UMA DIAGNOSE DA EXTENSÃO DO ENSINO CONTEXTUALIZADO NAS AULAS DE QUÍMICA EM UMA ESCOLA DO MUNICÍPIO DE SALVATERRA-MARAJÓ-PARÁ.
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ensino de Química
Autores
Alves da Costa, A.P. (UEPA) ; Muribeca, A.J.B. (UFPA) ; Gomes, P.W.P. (UFPA) ; Santiago, J.C.C. (UFPA)
Resumo
O presente trabalho expressa uma análise do ensino de química através da contextualização ao uso dos termos do cotidiano dos alunos, procurando esclarecimentos acerca dos pressupostos epistemológicos e pedagógicos relacionados ao ensino dessa disciplina, aproveitando no primeiro momento, a vivência dos alunos, os fatos do dia-a-dia, a tradição cultural e a mídia, buscando com isso reconstruir os conhecimentos químicos abordados de uma maneira geral.
Palavras chaves
Ensino de Química; Contextualização ; Cotidiano
Introdução
A Química é uma ciência experimental, sendo assim, passa a ser considerada deficitária para que os alunos possam adquirir aprendizagem eficaz sem uso de atividades práticas. Segundo as DCE – Química (2008, p.69), “os experimentos podem ser o ponto de partida para a apreensão de conceitos e sua relação com as idéias a serem discutidas em aula”. Essas atividades em Química na escola pública geralmente são feitas com reagentes caros e de difícil acesso, o que acaba levando ao distanciamento entre o ensino de química, meio ambiente e meio social dos discentes. Portanto, os docentes da escola contemporânea possuem o dever de criar condições favoráveis e agradáveis para o ensino e aprendizagem da disciplina, aproveitando, no primeiro momento, a vivência dos alunos, os fatos do dia-a-dia, a tradição cultural e a mídia, buscando com isso reconstruir os conhecimentos químicos para que o aluno possa refazer a leitura do seu mundo (BERNARDELLI, 2004). Diante disso, o presente estudo teve como objetivo fazer uma investigação preliminar, com uma turma de alunos do 3° do ensino médio de uma escola do município de Salvaterra-Marajó-PA, a cerca da extensão do ensino contextualizado na disciplina de Química.
Material e métodos
O presente trabalho foi realizado com alunos do 3° do ensino médio pertencentes a uma escola da rede pública de ensino no município de Salvaterra – Marajó - Pará. A pesquisa foi de caráter quanti-qualitativo, sendo os dados obtidos a partir de um teste-atividade. As questões contidas no teste foram organizadas com base na correlação entre o nome trivial das principais substâncias empregadas na rotina doméstica, com suas respectivas fórmulas moleculares e nomes sistemáticos proposto pela IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), o que, com base no desenho curricular, já foi temática compreendida nas séries anteriores ao nível de escolaridade dos alunos pesquisados. A realização do teste foi somente com os alunos (20) solícitos a participar após tomar conhecimento do principal objetivo da pesquisa. Os participantes foram orientados de que, com base em seus conhecimentos adquiridos em sala de aula, particularmente na disciplina química, deveriam enumerar cada item da coluna II conforme a numeração respectiva da coluna I, que versava sobre algumas substâncias descritas conforme o nome adotado pelo senso comum, isto é, do dia-a-dia. Os resultados foram interpretados com base nos “acertos” que compreendiam a correlação satisfatória para cada substância.
Resultado e discussão
Através dos resultados obtidos no presente trabalho, destaca-se o percentual
(55%) significativo para os “acertos” na correlação entre nome trivial e
nome sistemático, ou seja, denota que “a maior parte” dos alunos apresentam
entendimento referentes às sinonímias existentes para uma mesma substância.
Entretanto, 45% dos alunos entrevistados, apresentaram dificuldades em
associar o conhecimento do dia-a-dia com o adquirido na escola. Esse aspecto
é de extrema importância para que o aluno, uma vez que associa o nome comum
ao nome sistemático, possa estar estabelecendo inúmeras comparações, a fim
de contextualizar fatos complexos em busca de aprendizado eficaz de forma
simples e usando situações do meio social dos discentes.
Segundo Giroux (1992), Wilson e Myers (2000), a aprendizagem deverá passar a
estruturar-se a partir do contexto social e cultural dos alunos e, ainda,
das suas vivências pessoais e familiares. Desta forma, Festas (2015) afirma
que em uma escola, um ensino e uma aprendizagem devem ser centrados em
saberes contextualizados, alternativos aos conhecimentos acadêmicos que se
apresentam como os principais objetivos da escola tradicional.
Os resultados, embora que preliminares, são importantes para diagnosticar a
extensão da aprendizagem no ensino de Química, visto que é extremamente
necessário, pois a representatividade de 45% denota a lacuna existente no
processo de ensino-aprendizagem em química, o que pode estar relacionado a
inexistência da arte de inovar em métodos pedagógicos de ensino por parte
dos docentes das escolas públicas. Lutfi (1988; 1992) afirma que um ensino
através da contextualização do conceito científico e o cotidiano
potencializa-se, pois propõe um olhar diferenciado e não reducionista,
procurando extrair do cotidiano dos alunos suas características comuns,
corriqueiras para estudo mais complexo embasado em conhecimentos
sistematizados.
Correlação utilizada para avaliação da contextualização química dos discentes.
Conclusões
Os resultados demonstram que uma parcela dos alunos apresenta discernimento e compreensão sobre a contextualização de produtos químicos usados em situações corriqueiras do dia a dia com os conhecimentos adquiridos em sala de aula. Entretanto, destaca-se ainda uma lacuna considerável, onde parte dos discentes ainda sofrem com a precária aprendizagem, está podendo está correlacionada a diversos fatores limitantes de ensino, portanto, denota-se como de suma relevância a metodologia utilizada nesta análise para compreender o contexto ensino-aprendizagem em química e espera-se que está promova novas idéias incentivadoras da arte de aprender química nas escolas públicas, bem como para contribuir na melhora deste quadro considerável alarmante atualmente.
Agradecimentos
Referências
BERNARDELLI, M. S. Encantar para ensinar – um procedimento alternativo para o ensino de Química. In: Convenção Brasil Latino América, Congresso Brasileiro e Encontro Paranaense de Psicoterapias Corporais. 1.,4.,9., Foz do Iguaçu. Anais... Centro Reichiano, 2004. CD-ROM.
DCE. Diretrizes Curriculares da Educação em Química para o ensino médio. Curitiba 2008.
FESTAS, M. I. F. A aprendizagem contextualizada: análise dos seus fundamentos e práticas pedagógicas. Educação e Pesquisa., São Paulo, v. 41, n. 3, p. 713-728, jul./set. 2015.
GIROUX, Henry. Escola crítica e política cultural. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1992. 104 p.
LUTFI, M. Cotidiano e educação em química: os aditivos em alimentos como proposta para o ensino de química no 2º grau. Ijuí: Unijuí, 1988.
______. Ferrados e cromados: produção social e apropriação privada do conhecimento químico. Ijuí: Unijuí, 1992.
WILSON, B.; MYERS, K. Situated cognition in theoretical and practical context. In: JONASSEN, David; LAND, Susan (Ed.) Theoretical foundations of learning environments. Mahwah: Lawrence Erlbaum, p. 57-88, 2000.