Plantas aromáticas: uma alternativa natural no combate ao mosquito Aedes aegypti em uma comunidade rural do município de Salvaterra-PA
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ambiental
Autores
Barbosa Júnior, A.S. (UEPA) ; Costa, W.C.L. (UEPA) ; Reis, J.D.E. (UEPA) ; Lopes, D.P. (UEPA) ; Feio, A.M. (UEPA) ; Barbosa, I.J. (UEPA) ; Rodrigues, H.J.M. (UEPA) ; Souza, R.F. (UEPA)
Resumo
O presente trabalho teve por finalidade divulgar de forma clara e dinâmica os benefícios “antimosquito” proporcionados pelo plantio de plantas aromáticas com ações repelentes, sendo este um método acessível, de baixo custo e não poluente em detrimento à utilização de repelentes industrias. O trabalho foi desenvolvido com moradores da área rural do município de Salvaterra – PA, onde o foco de mosquitos é muito incidente. Observou-se que a maioria dos participantes desconheciam a propriedade que algumas plantas possuem de repelir insetos e além da utilização de repelentes industrias, estes faziam de práticas prejudiciais à sua sáude. Tais participantes se mostraram interessados nesse método de repelir insetos por meio de um produto natural.
Palavras chaves
Aedes aegypti; Repelente; Produto Natural
Introdução
A proliferação do Aedes aegypti está relacionada ao clima tropical, proporcionando a rápida procriação do mosquito que transmite a Dengue, a Chikungunya e o Zika Vírus (GONÇALVES, 2010; MARTINS, 2002). Esta realidade pode ser evidenciada na região Amazônica, inclusive na Ilha de Marajó, onde o período mais chuvoso se compreende entre os meses de fevereiro a abril (JORNAL..., 2016; NOSSA..., 2016). Para proteção contra esses inimigos a população faz uso dos repelentes, que são substâncias inibidoras de ataque de insetos, mas, em alguns casos, esses produtos podem trazer malefícios à saúde humana e ao meio ambiente, graças as suas propriedades (LOMBARDI; MINUISSI; MIDIO, 1983; STEFANI, 2009; DIÁRIO..., 2013). Sabendo disso, uma alternativa que pode agregar grande valor à luta em oposição ao Aedes aegypti pode ser oriunda da natureza, é o caso das plantas aromáticas, como: o alecrim (Rosmarinus officinalis), o manjericão (Ocimum basilicum) e a citronela (Cymbopogon nardus), que apresentam em suas folhas aromas característicos que atuam como repelentes naturais, de acordo com trabalhos já publicados (FURTADO et al.; 2005; BLANK et al., 2007; BUENO, 2010). A abordagem dessa temática visou proporcionar aos indivíduos envolvidos uma maneira eficaz de combater os mosquitos, que ultimamente estão relacionados com a saúde em uma escala global (GALLI, 2008), sem que este produto seja nocivo ao meio, sendo também de fácil acesso e baixo custo, já que pode ser cultivado no próprio quintal. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi divulgar os benefícios trazidos por propriedades químicas e biológicas das plantas aromáticas em questão, visando a substituição de repelentes industriais, inseticidas entre outros, que prejudicam o meio ambiente.
Material e métodos
A atividade foi realizada com moradores da área rural (vila de Passagem Grande, situada na Rodovia PA 154 – km 23) do município de Salvaterra – PA, mais precisamente, no Centro Comunitário São Benedito. O local foi preferencialmente selecionado, por apresentar um ambiente ligado a constantes reuniões e discussões de assuntos de interesse coletivo, na busca de soluções ou amenização de problemas pertinentes na comunidade. O trabalho foi dividido em 2 (duas) etapas: PRIMEIRA — foi constituída de uma avaliação diagnóstica, usando um questionário, com enfoque voltado para o conhecimento dos moradores sobre a problemática em questão, e se tomavam determinados cuidados para a prevenção do mosquito Aedes aegypti, a fim de obter dados prévios à análise. SEGUNDA — consistiu no desenvolvimento de uma palestra, a partir de recursos audiovisuais (projetor de slides, caixa de som e outras tecnologias), além de utilizar a estrutura do local, para descrever a problemática da proliferação de mosquitos Aedes aegypti na atualidade, divulgar as propriedades aromáticas das plantas — alecrim, manjericão e citronela — e os benefícios que estas podem trazer ao dia a dia da comunidade, quando são utilizadas como repelentes naturais. Ainda nesta etapa, foram distribuídos panfletos com dados utilitários para o combate ao mosquito e esclarecimentos sobre as doenças causadas por ele. Além disso, folhetos foram entregues a comunidade com informações baseadas no “MANUAL DE PLANTAS MEDICINAIS” (NASCIMENTO; VIEIRA, 2014), acerca das plantas aromáticas citadas anteriormente.
Resultado e discussão
De acordo com a análise dos dados obtidos, por meio do questionário (figura
1), foi possível constatar que boa parte dos entrevistados desconheciam a
habilidade de repelência que determinadas plantas possuem (figura 2). Quando
indagados acerca de quais métodos utilizavam para “afastar” os mosquitos,
citaram o uso de repelentes, inseticidas e defumação caseira feita com a
queima da “cuba de ovo”, práticas que, muitas vezes, trazem prejuízos à
saúde humana e ao meio natural (LOMBARDI; MINUISSI; MIDIO, 1983).
Quando lhes foi perguntado sobre quais medidas de prevenção contra o Aedes
aegypti tomavam, as repostas foram: “queimadas de lixo, mudar a água dos
animais domésticos”, segundo um morador. “Mantenho meu quintal sempre
limpo”, afirmou outro. Diante dos depoimentos, nota-se que grande parte da
comunidade está informada sobre quais cuidados devem tomar para evitar a
proliferação do vetor em relação a não deixar água parada nem recipientes a
céu aberto, porém algumas das medidas como a queima do lixo pode emitir
gases poluentes (FEARNSIDE, 2002), o que demonstra seu desconhecimento
acerca dos males causados por tais medidas.
O público foi bastante participativo durante a execução do projeto,
sobretudo na etapa da palestra, durante a qual surgiram dúvidas e questões,
que foram discutidas e respondidas. Eles mostraram interesse ao produto
divulgado, por ser uma alternativa eficaz na proteção contra o vetor. De
acordo com eles, o uso desse método seria mais acessível à população, uma
vez que nem todos têm condições financeiras para comprar o repelente
industrial. Dessa maneira, estes moradores podem ser instrumentos
divulgadores dos benefícios trazidos pelo uso de plantas como repelentes
naturais, e incentivadores desse método.
Registro do momento da aplicação do questionário.
Dados sobre o conhecimento acerca do uso de plantas como repelentes pelos moradores.
Conclusões
Acredita-se que o uso das plantas aromáticas — alecrim, citronela e manjericão — como repelentes naturais pode ser uma alternativa eficaz contra os mosquitos, principalmente o Aedes aegypti, que transmite várias doenças. A partir da realização desse trabalho, a maioria dos moradores pôde conhecer tal método e os benefícios possibilitados pelo uso correto dessa “alternativa verde”. Assim, podendo mudar seus hábitos, pois dispõem de um recurso natural, de baixo custo e que não agride a natureza nem a saúde humana.
Agradecimentos
Ao Sr. Antônio Gonçalves (em memória), responsável pelo Núcleo Comunitário São Benedito no período da execução.
Referências
BUENO, V.S.; ANDRADE, C.F.S. Avaliação Preliminar de Óleos Essencias de Plantas como Repelentes para Aedes albopictus (Skuse, 1894) (Diptera: Culicidae). Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.12, n.2, p.215-219, 2010.
BLANK, A.F. et al. Influence of season, harvest time and drying on Java citronella (Cymbopogon winterianus Jowitt) volatile oil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17, n. 4, p. 557-564, 2007.
DIÁRIO DO NORDESTE. O uso de repelentes e excesso traz danos à saúde, [S. l], 2013.
FEARNSIDE, P. M. Fogo e emissão de gases de efeito estufa dos ecossitemas florestais da Amazônia brasileira. Estudos Avançados. [S. l] n.16, v.44, 2002.
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MARTINS, V. S. Dengue: histórico e distribuição, fatores que condicionam a sua transmissão aspectos clínicos, prevenção e controle. 2002. 40 f. Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) - Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2002.
NASCIMENTO, I.; VIEIRA, M. Manual de plantas medicinais. Universidade Católica de Santos, 2014. Disponível em: <http://www.unisantos.br/wpcontent/uploads/2014/02/farmacia-verde-livro.pdf>. Acesso em 03 jun. 2017.
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