A REALIDADE VIRTUAL COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE DISCENTES SURDOS DO IFAM: VALÊNCIA E A POSIÇÃO DO ELEMENTO QUÍMICO NA TABELA PERIÓDICA

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Lourido Pardo, C.X. (IFAM-CMC) ; Lucena de Lavor, P. (IFAM-CMC)

Resumo

A química como componente curricular do ensino médio integrado em informática no IFAM/CMC/NAPNE, oportuniza a compreensão e domínio sobre assuntos relacionados aos fenômenos químicos, contudo, o ingresso dos alunos no ensino médio apresenta o baixo rendimento escolar por falta de base nos conteúdos. Essa dificuldade é maior aos discentes surdos que tem um déficit de material em Libras e de sinais para as terminologias de química. O projeto tem o objetivo de apoiar e utilizar a realidade virtual como instrumento facilitador para o ensino-aprendizagem das alunas surdas na disciplina de Química. Os resultados foram satisfatórios conforme a fala das discentes, as ações do auxílio de materiais adaptados, práticas metodológicas em vídeos 3D, conteúdos e aulas extraclasses antecipadas.

Palavras chaves

Surdez; Óculos de Realidade ; Ensino de Química

Introdução

Durante o estágio curricular obrigatório, a licencianda observou a dificuldade dos alunos para compreender as camadas de valência, sua distribuição eletrônica e a localização dos elementos na tabela periódica; o que prejudica a contextualização dos demais conteúdos da química. Como aluna apoiadora de algumas discentes surdas do IFAM, notou que essa dificuldade é maior devido à dificuldade da compreensão das terminologias em química. Segundo Pozo (2009), nos anos finais do ensino fundamental e inicial do ensino médio se introduz os conceitos de átomo, molécula e modelos que auxiliam a compreensão sobre as propriedades da matéria e suas mudanças. Essas informações são importantes para os saberes dos anos posteriores do ensino médio, que representa, “[...] a abstração sobre a abstração.”. De acordo com Alves et al (2016), é provável que ao primeiro contato dos alunos com a química, sintam dificuldades em compreender os elementos da tabela periódica com seus nomes, números atômicos, propriedades etc, e ao utilizar jogos digitais com química, o conhecimento passa a ser mais divertido e interessante. Aproveitando esse enfoque, com a finalidade de minimizar o problema e aproveitando o interesse das discentes surdas pelos conteúdos tecnológicos, utilizaram-se dois vídeos disponíveis no youtube, um programa para converter em 3D (¡playIT), óculos de realidade virtual (RV) e um celular com sensor giroscópico, de uso pessoal da própria licenciada, com a finalidade de aumentar o interesse e facilitar a compreensão do conteúdo: camadas de valência e seus cálculos, distribuição eletrônica, e localização dos elementos na tabela periódica. Segundo Cavalcante et al. (2016), pode-se obter estes dispositivos por um baixo custo, e utiliza-los como apoio para o ensino-aprendizagem.

Material e métodos

O projeto desenvolveu-se com três discentes surdas: duas alunas do 1º ano e uma do 2º ano do ensino médio Integrado em Informática do IFAM/CMC/NAPNE. As aulas de apoio realizaram-se em uma sala disponibilizada pela diretoria do campus, com o auxilio do NAPNE, por uma aluna licencianda em Química e a coordenadora especialista em Libras. Observou-se o conteúdo das aulas e antecipou-se o assunto ministrado em sala de aula, assim como, camada de valência. A ação contribui e facilita a explicação de termos específicos usados em aula, deste modo o Power Point auxiliou os tópicos que foram visualizados em 3D com o fim de facilitar a compreensão dos vídeos https://www.youtube.com/watch?v=cd82T7cf7Kc sobre a valência com duração de 6 minutos e 58 segundos e https://www.youtube.com/watch?v=CmJOoGq_ kJQ sobre a distribuição eletrônica e a localização dos elementos na tabela periódica com duração de 5 minutos e 34 segundos, pois estes não são traduzidos a LIBRAS. Os vídeos utilizados são demonstrações da empresa Designmate sendo o principal produto Eureka.in que contém vídeos animados e simulações que servem para colmatar a lacuna em áreas desafiadoras para a compreensão dos alunos. Utilizou-se o óculo de realidade virtual VRSDBOX Virtual Reality Glasses de uso pessoal da licenciada. Decidiu-se utilizar esta metodologia devido o interesse das alunas por informática, o mesmo pode observar-se pelo curso do ensino médio escolhido por elas. Planejaram-se cinco aulas, o suficiente para dirimir suas dúvidas, utilizou vídeos curtos com a duração de uma hora meia cada, eficaz para não exaurir as discentes, após a visualização retornou-se aos slides para sanar as dúvidas e as dificuldades as apoiadas desses estamentos do currículo.

Resultado e discussão

Os termos técnicos da disciplina apresentam um vocabulário limitado em Libras e de difícil contextualização, tendo em conta o pouco conhecimento do vocabulário que o surdo tem com relação à língua portuguesa escrita (L2), como afirma Machado (2012) “quando o tradutor-intérprete de Libras e português está no ato da interpretação, e este se depara com a tarefa de sinalizar conceitos abstratos, pode surgir uma variedade de escolhas de itens lexicais, tais como: (a) certos conceitos lexicalizados em LP que não há sinais de equivalência em Libras; (b) a dependência estrita a contextos específicos em que o TILS atua como, por exemplo, contextos jurídicos, clínicos, pedagógicos e entre outros.” Devido o léxico em termos técnicos ser limitado às alunas surdas apresentam dificuldade em relacionar os conteúdos ministrados ao aprendizado, assim como, camada valência. Segundo Sousa e Silveira (2011), “quanto maior o grau de abstração, maior a dificuldade de apreensão e entendimento pelos surdos”. No entanto, segundo a fala das discentes surdas à realidade virtual auxiliou na compreensão dos conteúdos estudados, ao utilizar os óculos de RV às alunas sentiram-se motivadas, pois conheciam o RV em vídeos de montanha russa. Informaram que o uso da RV não deve ser exclusivo, mas sim usado como apoio para as aulas, conforme Cavalcante et al. (2016) afirma que não se devem usar as tecnologias de forma exclusiva, mas sim como ferramentas para o ensino. As apoiadas compreenderam as partes microscópicas do átomo de maneira didática, aumentando o interesse para aprender a disciplina e melhorando o desempenho nas classes. Nunes (2011), conclui que a tecnologia em 3D pode ser importante para o ensino-aprendizagem, uma ferramenta que auxilia ao motivar e seduzir os alunos

Conclusões

Portanto, o IFAM/CMC/NAPNE apoiam ações de inclusão escolar, pois o rendimento das alunas surdas apresentaram melhoras em Química, o apoio e o RV foram positivos nivelando e tornando o espaço inclusivo no uso da tecnologia, Libras e L2. A motivação foi notória, pois incentivou a participação das discentes através do RV, em ação inovadora que apresentou relevância ao apoio. O professor de classe foi de fundamental importância no processo de apoio, seu retorno foi positivo ao dispor o conteúdo utilizado em classe. O projeto se torna contínuo e inovador em realidades desafiadoras.

Agradecimentos

Agradecemos ao Instituto Federal do Amazonas por incentivar o ensino, pesquisa e extensão. Agradecemos ao NAPNE pelo espaço, materiais e apoio.

Referências

ALVES, Gabriel; SOUZA, Emerson; MOISES, Pedro. Química run: uma ferramenta lúdico-educativa no ensino de química. In: Anais dos Workshops do V Congresso Brasileiro de Informática na Educação. p. 701, 2016.

CAVALCANTE, Reidner Santos et al. Aplicação de Realidade Aumentada Móvel para Apoio ao Ensino de Crianças. In: Anais dos Workshops do V Congresso Brasileiro de Informática na Educação. p. 691, 2016.

MACHADO, Flávia Medeiros Álvaro. Interpretação e tradução de libras português dos conceitos abstratos crítico e autonomia. Dissertação de mestrado. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2012.

NUNES, Maria Helena Matias Cunha Fernandes. Ambientes virtuais 3D no ensino da Física e da Química: o caso da simulação da queda livre e o caso dos metais (série eletroquímica). Dissertação de Mestrado. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2011.

POZO, Juan Ignácio; CRESPO, Miguel Ángel Gómez. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Tradução Naila Freitas. 5 ed., Porto Alegre: Artmed, 2009.

SOUSA, S.; SILVEIRA, H. Terminologias químicas em libras: a utilização de sinais na aprendizagem de alunos surdos. Química Nova na Escola, v. 33, n. 1, p. 37-46, 2011.

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