Avaliação da qualidade de águas subterrâneas na Região Metropolitana do Recife

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ambiental

Autores

Andrade, F.M. (UFPE) ; Silva, K.S. (UFPE) ; Vasconcelos, K.C. (UFPE) ; Vieira, I.F.B. (UFRPE) ; Cardoso, R.M. (UFPE) ; Freire, E.M.P.L. (UFPE) ; Carvalho, M.N. (UFPE)

Resumo

A qualidade das águas constitui um grave problema, uma vez que os usuários dos recursos hídricos ainda desconhecem as consequências da alteração da qualidade da água que consomem. Este trabalho analisou parâmetros físico-químicos das águas subterrâneas em duas regiões da cidade do Recife entre 2011 e 2012. Observou-se uma diferença significativa na qualidade das águas subterrâneas da zona sul por apresentarem maior alteração frente ao padrão de potabilidade quando comparadas aos resultados das amostras analisadas da zona norte, que só apresentaram altas concentrações de nitrato expresso como nitrogênio. Os resultados mostraram que as águas da zona norte apresentaram melhor qualidade que as da zona sul, as quais mostraram valores superiores aos máximos permitidos pela Portaria nº 2.914/11.

Palavras chaves

Água; Poluição; Poços artesianos

Introdução

A água é um recurso natural e fundamental para a sobrevivência dos seres vivos e preservação dos ecossistemas, sendo um recurso indispensável para a manutenção das atividades humanas. Do ponto de vista econômico esse recurso é usado na agricultura e pecuária, sendo ainda empregado na geração de energia elétrica. Deste modo, segundo a Resolução nº 64/292 das Nações Unidas, (2010) o acesso à água é um direito humano essencial para manter os padrões mínimos de qualidade de vida, promovendo o adequado desenvolvimento humano (Martínez-Santos, 2010). Uma das alternativas para a obtenção de água é a perfuração de poços artesianos, esta prática tem aumentado consideravelmente no Brasil. Na cidade do Recife, estado de Pernambuco, a Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA), vem empregando a prática para o abastecimento público em áreas onde não há viabilidade para captação das águas superficiais. As águas subterrâneas constituem uma parcela importante da disponibilidade hídrica utilizada no abastecimento no referido estado, que apresenta demanda significativa na região metropolitana do Recife (RMR), a qual abrange uma faixa do estado onde abriga as bacias sedimentares do Jatobá e Araripe concentrando respectivamente 43% e 30% das reservas das águas subterrâneas. Com o desenvolvimento acelerado, a perfuração desses poços tem ocorrido por vezes sem o devido controle, gerando uma alteração de qualidade das águas subterrâneas e a redução das vazões nos reservatórios pela superexplotação, trazendo danos à população (ABAS, 2011). Este trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade das águas subterrâneas provenientes de poços da (RMR) em dois períodos climáticos expressos através dos padrões de potabilidade para o consumo humano da Portaria nº 2.914/11 do Ministério da saúde.

Material e métodos

A metodologia de estudo foi estabelecida a partir do levantamento de dados de análises físico-químicas em amostragens nas águas subterrâneas coletadas e analisadas entre 2011 e 2012, no Laboratório de Análise de Minerais, Solos e Água (LAMSA), do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco. Para a pesquisa foram analisados os dados correspondentes as medianas dos resultados analíticos, a partir de coletas das amostras de águas subterrâneas realizadas na região metropolitana do Recife entre a zona sul e zona norte durante o período chuvoso e de estiagem para verificação de seu comportamento. As análises seguiram os padrões do “Standart Methods for Examination of Water and Wastewater” (APHA, 2012) e foram avaliadas conforme os parâmetros de potabilidade previstos pela Portaria nº 2.914 (2011) do Ministério da Saúde, que estabelece as condições para o controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.

Resultado e discussão

Na Tabela 1, observa-se a variação dos parâmetros mais alterados no período avaliado, onde alguns deles estão fora dos padrões de potabilidade segundo a legislação. Observa-se uma diferença significativa na qualidade das águas subterrâneas na (RMR) oriundas da zona sul, as quais apresentaram maior alteração em sua potabilidade, quando comparadas aos resultados das amostras analisadas da zona norte no mesmo período. Este resultado pode ser caracterizado pelo efeito de poro-permeabilidade no solo, que proporciona melhores condições de infiltração e circulação das águas subterrâneas, influenciando de modo decisivo a qualidade da água (Silva, 2000.; Lourencetti et al., 2007). Um fator que pode alterar a qualidade das águas subterrâneas no período de estiagem é o grande consumo de água durante a época de estiagem, aumentando a possibilidade de contaminação por fossas, oxidação de tubulações ou processos de intrusão marinha (CETESB, 2013). Na zona norte as concentrações de nitrato expresso como nitrogênio (NO3-N) foram maiores que 10 mg/L, independente do período climático. É importante ressaltar que fontes de água que apresentam altas concentrações de nitrato acarretam um grande risco para a saúde pública. Valores superiores ao limite previsto pela legislação são prejudiciais para crianças com idades inferiores a seis meses, podendo causar a “síndrome do bebê roxo”, e em adultos, em efeito cumulativo pode ser um agravante para o surgimento de câncer no estômago. (Bouchard & William, 1992; Queiroz, 2004). Estudos apontam que a contaminação ambiental por nitrato pode ser resultante da sua lixiviação em solos, derivada principalmente do uso de fertilizantes e efluentes urbanos, que podem contribuir com até 40% dos íons de nitrato presentes em águas superficiais (Baird, 2002).

Tabela 1

Variação dos parâmetros físico-químicos nas zonas norte e sul do Recife.

Conclusões

Observou-se a necessidade da adoção e manutenção de políticas públicas voltadas ao aproveitamento racional das reservas hídricas subterrâneas. Fato justificado pela alteração significativa da qualidade das águas na zona sul do recife no período de estiagem, assim como na zona norte, onde a concentração de NO3-N independente da época, excedeu o limite estabelecido pela legislação vigente. Esta avaliação demostra a necessidade de um tratamento adequado antes do consumo humano.

Agradecimentos

Agradecemos ao Laboratório de Análises de Minerais, Solos e Água (LAMSA/UFPE).

Referências

APHA - AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for examination of Water and Wastewater. 22. ed., Washington: APHA, 2012. 1496 p.

ABAS - Associação brasileira de águas subterrâneas. Sustentabilidade Socioambiental. Revista Água e Meio Ambiente Subterrâneo. Ano 3, n. 22. Jun. jul. 2011.

Baird, C. Química Ambiental. 2ª edição. Porto Alegre: Bockman, 2002.

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria 2.914. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. 12 de Dezembro de 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html. Acesso em 09/08/2017.

Bouchard, D.C.; William, S.M.K.; Nitrate contamination of groundwater; soucers and potential health effects. Journal of the American Water Works, 1992.

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Qualidade das águas subterrâneas do estado de São Paulo 2010-2012 [recurso eletrônico] Equipe técnica Rosângela Pacini Modesto... [et al.]. - - São Paulo : CETESB, 2013. 242p. Disponível em: http://cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/sites/42/2013/11/aguas_sub_2012.pdf Acesso em: 09/08/2017.

Lourencetti, C.; Ribeiro, M. L.; Pereira, S. Y.; Marchi, M. R. R.; Contaminação de águas subterrâneas por pesticidas: avaliação preliminar, Química Nova, Vol. 30, Nº. 3, pp.688-694, 2007.

Martínez-Santos, P. Determinants for water consumption from improved sources in rural villages of southern Mali. Applied Geography v. 85, p. 113-125, 2017.

QUEIROZ, E.T. Diagnóstico de águas minerais e potáveis de mesa do Brasil. In: Anais, Congresso Brasileiro De Águas Subterrâneas, 13., Cuiabá, 2004. Cuiabá: ABAS, 2004.

Silva, A. B.; Evolução Química das águas subterrâneas, Revista de Águas Subterrâneas, pp. 05-12, 2000.

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