Estudo da filtração de ostras Crassostrea brasiliana através da análise de cor

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ambiental

Autores

Costa, L.G.A. (UFRN) ; Galvão, A.G.P. (UFRN) ; Santana, J.J. (UFRN) ; Costa, E.C.T.A. (UFRN) ; Medeiros, G.F. (UFRN) ; Silva, D.R. (UFRN)

Resumo

As ostras são seres invertebrados que possuem a capacidade de concentrar em seus tecidos teores analisáveis de poluentes e, por isso, são utilizadas como biomonitores. Este trabalho visa avaliar a filtração de ostras Crassostrea brasiliana através de estudo de cor por Espectrofotometria UV-Vis de amostras de água produzida (AP) contendo metais em que os organismos foram submetidos. Nos experimentos foram utilizados 3,0 L de AP. Nos experimentos A e C foi adicionado 3,0 mL de um corante artificial e nos experimentos B e D ocorreu a de padrões metálicos. Em todos os experimentos houve a redução na absorbância do meio no período de 24 h, entretanto para os experimentos B e D houve um leve aumento no valor adquirido de cor devido a liberação de metais que estavam retidos no tecido das ostras.

Palavras chaves

Ostras; Corante; Espectrofotometria UV-Vis

Introdução

As ostras são seres invertebrados, sésseis e filtradores, de fácil coleta e de tamanho razoável, sedentárias e que possuem um longo tempo de vida cuja composição pode variar de acordo com a espécie, sexo, tamanho, temperatura, estação do ano entre outros fatores (JESUS et al., 2003; CAETANO, 2006). Este organismo vive em ambientes de clima temperado e tropical, típico em regiões estuarinas da América do Sul pode ser encontrado ao longo de toda costa brasileira, principalmente na região nordeste (GONÇALVES et al., 2007). Esses invertebrados possuem a capacidade de concentrar em seus tecidos moles teores analisáveis de diversos poluentes, tais como metais tóxicos, que quando disponíveis na água do mar, podem estar em concentração de traços a nível de mg/kg a ng/kg. Por estas características, são comumente utilizados como biomonitores de ambientes impactados por metais tóxicos (GOLDBERG, 2000). Diante desta conjuntura, este trabalho visa avaliar a filtração de ostras Crassostrea brasilianaatravés de estudo de cor de amostras de água produzida da indústria do petróleo contendo metais em que os organismos foram submetidos.

Material e métodos

Para o presente estudo, foram utilizadas ostras Crassostrea brasiliana como organismos filtradores, que foram adquiridas na Associação de Produtores de Ostras do Rio Grande do Norte (APROOSTA/RN). Após aquisição, os organismos foram encaminhados para a Central Analítica do NUPPRAR/UFRN para realização dos experimentos. Nos experimentos foram utilizados 3,0 L de água produzida proveniente da Bacia Potiguar. Três ostras foram adicionadas em cada um dos aquários e para os aquários em que os experimentos A e C foram realizados foi adicionado 3,0 mL de um corante artificial para fins alimentícios cor rosa pink. Nos aquários dos experimentos B e D foram adicionados 10 mL de padrões de 1000 mg/L de As, Se, Sb, Co, Ni, V, Cr, Cd, Hg, Pb, Cu, Fe, Mn e Zn obtendo-se uma concentração final de 3,0 mg/L de cada metal nos ambientes aquáticos. Alíquotas da água foram coletadas a cada 24 horas durante um período de 48 horas. Para verificar a remoção da cor no sistema, uma varredura na região do ultravioleta e visível (UV-Vis) na faixa de 190 a 800 nm utilizando o Espectrofotômetro DR5000 da HACH. Após determinar o comprimento de onda ideal para o estudo, as absorbâncias das alíquotas coletadas foram medidas.

Resultado e discussão

Na Figura 1 a) pode-se visualizar a varredura realizada para a determinação do comprimento de onda em que o corante absorvia a maior quantidade de radiação, observou-se que no comprimento de onda de 525,0 nm o maior valor de absorbância foi obtido. Utilizando o comprimento de onda de 525,0 nm, as alíquotas coletadas foram analisadas em triplicata. As medidas de absorbância obtidas em cada experimento estão apresentadas na Tabela 1. Observou-se que para os Experimentos A e C houve uma diminuição da absorbância da solução com o decorrer do tempo evidenciando a capacidade filtrante da ostra. Entretanto para os experimentos B e D, as alíquotas referentes ao tempo de 48 horas apresentaram resultados maiores do que aquelas para o tempo de 24 horas. Esse fato, possivelmente, ocorreu devido a saturação das ostras pelos metais presentes no meio. Uma vez que as ostras são organismos bioacumuladores, em um determinado momento estas irão ter sua capacidade de absorção reduzida e como são seres filtradores, elas podem acabar liberando para o meio os metais que estavam retidos em seus tecidos. Esses metais liberados por sua vez podem fornecer cor, com por exemplo o cobre e cobalto que dão coloração azul e rosa, respectivamente. Esse fenômeno pode ser melhor visualizado na Figura 1 b). Esse comportamento não foi observado nos Experimentos A e C visto que o efeito cromóforo do corante foi mais significativo do que o dos metais.

Figura 1

a) espectro de absorção do corante e b) Absorbância por tempo de observação para cada experimento

Tabela 1

Medidas de absorbânca em cada experimento

Conclusões

Por meio deste trabalho verificou-se que o estudo da cor se mostrou bastante satisfatório para avaliação da capacidade de filtração das ostras. Para os experimentos em que foi utilizado o corante, observou-se a remoção da cor com o decorrer do tempo. Já para os experimentos na ausência do corante observou-se uma redução da absorbância após 24 horas seguidas de um leve aumento ao término do experimento. Esse comportamento ocorreu devido os organismos desprenderem os metais que estavam retidos em seus tecidos, que podem vir a fornecer coloração ao meio de estudo.

Agradecimentos

A Central Analítica do NUPPRAR e ao Laboratório de Ecotoxicologia Aquática da UFRN pelos consumíveis e equipamentos disponibilizados. A CAPES e a FUNPEC pelas de bo

Referências

CAETANO, R. Biodisponibilidade de zinco de ostras (crassostrea gigas) cultivadas em Florianópolis/SC. 2006. 90f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Programa de Pós Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.
CAVALCANTI, André Dias. Monitoring of trace elements in oysters marketed in Recife, Pernambuco, Brazil. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 19, n. 5, 2003. Disponível em: Acesso em: 01 May 2007.
GOLDBERG, E. D; BERTINE, K.K. Beyond the Mussel Watch - new directions for monitoring marine pollution. The Science of the Total Environment, 247 pp 165-174. 2000.
JESUS, H.C.; FERNANDES, L.F.L; ZANDONADE, E.; ANJOS JR., E.E.; GONÇALVES, R.F.; MARQUES, F.C.; REIS, L.A.; ROMANO, C.T.; TEIXEIRA, R.D.; SANTOS SAD, C.M. Avaliação da contaminação por metais pesados em caranguejos e sedimentos de áreas de manguezal do sistema estuarino de Vitória - ES. Relatório Técnico - Projeto Facitec/PMV-ES, 40 p. 2003.

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