Metodologias utilizadas no Ensino de Química: as aulas da EJA em um colégio estadual do município de Vitória da Conquista-BA

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Menezes de Oliveira, T.A. (IFBA) ; Souza Moreira, M. (IFBA)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo abordar as metodologias para o ensino de Química nas aulas de um colégio estadual que oferta a Educação de Jovens e Adultos (EJA), localizado na zona urbana do município de Vitória da Conquista- Bahia. Os sujeitos da pesquisa foram os alunos dessa modalidade de ensino e por meio da aplicação de um questionário misto se levantou as informações para identificar as metodologias utilizadas pelo docente da área de Química, os aspectos sinalizados a partir da visão dos discentes relacionando-os com sua aprendizagem para avaliar se as metodologias utilizadas colaboram para uma aprendizagem contextualizada e significativa em Química.

Palavras chaves

EJA; ENSINO DE QUÍMICA; METODOLOGIAS

Introdução

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um direito do indivíduo que não teve acesso à escola com a idade regular, direito este assegurado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9.394. De acordo com o art. 37, parágrafo 1° da LDB, os sistemas de ensino devem propiciar “(...) oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (BRASIL, 1996). Assim, segundo (CASÉRIO, 2003) o professor da EJA deve ser cuidadoso ao trabalhar os conteúdos da matriz curricular com competência técnica e com compromisso político, para que assim auxilie na formação da consciência crítica do educando. Sabemos que há pluralidade de metodologias utilizadas no desenvolvimento de aprendizagens, sobre isso destacamos dois aspectos: “a aprendizagem se dá através do ativo envolvimento do aprendiz na construção do conhecimento e as ideias prévias dos estudantes desempenham um papel fundamental no processo de aprendizagem” (MORTIMER, 2000, p. 36). O estudo que ora apresentamos adotou o Estudo de Caso como caminho para analisar os processos educativos de uma realidade específica, os sujeitos da pesquisa foram os alunos da EJA, cujo objetivo foi avaliar se as metodologias selecionadas para o ensino de Química em um determinado colégio municipal de Vitória da Conquista-Bahia colabora para uma aprendizagem contextualizada da Química. A relevância do tema está em reconhecermos que a EJA tem suas especificidades e como tal demanda um trabalho que assegure a possibilidade do aluno acessar o conhecimento de Química, assim o professor/estudante da licenciatura, precisa identificar as especificidades dessa modalidade de ensino para que alcance os objetivos necessários.

Material e métodos

Foi elaborado um questionário misto contendo 16 (dezesseis) perguntas que foi respondido pelos educandos da EJA que são, no estudo, os nossos sujeitos. A aplicação do questionário sucedeu em uma turma do eixo temático VII da EJA, turno noturno, formada por 24 (vinte e quatro) alunos com idade média de 25 anos. Em suma, foi indagado ao aluno se ele tem interesse em aprender Química e se possui dificuldades neste componente curricular. Em relação à metodologia do docente, perguntamos quais atividades eram propostas (experimentação, provas, lista de exercícios, entre outros), se eram utilizados recursos metodológicos (slides, vídeos, animações, simulações, entre outros), se nas abordagens do conteúdo empregava-se situações do cotidiano para exemplificá-lo. No final do questionário perguntamos ao estudante o que poderia ser feito para auxiliar ainda mais na sua compreensão dos conteúdos de Química.

Resultado e discussão

De acordo com o questionário aplicado, 18 (dezoito) alunos relataram que possuem interesse em aprender Química, pois acham interessantes as mudanças, as curiosidades, a experimentação e alguns acontecimentos do dia a dia que podem ser explicadas por ela. No entanto, 17 (dezessete) alunos afirmaram que possuem dificuldades em seu aprendizado devido à complexidade de alguns conteúdos. Os discentes informaram que o professor executa uma metodologia que envolve atividades diversificadas: propõe avaliação individual, em dupla, com consulta, listas de exercícios, leitura de textos e trabalhos escritos. Quando ministra a aula ocasionalmente usa slides, animações e vídeos, frequentemente relaciona o conteúdo com o cotidiano para auxiliar na compreensão do mesmo. Entretanto, sugerem que o docente poderia propor para auxiliar ainda mais na compreensão dos conteúdos, as atividades experimentais (que não ocorrem) e usar com mais frequência slides e vídeos. Nota-se que a professora regente da turma considera o art. 37, parágrafo 1° da LDB (citado anteriormente) e durante a explanação do conteúdo ao relacionar o componente curricular com o cotidiano, parte das “ideias prévias dos estudantes” (MORTIMER, 2000, p. 36). No entanto, devido a outros aspectos que não foram identificados no questionário, a professora ainda não parte desse interesse de toda turma pelos experimentos, perdendo a oportunidade de incitar ainda mais o interesse que os alunos já possuem pela Química, além de tentar aproximar aqueles que possuem dificuldades. É válido ressaltar que “a forma de aprender ciências pode influenciar mais no futuro acadêmico e pessoal do aluno que os próprios ‘conteúdos’ aprendidos” (POZO; CRESPO, 2009, p. 39), pois a educação científica auxilia na construção da criticidade do indivíduo.

Conclusões

Desta forma, pelo que foi demonstrado até aqui, as metodologias a serem aplicadas nas aulas necessitam ser planejadas cuidadosamente e criteriosamente pensando na contribuição para o desenvolvimento da aprendizagem do educando, aproveitando o conhecimento de mundo e científico que o aluno já detém, consequentemente auxiliando no entendimento dos conteúdos e na construção de um ser pensante e crítico, essa é uma prerrogativa que envolve o trabalho dos professores em geral e da EJA, especificamente.

Agradecimentos

Ao Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.

Referências

CASÉRIO, V. M. Regino. Educação de jovens e adultos: pontos e contrapontos. Bauru, SP: EDUSC, 2003 (Coleção Educar).

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 02 abr. 2017.

MORTIMER, E. Fleury. Linguagem e formação de conceitos no ensino de ciências. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2000.

POZO, J. Ignacio; CRESPO, M. A. Gómez. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Tradução de Naila Freitas. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

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