O ENSINO DE CIÊNCIAS COM MATERIAIS ALTERNATIVOS NO CEJA CREUSLHI DE SOUZA RAMOS

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Oliveira, D.F.L. (IFMT) ; Leão, M.F. (IFMT) ; Braz, M.L. (UFMT)

Resumo

Esse estudo tem abordagens do tipo qualitativo com procedimentos de pesquisa bibliográfica. O estudo objetiva mostrar como que se deu o processo de ensino e aprendizagem de ciências com aulas experimentais em uma turma Multifase do 1º segmento no CEJA Creuslhi de Souza Ramos. Foram planejadas duas aulas experimentais. Na primeira aula experimental, foi observado como que ocorre o tratamento da água por eletrofloculação e na segunda aula experimental, fez-se a determinação de ácido e base usando o extrato do repolho roxo como indicador natural. Embora os experimentos tivessem uma abordagem pedagógica e um nível maior em relação aos alunos matriculados na turma, observamos que o processo de ensino e aprendizagem dos alunos foi considerado satisfatório.

Palavras chaves

Ensino de ciências; Materiais alternativos; EJA

Introdução

Esse estudo objetiva mostrar como que se deu o processo de ensino e aprendizagem de ciências com aulas experimentais em uma turma Multifase do 1º segmento no Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) Creuslhi de Souza Ramos, que está localizado no Município de Confresa, Estado de Mato Grosso, e atende de forma exclusiva a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Partindo do pressuposto de EJA, acreditamos que essa modalidade tem o seu modo próprio de ensinar, aprender e fazer educação, modo esse condicionado pelos sujeitos que a recebem: os jovens e os adultos (PIRES, 2012). Esse modo próprio, conforme exposto anteriormente, levou-nos a planejar duas aulas experimentais de ciências utilizando materiais alternativos. Segundo Almeida (1998) o trabalho experimental é entendido como um processo investigativo que envolve uma pluralidade de métodos e de explicações onde a criação, a invenção, a incerteza, a autocrítica, a heterocrítica e o erro podem desempenhar um papel fundamental na compreensão do problema de partida e na definição e avaliação das estratégias possíveis para a sua resolução, poderá contribuir para a criação de aprendizagem significativa. Concordamos com Santos, Bispo e Omena (2005) pois o ensino de ciências visa à formação de cientistas e permite a vivência do método científico como necessário à formação do cidadão. Nas concepções de Morais (2009), o ensino de ciências deve proporcionar ao aluno de EJA a oportunidade de visualização de conceitos ou de processos que estão sendo construídos por ele na escola.

Material e métodos

O estudo foi desenvolvido em uma turma de Multifase do 1º segmento no CEJA Creuslhi de Souza Ramos. Nas turmas de Multifase do 1º segmento são matriculados alunos de 1ª a 4ª serie, ou seja, são as series iniciais do ensino fundamental. Essa turma fica aproximadamente 8 quilômetros de distância da sede do CEJA Creuslhi de Souza Ramos, todavia é um espaço anexo e/ou extensão. A abordagem desse estudo caracteriza-se de modo qualitativo com procedimentos de pesquisa bibliográfica. Essa extensão é conhecida como CTAV (Centro Terapêutico Arvore da Vida), ou seja, é um espaço de internação de pessoas que são dependentes químicos e/ou viciados em bebidas alcoólicas. O espaço é mantido pela Igreja Batista de Confresa, porém, o processo educacional ofertado aos internos é feito pelo CEJA Creuslhi de Souza Ramos. Foram planejadas duas aulas experimentais, na primeira, fez-se dois experimentos práticos e na segunda um. Na primeira aula experimental, foi observado como que ocorre o tratamento da água por eletrofloculação e na sequência, observou-se o crescimento de cristais na casca de ovo. Na segunda aula experimental, fez-se a determinação de ácido e base usando o extrato do repolho roxo como indicador natural. Foram usados os seguintes materiais, sendo, bateria de 9 V; pregos; água; sal (cloreto de sódio); corante alimentício; fios de cobre; filtro de papel; 2 copos de vidro; repolho roxo; limão; vinagre; bicarbonato de sódio; sabão em pó; água sanitária; detergente. A saturação da solução de pedra-ume (alúmen de potássio) ficou abaixo do normal e isso fez com que não houvesse o crescimento de cristais na casca do ovo, por esse motivo o experimento foi descartado e não está descrito nos resultados.

Resultado e discussão

O ensino de ciências quando trabalhado com aulas experimentais favorece o processo de ensino e aprendizagem de alunos que estudam na EJA. Observou-se, nas aulas experimentais, a espontaneidade dos alunos em participar e realizar os experimentos propostos. Os materiais alternativos usados nos experimentos foi o grande diferencial das aulas. Augustinho (2010) afirma que a experimentação no ensino de ciências desperta um forte interesse nos alunos, devido ao seu caráter lúdico e motivador, essencialmente vinculado aos sentidos. Giordan (1999) defende que é necessário criar oportunidades não somente para realizar experimentos em equipe, mas também para a colaboração entre equipes. De fato, o trabalhado em equipe realizado nessas aulas favoreceram o processo de ensino e aprendizagem e auxiliou na construção dos resultados esperados. As aulas experimentais, bem como o trabalho em equipe defendido por Giordan fizeram com que os alunos assimilassem os conteúdos propostos de maneira satisfatória. No experimento “tratamento da água por eletrofloculação”, os alunos assimilaram que essa técnica é simples, todavia, eficiente na remoção de poluentes de águas residuais. Se sensibilizaram que a água é um recurso natural esgotável e que precisa estar tratada para depois ser ingerida pelo ser humano. Compreenderam que a água é um solvente universal. Na aula experimental “determinação de ácido e base com o extrato do repolho roxo como indicador natural”, a quantificou-se os produtos nocivos que temos casa, bem como os cuidados que devemos ter ao manuseá-los. Na sequência fez-se a diferenciação de ácidos e bases. Após o preparo das soluções que seriam usadas no experimento, os alunos deram importância no uso dos equipamentos de segurança ao manipular esses produtos e ao final da aula compreenderam que a antocianina presente no repolho roxo faz com que haja a coloração ao reagir com as soluções de ácidos e bases. Embora os alunos tivessem um conhecimento de mundo e conhecessem cada um dos produtos, fez-se, uma abordagem de conhecimentos e termos científicos para identificar cada um dos produtos. E, por mais simples que fossem as abordagens usadas, os alunos ficaram maravilhados, pois estavam assimilando novos conhecimentos e muitos diziam, “quando for na rua vou pedir hidróxido de sódio para o vendedor”.

Figura 1: Aula experimental com materiais alternativos.

Alunos do CTAV desenvolvendo a aula experimental com materiais alternativos.

figura 2: Eletrofloculação

Aula experimental, tratamento da água por eletrofloculação no CTAV

Conclusões

Nesse estudo foram trabalhadas algumas aulas experimentais voltados ao ensino de ciências em uma turma Multifase do 1º segmento da EJA. Embora os experimentos tivessem uma abordagem pedagógica e um nível maior em relação aos alunos matriculados na turma, observamos que o processo de ensino e aprendizagem dos alunos foi considerado satisfatório. Focamos nos conceitos básicos de cada experimento, portanto concluímos que aulas experimentais podem ser planejadas e trabalhadas em qualquer ano do ensino fundamental ou médio, desde que os conceitos sejam abordados de acordo com o nível de cada turma. Ressaltamos que é importante o uso de termos e conceitos da linguagem técnica para ilustrar os produtos usados nas aulas experimentais, ou seja, é fundamental que o aluno assimile aquilo que é popular com científico. E, por mais que as aulas sejam feitas com materiais alternativos é importante que os alunos compreendam a importância de se usar os Equipamentos de Proteção Individual.

Agradecimentos

Ao IFMT Campus Confresa por nos proporcionar a Pós-graduação(Latu Sensu) em Ensino de Ciências.

Referências

ALMEIDA, A. M. F. G. O papel do trabalho experimental na educação em ciências. Comunicar Ciência, Lisboa, Ministério da Educação, Ano 1, n. 1, 1998.

AUGUSTINHO, E. O ensino de ciências na educação de jovens e adultos: uma avaliação nas escolas da baixada fluminense. 2010. 129 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ensino de Ciências, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Nilópolis, 2010.

GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química Nova na Escola, São Paulo, n. 10, p. 43-49, Nov. 1999

MORAIS, F. A. de. O ensino de Ciências e Biologia nas turmas de EJA: experiências no município de Sorriso-MT. Revista Iberoamericana de Educación, Sorriso, v. 8, n. 6, p.1-6, mar. 2009. Disponível em: <http://rieoei.org/expe/2612Morais.pdf.>. Acesso em: 15 jul. 2017.

PIRES, V. B. A prática no ensino de ciências na educação de jovens e adultos em escolas municipais de São Mateus - ES. 2012. Disponível em: <http://www3.ceunes.ufes.br/downloads/43/ppgedu-monografia Valdirene Bernardino.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2017.

SANTOS, P. O.; BISPO, J. dos S.; OMENA, M. L. R. de A. O ensino de ciências naturais e cidadania sob a ótica de professores inseridos no programa de aceleração de aprendizagem da EJA - Educação de Jovens e Adultos. Ciência e Educação, Bauru, v. 11, n. 3, p.411-426, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v11n3/05.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2017.

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