ESTUDO DA COMPLEXAÇÃO Hg-CURCUMINA POR ESPECTROFOTÔMETRO UV-VIS
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ambiental
Autores
Barcelos, H. (IFG) ; Barros, K. (IFG) ; Tolote, L. (IFG)
Resumo
Neste trabalho a capacidade de complexação de íons mercúrio II pela molécula da curcumina em solução etanólica foi avaliado por espectroscopia na região do ultravioleta e visível, variando-se a concentração dos solução dos íons mercúrio II e também a concentração da solução de curcumina. Foram observadas relações entre as concentrações das soluções e as bandas de absorção da curcumina livre (430 nm) e também da curcumina complexada com mercúrio II (350-360 nm). Observou-se uma boa linearidade entre o decréscimo da banda de absorção da curcumina livre e o aumento da banda de absorção da curcumina complexada na faixa de concentração estudada.
Palavras chaves
curcumina; mercúrio(II); complexação
Introdução
O mercúrio é um dos poluentes com maior potencial tóxico dentre os metais pesados, despertando uma grande preocupação ambiental, devido a capacidade de bioacumulação nos organismos e biomagnificação ao longo da cadeia trófica. Esta preocupação está relacionada com os recursos hídricos onde, por ação bacteriana o mercúrio inorgânico pode ser convertido a metilmercúrio (CH3Hg+) que é a forma orgânica do mercúrio e pode constituir de 40% a 100% do mercúrio total no tecido dos peixes por possuir grande afinidade por grupos sulfidrílicos (DIAS et al, 2008). A cúrcuma, além de sua principal utilização como condimento, possui substâncias antioxidantes, antimicrobianas e corantes. A curcumina é sem dúvidas o composto orgânico mais importante e mais pesquisado encontrado na curcumina, em razão de suas propriedades físico-químicas e biológicas particulares. Dentre estas propriedades está a capacidade de complexação e redução da toxicidade de metais pesados como Hg2+, Cd2+ e Pb2+. (PRIYADARSINI, 2014; RENNOLDS et al, 2011). O escopo deste trabalho baseou-se na investigação de uma metodologia alternativa aos métodos atualmente utilizados para determinação de mercúrio, avaliando-se a capacidade da molécula de curcumina 1,7-bis(4-hidroxi-3- methoxiphenil)-1,6heptadieno-3,5-diona como agente quelante para a complexação do íon de mercúrio(II) em solução e posterior quantificação por espectroscopia na região de Ultravioleta-Visível.
Material e métodos
Inicialmente preparou-se próximo ao período de utilização uma solução estoque de curcumina (1,0.10-3 mol.L-1) em álcool etílico (CH3CH2OH) e água deionizada (H2O) (2:1 v/v) para um volume de 500mL. Para o preparo da solução de cloreto de mercúrio (1,0.10-3 mol.L-1), inicialmente calculou-se a massa correspondente a concentração do sal metálico na solução, seguido da dissolução em água deionizada até o volume final de 500mL. A partir das soluções estoque de curcumina e íon mercúrio(II) várias amostras com volumes fixos da solução de curcumina e volumes variados da solução de cloreto de mercúrio foram preparadas, sendo o primeiro um volume de 20µmol.L-1, a seguinte 30µmol.L-1, e assim consecutivamente até o volume de 150µmol.L-1, totalizando 14 amostras com a presença do íon mercúrio(II). Além do branco e da amostra contendo somente curcumina. As análises em espectrofotômetro de UltraVioleta-Visível foram realizadas em triplicatas, sendo, portanto avaliados os comprimentos de onda e respectiva absorbância com diferentes concentrações de mercúrio em solução.
Resultado e discussão
Segundo WARANYOUPALINA et al. (2008) a absorção máxima é devido ao dipolo
eletrônico π - π*, onde após absorção de luz um elétron π que está excitado,
oscila de uma extremidade do cromóforo para o de outros.
Os picos sobrepostos não garantiram precisão na leitura da absorção do
complexo entre 350 e 360nm. Já o pico da curcumina livre foi obtido a
430nm, sem presença de mercúrio solúvel, onde a absorbância máxima é de
2,005%, e a medida que a solução de mercúrio(II) era adicionada observou-se
a diminuição da absorbância como ilustrado na Figura 1.
A Figura 2 demonstra a tendência de absorção, na região de 350 e 360nm, para
a formação de um ombro no espectro quando variam-se as concentrações de
mercúrio(II) em solução.
A Figura 2 apresenta uma relação matemática obtida para a Absorbância a
medida em que as concentrações de mercúrio em solução são variadas. Uma vez
que a correlação foi estabelecida, a concentração de curcumina livre em
qualquer concentração da solução pode ser determinada através da absorbância
da amostra, em seu comprimento de onda específico, e usada para subtrair a
curva obtida a partir do espectrofotômetro. Obtendo assim o resultado do
espectro de absorção apenas do complexo que encontra-se formado na solução,
livre de qualquer sobreposição com a absorção de livre curcumina.
Gráfico de Absorbância (%) versus o comprimento de onda (nm) em diferentes concentrações de mercúrio (µmol.L-1).
Gráficos de Absorbância entre 420 e 430nm versus concentração de mercúrio (1) e Absorbância entre 350 e 360nm versus concentração de mercúrio.(2)
Conclusões
Apesar da ocorrência da sobreposição de bandas de absorção entre 350 e 360nm, que evidenciariam a formação do complexo, a absorbância na região entre 420 e 430nm apresentou um decréscimo da absorbância característica da formação do complexo Hg-curcumina, mostrando potencialidade da técnica para a quantificação destes íons em soluções.
Agradecimentos
Agradecemos primeiramente ao nosso orientador, pelo empenho dedicado à elaboração deste trabalho e aos professores Lucas Nonato e Alessandra Rodrigues pela orientação
Referências
DIAS, A. C. L. et al. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(9):2063-2070, set, 2008.
PRIYADARSINI, K. I. The Chemistry of Curcumin: From Extraction to Therapeutic Agent. Molecules 2014, 19, 20091-20112; doi:10.3390/molecules191220091.
REYNNOLDS, J. et al. Curcumin regulates airway epithelial cell cytokine responses to the pollutant cadmium. Biochemical and Biophysical Research Communications 417 (2012) 256-261.
WARANYOUPALINA, R. et al. Studies on complex formation between curcumin and Hg(II) ion by spectrophotometric method: A new approach to overcome peak overlap. Cent. Eur. J. Chem., 7(3), 2009, 388-394; DOI: 10.2478/s11532-009-0037-8.