ESTUDO SOBRE O DESCARTE DE MEDICAMENTOS VENCIDOS OU NÃO UTILIZADOS PELOS DISCENTES DA LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO DA UFERSA.
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ambiental
Autores
Sousa, F.A. (UFERSA) ; Nascimento, E.H.D. (FTB) ; Silva, M.F.S. (UFERSA) ; Freires, S.C.S. (UFERSA) ; Castro, K.K.V. (UFERSA)
Resumo
O avanço da ciência promoveu o desenvolvimento de novos medicamentos, que por diversas vezes não são utilizados completamente até a data de vencimento, ocasionando o descarte de forma inadequada dos mesmos e consequentemente riscos ao meio ambiente.O trabalho foi desenvolvido através da aplicação de um questionário com 15 alunos da Licenciatura em Educação do Campo/Ciências Naturais da UFERSA, com o intuito de investigar a destinação dos medicamentos vencidos ou não utilizados.Os resultados indicaram que 64% dos entrevistados afirmaram utilizar o lixo comum como forma de descarte, sendo que 73% não tem conhecimento sobre locais adequados para tal finalidade. Conclui-se que há a necessidade da promoção de campanhas para que a população conheça a forma correta de realizar esse descarte.
Palavras chaves
MEDICAMENTOS VENCIDOS; DESCARTE; MEIO AMBIENTE
Introdução
A sociedade atual dispõe de medicamentos que possibilitam o alívio, a cura e o controle de várias doenças, ocasionando o acúmulo de resíduos pelo descarte incorreto desses, acarretando sérios riscos socioeconômicos e ambientais em diversas localidades(PEREIRA, 2013). Diante disso, sabe-se que os medicamentos que são descartados no lixo comum ou vaso sanitário, causam inúmeros riscos como a contaminação das águas, do solo, da flora e da fauna. Alguns grupos de fármacos merecem uma atenção especial, dentre eles estão os antibióticos que podem ocasionar o desenvolvimento de bactérias resistentes e os estrogênios pelo seu potencial de afetar o sistema reprodutivo de organismos aquáticos causando a feminização de peixes machos presentes em ambientes aquáticos contaminados (BILA e DEZOTTI,2003). As principais causas para o descarte inadequado dos medicamentos é o desconhecimento da população sobre os danos causados ao meio ambiente ocasionados pela escassez de campanhas explicativas e por carência de postos de coleta(PINTO et al.,2014). De acordo com Hoppe (2011), a legislação brasileira, as farmácias não tem obrigação de receber remédios que não serão mais usados. Já os postos de saúde não podem aceitar os medicamentos, mesmo dentro do prazo de validade, porque não é possível saber como eles foram armazenados, porém, em 2009, a ANVISA autorizou que farmácias e drogarias participem de programas voluntários de coleta de resíduos de medicamentos para descarte pela população.Diante dos riscos do descarte indevido de medicamentos, o objetivo do presente trabalho é analisar dados coletados com alunos da Licenciatura em Educação do Campo da UFERSA, quanto à consciência ambiental sobre o descarte de medicamentos vencidos ou não utilizados completamente.
Material e métodos
A presente pesquisa foi realizada entre os meses de abril e maio de 2017, através da aplicação de um questionário fechado contendo 15 questões, com 15 alunos maiores de 18 anos, regularmente matriculados no curso de Licenciatura em Educação do Campo/ Habilitação em Ciências Naturais da UFERSA e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), confirmando assim sua participação na coleta de dados. Os alunos entrevistados residem ou trabalham em comunidades rurais da região oeste do estado do Rio Grande do Norte, pois o processo seletivo para ingresso no curso é destinado a pessoas que tenham vínculo com a zona rural. Após a obtenção dos questionários respondidos, os dados obtidos foram analisados e através de referenciais teóricos sobre o assunto, realizou-se a comparação e interpretação dos resultados. Para organização dos dados obtidos, tratamento estatístico e construção dos gráficos utilizou-se o programa Microsoft Excel 2010.
Resultado e discussão
Muitos dos medicamentos utilizados pela população não são consumidos
completamente, ficando armazenados até a expiração da sua data de validade e
acabam sendo descartados inadequadamente no lixo comum ou na rede de
esgotos, gerando problemas ambientais e de saúde pública. No presente
trabalho, constatou-se que 74% dos entrevistados guardam as sobras dos
medicamentos para um posterior uso. Segundo Carneiro(2011)são jogados no
lixo entre 10 e 28 mil toneladas de medicamentos por ano. A Figura 1 resume
as formas de descarte dos medicamentos vencidos utilizada pelos alunos
entrevistados, onde 64% afirmaram utilizar o lixo comum, sendo que 80 % dos
entrevistados acreditam que essa forma de eliminação é inadequada e 20 %
nunca ter pensado sobre o assunto, sendo que 73% não tem conhecimento sobre
locais adequados para fazer esse descarte. Observou-se que o lixo comum
também aparece como principal forma de descarte de medicamentos vencidos, em
várias pesquisas, como cita Bueno, Weber e Oliveira (2009), Pinto (2014),
Silva (2015). Vale ressaltar que os entrevistados moram ou possuem vínculo
com comunidades rurais, onde há o hábito de enterrar o lixo, além da
presença de poços artesanais, elevando o risco de contaminação pelo descarte
inadequado dos medicamentos. Outro agravante é com o uso de medicamentos
veterinários, no qual muitas vezes os estrumes dos animais são utilizados
para adubar o solo (HOPPE, 2011).Sobre os problemas ambientais causados pelo
descarte incorreto, a maioria dos entrevistados, 62% consideram a
contaminação do solo e da água como um dos principais impactos.
Constatou-se a necessidade de campanhas de conscientização sobre a forma
correta de realizar o descarte de medicamentos, além da disposição de postos
de coletas para recebimento dos mesmos.
Conclusões
Através desse estudo, percebeu-se a falta de políticas públicas sobre campanhas de conscientização sobre o destino correto para os medicamentos vencidos ou não utilizados completamente, pois a maioria dos entrevistados afirma fazer o descarte desses resíduos no lixo comum, por não ter conhecimento sobre o local adequado para tal finalidade, colocando assim em risco a saúde humana e dos animais, pois existe o risco de contaminação de diversos recursos naturais através dessa prática. Outra problemática que existe nessa temática é que poucas cidades dispõe de postos de coleta para tal finalidade.
Agradecimentos
Agradecemos a UFERSA e aos participantes da pesquisa.
Referências
BILA, D.M.; DEZOTTI, M. Fármacos no meio ambiente. Química Nova, no 26, 523-530, 2003.
BUENO, C. S.; WEBER, D., OLIVEIRA, K. R. Farmácia caseira e descarte de medicamentos no bairro Luiz Fogliatto do município de Ijuí–RS. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, no 30, 75-82, 2009.
CARNEIRO, F. Descartar medicamentos vencidos ainda é problema. São Paulo: Universidade Metodista de São Paulo, 2011. Disponível em: http://www.metodista.br/rronline/rrjornal/2011/ed.970/descartar-medicamentos-vencidos-ainda-e-problema. Acesso em: 10 de junho de 2017.
HOPPE, T. R. G. Contaminação do meio ambiente pelo descarte inadequado de medicamentos vencidos ou não utilizados. 2011. 52 f. Monografia (Especialização em Educação Ambiental)- Universidade Federal de Santa Maria, Agudo/RS.
PEREIRA, R. C. C. Logística reversa e a política nacional de resíduos sólidos. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Econômicas) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
PINTO, G. M. F. et al. Estudo do descarte residencial de medicamentos vencidos na região de Paulínia (SP), Brasil. Engenharia Sanitária e Ambiental, no 19, 219-224, 2014.
SILVA, B. R. Descarte residencial de medicamentos e sensibilização sobre impacto ambiental dos acadêmicos de biologia. 2015. 32 f. Monografia (Ciências Biológicas)– Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Patos/PB.