Medidas de prevenção e correção na produção e consumo de sabão obtido de óleo residual no município de Ponte Nova - MG

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ambiental

Autores

Motta, B.C. (FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA) ; Mayrink, M.I.C.B. (FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA) ; Reis, E.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA) ; Pessotti, J.H. (FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA) ; Carmo, M.C. (FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA) ; Silva, J.S. (FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA)

Resumo

A produção de sabão caseiro a partir de óleo de cozinha usado tornou-se prática comum, apresentando benefícios, como proteção ao meio ambiente e redução de gastos com produtos de limpeza, mas sua produção apresenta falhas na segurança devido a procedimentos incorretos. Após acompanhar a produção do sabão em várias residências do município de Ponte Nova- MG, pôde-se observar o desconhecimento relativos à segurança no manuseio da soda cáustica, produção e utilização do sabão extremamente alcalino. Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi levar conhecimento a essas pessoas dos riscos inerentes durante a produção e posterior consumo desse produto e orientá-los para que sejam multiplicadoras dessas informações e possam obter seu produto de limpeza de forma segura e ecologicamente correta.

Palavras chaves

Soda caustica; Sabão caseiro; Risco a saúde

Introdução

A produção de sabão caseiro a partir de óleo de cozinha usado tem-se tornado uma prática comum em lares brasileiros, essa atividade apresenta benefícios, como proteção ao meio ambiente por ser um produto biodegradável, redução de gastos com produtos de limpeza e complemento da renda familiar (CAOBIANCO, 2015). No entanto, essa produção apresenta riscos durante manuseio de reagentes perigosos, além de produzir um sabão improprio para uso devido à alta alcalinidade. Estes sabões caseiros apresentam alta alcalinidade devido a utilização da soda cáustica que não é totalmente consumida, podendo causar desidratação e irritação na pele humana (NETO; DEL PINO, 1997). Esse reagente é de livre comércio, e as informações sobre o poder corrosivo contidas nos rótulos muitas vezes são ocultadas pelos que tarjam a produção do sabão como um processo fácil, sendo comum presenciar seu manuseio sem nenhum EPI e em locais inapropriados. O município de Ponte Nova- MG é cortado pelo rio Piranga, que ao se encontrar com o Ribeirão Carmo forma a importante bacia do rio Doce e a cidade não apresenta estação de tratamento de esgoto. Diante tal fato, a produção de sabão é uma medida ecologicamente correta, evitando assim que a grande quantidade de óleo comestível usado atinja o rio Piranga, nascentes e pequenos córregos que desaguam no mesmo. No entanto, é notável a carência de informações, quanto aos cuidados durante a produção e utilização do sabão caseiro como produto acabado. Nesse sentido, este trabalho visa levar conhecimento aos produtores de sabão caseiro a partir de óleo usado, para que estas pessoas obtenha o produto de limpeza de forma segura e ecologicamente correta.

Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido em várias etapas, a primeira consistiu em pesquisar veículos de comunicação, especialmente na internet como fonte de receitas de sabão caseiros a partir de óleo de cozinha usado, visando saber a forma de propagação das informações. A segunda etapa consistiu na listagem das famílias produtoras do sabão, para isso, foi feito um roteiro, de forma a contemplar famílias da zona rural, principalmente locais próximos a córregos ou nascentes, além de selecionar uma família na zona urbana em cada bairro da cidade de Ponte Nova - MG. Na terceira etapa, foram feitas visitas a essas residências registrando por fotografia e vídeos, a forma e locais de procedimentos durante a produção, seguida da medida do pH do sabão produzido in loco e após 15 dias no laboratório da Faculdade Dinâmica, conforme figura 1. Na quarta etapa, houve aplicação de questionário contendo questões pertinentes a rotina de produção, ao histórico dessa atividade e seus propósitos figura 1. Na quinta etapa foi dado 'Feedback', por meio de folder ilustrativo e explicativo como mostra na figura 2 contendo informações pertinentes ao manuseio correto de reagentes, normas de segurança durante a produção do sabão, restrições ao uso dos sabões produzidos em função de sua alcalinidade. E por fim, estimular o reaproveitamento do óleo residual de forma segura e ecologicamente correta, além de alertá-los sobre as informações incorretas expostas na internet.

Resultado e discussão

Das 13 famílias visitadas 47% são da zona rural e 53% do centro urbano. Conforme figura 1, 100% não utilizam EPI durante a produção do sabão, 30% relataram saber que deveriam usar máscaras e desconhecem a existência dos demais EPIs. Quanto ao local de produção, 38% o fazem em local aberto, 62% em locais fechados, normalmente na cozinha ou áreas desprovidas de ventilação. 84% relataram não sentir o cheiro da soda cáustica durante a produção e após produto acabado. Houve relato de uma senhora desprovida de digitais, com desconforto nas mãos, pois tem o hábito de apalpar o sabão antes de finalizar a reação de saponificação. 100% aplicam em limpeza doméstica e lavagem de roupas, 7% usam concomitante na higiene pessoal. Dos meios de propagação das receitas, 60% relatou ser proveniente da internet, isso confirma pesquisa feita antes de iniciar visitas de campo, pois, 90% dos vídeos em sites retratam fidedignamente os procedimentos registrados nas residências. 33% são receitas de ancestrais e 7% não lembram a origem. A figura 1 mostra pH alto em 100% do produto in loco, 46% permaneceu bastante alcalino após 15 dias fabricado, 38% apresentaram valores aceitáveis, segundo Resolução normativa nº 1/78 de 11,5 para sabão em barra (ANVISA,1978). 62% utilizam o sabão conforme necessidade, sem critério quanto ao tempo, enquanto 38% após duas semanas. O suporte necessário, foi através de folder (Figura 2) contendo informações pertinentes ao manuseio correto de reagentes, normas de segurança durante a produção, explicações relativas a alcalinidade do sabão e restrições de uso, a receptividade foi 100%, todos demostraram interesse em agregar conhecimentos e serem multiplicadores de informações corretas.

Figura 1. Resultado do questionário aplicado e valores do pH das amost



Figura 2. Folder ilustrativo e explicativo



Conclusões

Através do presente trabalho, foi possível perceber a falta de conhecimento dos produtores de sabão do município de Ponte Nova- MG sobre cuidados com a segurança, maneira correta de produzir, e restrições quanto ao uso, tornando esta prática um risco para a saúde. Sendo assim, como o maior referencial destes produtores é a internet que na maioria das vezes dispersa informações incorretas, torna-se fundamental proporcionar a estas pessoas uma aprendizagem consciente, significativa e correta para que o fabrico deste produto ecologicamente correto não se torne um rico a saúde de quem o produz.

Agradecimentos

Os autores agradecem Faculdade Dinâmica e a FAPEMIG pelo apoio, incentivo e fomento.

Referências

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução normativa nº 1/78. Norma sobre detergentes e seus congêneres. 1978. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/01_78.htm> Acesso em: 19 jul. 2017.
CAOBIANCO, G. Produção de sabão a partir do óleo vegetal utilizado em frituras, óleo de babaçu e sebo bovino e análise qualitativa dos produtos obtidos. Lorena. Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP. 2015. Disponível em: <https://sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MIQ15012.pdf> Acesso em: 25 de abr. 2017.
LIMA, N. M. O.; et al. Produção e caracterização de sabão ecológico - uma alternativa para o desenvolvimento sustentável do semiárido paraibano. Revista Saúde e Ciência On line, 2014; 3(3):26-36, set-dez, 2014.
NETO, O. G. Z.; DEL PINO, J. C. Trabalhando a química dos sabões e detergentes. Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1997. Disponível em: <http://www.iq.ufrgs.br/aeq/html/publicacoes/matdid/livros/pdf/sabao.pdf> Acesso em: 25 abr. 2017.
PEREIRA, C. S. S.; LEWANDOWISK, H. Fábrica comunitária de sabão ecológico: ganhos ambientais e sociais. Ambiência - Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais V. 9 N. 3 Set./Dez. 2013.

Patrocinadores

Capes CNPQ Renner CRQ-V CFQ FAPERGS ADDITIVA SINDIQUIM LF EDITORIAL PERKIN ELMER PRÓ-ANÁLISE AGILENT NETZSCH FLORYBAL PROAMB WATERS UFRGS

Apoio

UNISC ULBRA UPF Instituto Federal Sul Rio Grandense Universidade FEEVALE PUC Universidade Federal de Pelotas UFPEL UFRGS SENAI TANAC FELLINI TURISMO Convention Visitors Bureau

Realização

ABQ ABQ Regional Rio Grande do Sul