O DESCARTE INADEQUADO DE LÂMPADAS FLUORESCENTES: DA UNIVERSIDADE AO URBANO

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ambiental

Autores

Conceição, G.S. (UFPA) ; Conceição, S.S. (FSCMP) ; Brasil, D.S.B. (UFPA) ; Santos, M.L. (UFPA) ; Nascimento, F.C.A. (UFPA) ; Brito, Y.P.S. (UFPA) ; Magalhães, V.A. (UFPA) ; Souza, A.B.M.Q. (ABO) ; Souza, B.A.S. (UFPA) ; Brasil, L.S.N.S. (UEPA)

Resumo

O descarte inadequado de lâmpadas fluorescentes tubulares no meio ambiente vem crescendo nos últimos anos. Por meio da observação, foi possível realizar a contagem das lâmpadas descartadas de forma inadequada, através de cálculos foi possível quantificar o quanto de vapor de mercúrio pode ser liberado para o meio ambiente. Por meio de registros fotográficos, observou-se que 57 lâmpadas foram descartadas em locais inapropriados, o que totalizou 1.197 mg de mercúrio. Para verificar a ocorrência de descarte de forma racional, foi aplicado um Formulário junto a 4 órgãos públicos, para investigar como realizavam o descarte das lâmpadas, os órgãos foram tratados de forma anônima e confidencial no decorrer do trabalho.

Palavras chaves

Descarte inadequado; Lâmpadas; Mercúrio

Introdução

A busca pela sustentabilidade faz com que se torne necessário debater sobre a noção de equilíbrio entre as dimensões socioambientais, econômicos e políticos, já que o consumo de certos produtos acaba por minimizar certos impactos ambientais, em contrapartida, essa dinâmica pode incidir sobre a geração de resíduos que acabam por degradar o meio ambiente, como é o caso da substituição das lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes.Quando estas lâmpadas perdem sua utilidade, seus metais traços como Mercúrio, o Antimônio e o Chumbo vão para o meio ambiente, devido seu descarte inadequado e acabam afetando a fauna e a flora agredindo de forma muito perigosa o meio ambiente (DURÃO JÚNIOR; WINDÔLLER, 2008; ZANICHELI et al., 2004).A Política Nacional dos Resíduos Sólidos, traz dentre outros objetivos a proteção da qualidade ambiental. A utilização racional dos recursos naturais, acaba reduzindo problemas ambientais. Com isso, torna-se essencial realizar o descarte correto das lâmpadas, consequentemente se gera uma redução dos problemas causado pelo mercúrio (Hg). A exposição a esse metal pode agravar muitas doenças para o ser humano, tais como: dor de cabeça, tremores, queda de cabelo e causar o desenvolvimento de câncer (MICARONI; BUENO; JARDIM, 2000). Deste modo, percebe-se que o mercúrio é o principal e mais perigoso dos materiais que compõem a lâmpada fluorescente (RHEE; CHOI; PARK. 2014).Em decorrência da falta de uma resolução que determine o mínimo e o máximo de mercúrio em uma lâmpada, o presente trabalho tem como objetivo observar o descarte inadequado de lâmpadas fluorescente no meio ambiente, quantificar o número de lâmpadas e o volume de mercúrio eliminado, além de investigar quais os órgãos públicos que já solicitam a descontaminação desse tipo de lâmpadas.

Material e métodos

O trabalho surgiu em decorrência de problemas ambientais e visuais durante o descarte inadequado de lâmpadas fluorescentes, sendo assim realizou-se uma pesquisa descritiva, gerando assim um estudo de caso. O projeto não foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP), porém foi levado em consideração o anonimato dos órgãos públicos que aceitaram participar da pesquisa, caso fosse seguido o critério de anonimato e confidencialidade dos referidos órgãos, o que foi aceito pelos pesquisadores.O relatório foi executado entre março de 2016 a agosto de 2017. Os dados foram coletados através de registros fotográficos e aplicação de Formulário. Os registros fotográficos foram feitos durante o percurso diário dos autores. A pesquisa, no formato de entrevista (com sete perguntas) foi realizada em quatro órgãos públicos. Para quantificar o mercúrio presente no total de lâmpadas visualizadas, considerou-se o tamanho das lâmpadas fluorescentes tubulares de 50cm e 70cm visualizadas. Por não haver legislação específica no que tange a quantidade de mercúrio permitido nas lâmpadas fluorescentes comercializadas no Brasil, o presente estudo quantificará o teor de mercúrio contido nas lâmpadas conforme a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos - U.S. EPA. Estudos reportados por Durão Júnior e Windôller (2008) nos assenta que a U.S. EPA, permite a utilização de 21 mg de mercúrio na composição de uma lâmpada.

Resultado e discussão

No período em que se deu a pesquisa foram feitos 4 registros fotográficos dentro da Instituição (Figura 1), e 4 registros fotográficos no meio urbano (Figura 2). Na Tabela 1 é possível visualizar o número de lâmpadas descartadas, bem como a quantificação aproximada do mercúrio lançado ao meio ambiente em decorrência desses descartes. Enquanto no Quadro 1 visualiza-se as perguntas e respostas referentes ao Formulário que foi aplicado em 1 (um) dos órgãos públicos.O primeiro local a ser visualizado (registro fotográfico de nº 1) e que deu origem a pesquisa, continua até hoje com as lâmpadas expostas ao ar livre de forma incorreta, no qual muitas dessas lâmpadas já foram quebradas. Este local utilizado para descarte encontra-se aproximadamente a 100 metros de distância de um afluente de um rio, o que torna ainda mais perigoso e inadequado o descarte destas lâmpadas nesse ponto. O registro fotográfico de nº 2, encontra-se ao lado de uma passarela, por onde as pessoas transitam diariamente, a mesma encontra-se no local há mais de 5 meses. Enquanto o registro de nº 3 é um descarte recente, localizado perto de um refeitório. O registro de nº 4 permaneceu no local durante duas semanas, após foi retirado do local. As lâmpadas visualizadas no meio urbano estavam todas localizadas em um bairro nobre da cidade. Foi possível observar que houve em um dos casos de descartes, que os garis responsáveis pela coleta de lixo, não levaram as lâmpadas descartadas, mesmo estando todas empacotadas. Levou aproximadamente 1 (uma) semana para que as lâmpadas fossem retiradas do local. A Prefeitura não é autorizada a realizar esse tipo de coleta, uma vez que é necessário que haja o treinamento de profissionais especializados para coletar e descontaminar esse tipo de resíduo tóxico.

Registros fotográficos de descarte de lâmpadas dentro da Instituição e no meio urbano


O número de lâmpadas descartadas de forma incorreta e o Formulário ambiental

Conclusões

Após a Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, houve um aumento no investimento em novas ações para a melhor gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, porém, ainda é visível o descarte inadequado dos resíduos, tanto no meio urbano quanto em instituições de ensino. É imprescindível que haja maior sensibilização das empresas e órgãos públicos, maiores consumidores desse tipo de lâmpada, além do que, os pequenos consumidores. Apesar dessa Política foi observado que ainda falta muito para que esta se concretize no cotidiano das pessoas.

Agradecimentos

Agradecemos aos servidores dos órgãos públicos visitados que com sua atenção e informação contribuíram para a realização desse trabalho.

Referências

BRASIL. Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 9 abr. 2017.

DURÃO JÚNIOR, W. A.; WINDMÖLLER, C. C. A Questão do Mercúrio em Lâmpadas Fluorescentes. Química nova na escola, Nº 28, p. 15–19, 2008. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc28/04-QS-4006.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2017.

MICARONI, R.; BUENO, M.; JARDIM, W. Compostos de mercúrio. Revisão de métodos de determinação, tratamento e descarte. v. 23, n. 4, p. 487–495, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/qn/v23n4/2648.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2017.

RHEE, S. W.; CHOI, H. H.; PARK, H. S. Characteristics of mercury emission from linear type of spent fluorescent lamp. Waste Management, v. 34, n. 6, p. 1066–1071, 2014. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0956053X13003577>. Acesso em: 11 abr. 2017.

ZANICHELI, C. et al. Reciclagem de lâmpadas Aspectos Ambientais e Tecnológicos. p. 22, 2004. Disponível em:
<http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/L%E2mpadas/reciclagem_de_lampadas_aspectos_ambientais_e_tecnologicos.pdf>. Acesso em: 6 maio 2107.