Índice de Estado Trófico de uma Lagoa Urbana localizada no município de Juazeiro do Norte- CE
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ambiental
Autores
Oliveira, E.A. (IFCE) ; Costa, A.A. (IFCE) ; Almeida, R.R. (IFCE) ; Silva, C.Y.S. (IFCE) ; Santos, L. (IFCE) ; Ferreira, I.L. (IFCE) ; Pereira, M.S. (IFCE) ; Aquino, G.T. (IFCE) ; Silva, P.B.A. (IFCE) ; Lima, M.R.P. (IFCE)
Resumo
A qualidade da água está diretamente ligada aos níveis de nutrientes e de materiais orgânicos e inorgânicos no meio. Os ecossistemas com excesso de nutrientes revelam um quadro de eutrofização, o que causam uma série de prejuízo às comunidades aquáticas e a população ligada a esse meio. Têm-se também prejuízos com a falta de nutrientes que acarretam um cenário de mortandade da biota aquática, causando também desequilíbrio em relação ao fluxo de massa e energia naquele contexto. O trabalho visou o cálculo e a avaliação do Índice de Estado Trófico (IET) da Lagoa dos Macacos situada no Parque das Timbaúbas no município de Juazeiro do Norte-CE. O manancial foi classificado como oligotrófico, com IET médio igual 24,61.
Palavras chaves
Eutrofização; Ecossistemas aquáticos; Índice de estado trófico
Introdução
O município de Juazeiro do Norte, localizado no Cariri cearense, é abastecido prioritariamente por fontes subterrâneas de água (ANA, 2017) que torna relevante o estudo de fatores que contribuam para a manutenção da qualidade desta. Uma porcentagem significativa das fontes é abastecida pela Lagoa dos Macacos, localizada no Parque Ecológico das Timbaúbas (SEMACE, 2003). O presente ecossistema é responsável pela infiltração da água para recarga do lençol freático que alimenta os poços e serve como uma área de recreação, com atividades de pesca e banho. A Lagoa dos Macacos é um ecossistema raso, favorecendo a disponibilidade de radiação solar para as espécies fotossintetizantes atrasando assim os processos naturais de anaerobiose como a eutrofização. Tal fenômeno ocorre pela intensa atividade dos microrganismos decompositores de matéria orgânica que demandam mais oxigênio para sua atividade e diminui a disponibilidade para os peixes. Nesse cenário ocorre a mortandade de peixes, aumentando assim a disponibilidade de matéria orgânica e avanço do processo de eutrofização. Nesse contexto identifica-se uma série de prejuízos que afetam diretamente as comunidades aquáticas daquele meio e na circunvizinhança desse ecossistema. Observam-se como principais danos, o odor intenso, a poluição visual e aglomeração de diversos vetores causadores de doenças, provenientes da falta de saneamento e do mau uso dos recursos naturais (LANGANKE, 2017). O índice de estado de trófico (IET) é um parâmetro utilizado para avaliar o nível de eutrofização de um ecossistema. O cálculo do IET para uma região semiárida foi desenvolvido por Toledo et al. (1984) contempla como parâmetros fósforo, ortofosfato e clorofila A. O presente trabalho visou a avaliação do IET da Lagoa dos Macacos.
Material e métodos
Os dados foram coletados mediante a análise da água da lagoa realizada nos meses de março, abril e maio de 2017. Foram coletadas amostras em três pontos distintos e calculado a média dos mesmos para uma efetiva caracterização do meio. Todos os pontos apresentavam distância de 2 m da margem e a uma profundidade de 0,15 m do espelho d’agua. As coletas obedeceram aos padrões metodológicos de análise. Para as análises de fósforo e ortofosfato as coletas foram realizadas em frasco de polietileno devidamente limpo e livre de todo resquício de fósforo, e para a coleta de clorofila um frasco escuro, livre de interferentes. As amostras foram levadas ao laboratório e processadas através dos seguintes métodos: método espectrofotométrico de digestão com persulfato de amônio- ácido ascórbico- 4500 E – 4500 J (APHA, 2012) para fósforo e ortofosfato e o método espectrofotométrico – extração a frio com acetona – 10200 – H (APHA, 2012) para clorofila A. Os cálculos do IET obedeceram a metodologia de Toledo et al. (1984).
Resultado e discussão
Mediante os parâmetros analisados, observou-se que a clorofila apresentou
valores mais acentuados, ela expressa a biomassa fitoplanctônica,
quando associada a parâmetros físicos e químicos, procura diagnosticar
as prováveis alterações na qualidade da água estando diretamente ligada a
quantidade de algas presentes no manancial (ESTEVES, 1998). A assimilação do fósforo, nos reservatórios, é feita por processos de oxirredução (PANT e REDDY, 2001) podendo também estar relacionado as atividades de organismos bentônicos na interface água-sedimento (ESTEVES, 1998). Em períodos chuvosos, é coerente o aumento de ortofosfato dissolvido, devido à lixiviação dos nutrientes, por ação das chuvas. Estes ao serem assimilados são convertidos em fosfatos orgânicos, porém os mesmos não estão disponíveis para a assimilação biológica, até passarem por um processo de hidrolise por bactérias, atividade que ocorre mediante a presença de uma carga satisfatória de matéria orgânica (GUIDOLINI, 2010). Observa-se que os três parâmetros apresentaram um comportamento distinto entre si (FIGURA A), encontrou-se um IET mais elevado na primeira coleta. O corpo hídrico pode ser classificado como oligotrófico, com IET médio de aproximadamente 24,61 (FIGURA B). Pode-se inferir que essa classificação é acarretada pela pequena a profundidade do ecossistema, visto que se trata de uma lagoa rasa e a radiação solar favorece a atividade fotossintética da microbiota presente no meio. Suas interações demonstram comportamento equilibrado, visto que há a manutenção da fauna e flora aquática. Não se observa uma carga intensa de matéria orgânica no meio e demonstra assim a assimilação significativa de nutrientes. Os baixos níveis de nutrientes podem dificultar as interações ecológicas entre a biota aquática.
Resultado do IET dos parâmetros individuais.
O gráfico apresenta a média do IET.
Conclusões
A pouca disponibilidade de nutrientes é preocupante para a manutenção da vida no ecossistema, contudo, esse resultado pode ser reflexo da intensa quadra chuvosa, que ocorreu no período da coleta de dados, aumentando assim o volume de água na lagoa e uma possível diminuição da concentração dos nutrientes no meio.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal do Ceará (IFCE) – campus Juazeiro do Norte e ao Laboratório de Análises Químicas Ambientais (LAQAM).
Referências
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