalecer a articulação da teoria com a prática favorecendo o sucesso do processo de ensino/aprendizagem na Educação básica.

Conclusões

Por conseguinte, de acordo com as observações dos parâmetros analisados, conclui-se que o extrato alcoólico da justicia-vermelha apresentou resultados significativos quanto a variação de coloração em função do pH, demostrando dessa forma boa eficácia como um indicador natural ácido-base. Além do baixo custo e de fácil acesso tal prática alcançou o objetivo proposto, pois oportunizou o ensino de química. Dessa forma pode decerto ser utilizada como complemento didático entre as relações teóricas e práticas do referido conteúdo.

Agradecimentos

Meus agradecimentos ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão.

Referências

COUTO, A. B.; RAMOS, L. A.; CAVALHEIRO, E. T. G. Aplicação de pigmentos de flores no ensino de química. Quím. Nova, v. 21, n.2, p.221-227, 1998.
KANDA, N.; ASANO, T.; ITOH, T.; ONODA, M. Preparing "chameleon balls" from natural plants: simple handmade ph indicator and teaching material for chemical equilibrium. J. Chem. Educ., v.72, n.12, p. 1131.1995.
MATOS, G. M. A.; MAKNAMARA, M.; MATOS, E. C. A.; PRATA, A. P. Recursos didáticos para o ensino de botânica: uma avaliação das produções de estudantes em universidade sergipana. Holos, v. 5, p. 213-230, 2015.
SOARES, M. H. F. B.; SILVA, M. V. B.; CAVALHEIRO, E. T. G. Aplicação de corantes naturais no ensino médio. Eclética Química, v. 26. p. 98-103, 2001.
TERCI, D. B. L.; ROSSI, A. V. Indicador natural de pH: usando papel ou solução? Química Nova, v. 25, n. 4, p. 684-688, 2002.