RESÍDUOS SÓLIDOS NA PRAIA: UMA ABORDAGEM POR MEIO DE UMA AULA PRÁTICA DE CAMPO RELACIONADA À EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ambiental
Autores
Feio, A.M. (UEPA) ; Craveiro, R.S. (UEPA) ; Freitas, E.P.B. (UEPA) ; Barbosa Júnior, A.S. (UEPA) ; Lopes, D.P. (UEPA) ; Costa, W.C.L. (UEPA) ; Reis, J.D.E. (UEPA) ; Souza, R.F. (UEPA)
Resumo
O presente trabalho buscou sensibilizar os alunos sobre as consequências dos impactos ambientais relacionados ao descarte inapropriado do lixo nas praias, além de instigar as práticas ecológicas dos envolvidos no projeto. Para tanto, desenvolveu-se uma aula prática de campo na Praia Grande, da cidade de Salvaterra-PA, na Ilha de Marajó, sendo direcionada aos discentes do Cursinho Popular da Universidade do Estado do Pará. Dividida em três etapas: abordagem dos conteúdos; coleta dos resíduos sólidos na praia; e aplicação de um questionário. Observou-se que por intermédio das atividades os discentes, compreenderam que suas ações são determinantes para minimizar os impactos causados pelo descarte inadequado no ambiente.
Palavras chaves
Aula de Campo; Impactos Ambientais; Práticas Ecológicas
Introdução
Ao longo da história, os impactos ambientais são de grande relevância e estão em contínuo desenvolvimento, devido a uma proporcionalidade com índice populacional que tem aumentado de igual modo, razão pela qual muitos habitat de vários seres vivos sofrem, visto que tem ampliado essa população. Por isso, são provocados grandes impactos aos ecossistemas. Intensifica-se o consumo de produtos industrializados à medida que há o crescimento da população mundial, que logo ocasiona o aumento do número de entulhos oriundos do mau gerenciamento de todos. Segundo Medeiros (2005) são despejados 30 milhões de toneladas de resíduos sólidos no mundo, já no Brasil o valor estimado é de 125 mil toneladas, sendo que o descarte destes resíduos na maioria das vezes é feito de forma inadequada, o que sem dúvida é um dos maiores desafios do século XXI. De fato, o uso indevido de algumas substâncias, unindo ao descarte inadequado de resíduos das sínteses químicas, tem gerado impactos negativos à biodiversidade (SANTOS; MOITA NETO; SOUSA, 2014). Isso pode ser notado devido à quantidade de lixo que está presente em ambientes, como praias e igarapés. Esse fato está associado à expansão do turismo e ao crescimento do número de moradores nas regiões costeiras, que de certa forma são os principais responsáveis pela degradação do meio ambiente causando uma enorme poluição marinha. Este trabalho foi proposto aos discentes do Cursinho Popular da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Assim, esse trabalho procurou sensibilizar os alunos sobre as implicações dos impactos ambientais relacionados ao descarte inapropriado do lixo nas praias, e mais adiante desenvolver ações ecológicas.
Material e métodos
Este trabalho foi realizado com seis alunos do Cursinho Popular da UEPA em Salvaterra Campus XIX, alguns deles já concluíram o Ensino Médio e outros estão cursando a 3ª série. O município tem lindas paisagens naturais, entre as quais está a Praia Grande, onde foi realizada a aula de campo, aliás, a praia é um dos principais pontos turísticos da localidade. Mediante a isso, observou-se que o grande fluxo de pessoas tem intensificado a poluição nesta praia, o que pode trazer prejuízos a curto e longo prazo. De acordo com SANTOS; MORTIMER (2002), as questões dessa natureza propiciarão ao aluno uma compreensão melhor dos mecanismos de poder dentro das diversas instâncias sociais. A aula foi realizada em três etapas, a primeira constituiu na abordagem dos assuntos como Educação Ambiental, Química Ambiental e algumas problemáticas causadas pela presença de resíduos sólidos jogados na praia. Durante a exposição destes assuntos, os discentes foram conduzidos a determinados pontos da praia onde a concentração de lixo era maior. Para que eles pudessem observar os malefícios que os resíduos trazem ao ambiente, e também a fim de que estes entendessem como amenizar as suas consequências como prejuízos aos ecossistemas marinhos e principalmente o desequilíbrio ecológico. Na segunda etapa, foram distribuídos sacos plásticos biodegradáveis com finalidade de coletar o excesso de resíduos que estavam dispersos ao longo da praia, fazendo com que os envolvidos pusessem em prática, o que lhes foi ensinado. Na terceira etapa, os alunos responderam a um questionário contendo 10 perguntas, sendo estas seis objetivas e quatro subjetivas para que fosse avaliada a percepção dos discentes em relação à presença do lixo na praia e sobre o destino que estes dão aos detritos.
Resultado e discussão
Em todas as etapas da execução da atividade os discentes se mostraram
interessados, participativos e motivados. Percebeu-se que 50% deles
descartam os resíduos sólidos que produzem, na praia, apesar de saberem das
consequências, isso vem sendo um fator determinante para o aumento dos
impactos a biodiversidade, devido aos detritos que não se decompõem com
facilidade e também pelo acúmulo que já é visualizado em boa parte do local.
Dentre estes resíduos os mais encontrados foram de produtos industrializados
(figura 1) como garrafas pets 31,25%, sacos plásticos 18,75%, embalagens de
alimento 18,75%, vidros 12,25%, latas 12,25% e pneus 6,75%.
O consumo exagerado dos moradores e veranistas tem produzido muitos
impactos e, portanto, muito lixo, os quais com o passar do tempo sofrerão
inúmeras reações químicas, e podem contaminar o ambiente marinho degradando
os ecossistemas presentes ali causando um enorme desequilíbrio ecológico. A
aula foi bastante proveitosa em virtude dos participantes estarem dispostos,
sobretudo na aula prática, ou seja, na coleta dos entulhos, (figura 2), além
disso, os objetivos propostos pelo projeto foram alcançados com êxito.
Consoante (BAIRD, 2002), a Química Ambiental envolve o estudo de um grande
número de diferentes agentes químicos, processos e procedimentos de
remediação.
Avaliação da concepção dos discentes a partir da abordagem sobre os resíduos sólidos.
Alunos coletando lixo na praia.
Conclusões
Evidenciou-se que as práticas educativas são extremamente importantes para amenizar os danos causados pelo mau gerenciamento dos resíduos sólidos, além de que a aula foi contextualizada em um ambiente bem visitado por todos os participantes da atividade. Eles puderam repensar suas atitudes, o que com plena certeza os torna não apenas observadores mais atuantes, uma vez que desperta a responsabilidade que cada um tem e a partir disso agir de forma consciente com o descarte e a sociedade.
Agradecimentos
Aos discentes do Cursinho Popular – UEPA, Campus XIX.
Referências
BAIRD, C. Química Ambiental. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. 622p.
MEDEIROS, S. Química Ambiental. 3. ed. Recife: Revista e ampliada, 2005. 122p.
MORTIMER, E. F.; SANTOS, W. L. P. D. Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência – Tecnologia –Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências. Minas Gerais, v. 02, n. 02, p. 9, 2002.
SANTOS, K. D; MOITA NETO, J. M; SOUZA, P. A. A. Química e Educação Ambiental: Uma Experiência no Ensino Superior. Química Nova na Escola. São Paulo, v. 36, n. 02, p. 121, 2014.