INSETOS COMO BIOINDICADORES E ACUMULADORES DE METAIS POTENCIALMENTE TÓXICOS EM ÁREA DE LIXÕES: ESTUDOS DE CASOS EM MOSCAS
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Ambiental
Autores
Silva, C.P.C. (UEMASUL) ; Oliveira, J.D. (UEMASUL) ; Sousa, J.R.P. (UEMA) ; Silva, V.R. (UEMASUL) ; Cruz, N.D. (UEMASUL) ; Miranda, R.S.A. (UEMASUL) ; Barros, J.C. (UEMASUL) ; Rocha, L.C. (UEMASUL) ; Sousa, C.K.S.L. (UEMASUL) ; Gomes, D.L. (UEMASUL)
Resumo
O uso de insetos como matrizes de investigação das condições do meio ambiente se refere, principalmente, a elevada abundância de indivíduos, de maneira que a amostragem não causa perdas de riqueza e também a sua sensibilidade a desequilíbrios ambientais. Em algumas condições os metais podem atuar de maneira nociva, apresentando níveis tóxicos. O presente trabalho tem o objetivo de avaliar a potencialidade de moscas como bioindicadores de metais potencialmente tóxicos em ambientes antropizados (destinados como lixões).De acordo com resultados obtidos nesse trabalho é possível a utilização de moscas como bioindicadores e acumuladoras de metais potencialmente tóxicos em área destinada a lixões.
Palavras chaves
Ambiente; Dípteros; Metais
Introdução
O uso de insetos como matrizes de investigação das condições do meio ambiente se refere, principalmente, a elevada abundância de indivíduos, de maneira que a amostragem não causa perdas de riqueza e também a sua sensibilidade a desequilíbrios ambientais (CABRINI et al., 2013). Além disso, em alguns casos o exoesqueleto, o mecônio e o DNA podem ser usados como estruturas de acumulação de traços metálicos, variando de acordo com a dieta e as pressões ambientais. As moscas podem funcionar como indicadores de interferências humanas nos ambientes naturais por apresentarem rápida resposta populacional e sensibilidade ambiental. Essa sensibilidade em relação aos ambientes, aliada à rapidez de resposta em termos populacionais às modificações antrópicas, confere às moscas a capacidade de funcionarem como indicadores de interferências humanas nos ambientes naturais (MARTINS, 2001; ESPÓSITO; CARVALHO, 2002).
Material e métodos
O projeto foi realizado no município de Imperatriz, localizado na Mesorregião do Oeste Maranhense, Microrregião de Imperatriz, As moscas foram coletadas em duas áreas deste município sendo uma natural e outra antropizada destinada como lixão municipal, também foram feitas coletas de solos próximos as armadilhas, para se fazer uma correlação entre os teores de metais nas moscas e nos solos, uma vez que, as moscas tem o seu estágio larval no solo. Em cada área foram distribuídas 10 armadilhas especificas para coleta de dípteros saprófagos. A escolha desse tipo área antropizada se justifica pelo fato de que algumas espécies de dípteros, como por exemplo, as famílias Calliphoridae, Sarcophagidae se adaptam bem aos ambientes de lixões, devido ao aumento da disponibilidade de matéria orgânica. As moscas coletadas foram identificadas em nível específico no Laboratório de Zoologia da Universidade Estadual da região tocantina do Maranhão (UEMASUL). A identificação dos espécimes de califorídeos foi feita utilizando-se as chaves de Carvalho; Ribeiro (2000) e Kosmann et al. (2013) as determinações dos teores de metais foram feitas somente nas espécies da família Calliphoridae. Todas as amostras de solos foram coletadas próximas das armadilhas, a uma profundidade de 0-20 cm. Após as coletas as amostras foram levadas ao laboratório de Química da UEMASUL. As determinações de MPT (metais potencialmente tóxicos) (Pb (II), Cd (II), Fe (II) e Cu (II)) nas amostras de solos e moscas foram feitas por espectrometria de absorção atômica em chama (FAAS) VARIAN modelo AA240 , com corretor de fundo com lâmpada de deutério. Soluções padrão utilizadas para a calibração do instrumento foram preparadas com base em alíquotas de uma solução estoque de 1000 mg L-1.
Resultado e discussão
Nos valores referentes ao solos (Figura 1) observou-se que no ambiente antropizado
as concentrações dos metais foram ligeiramente maiores que no ambiente natural, isso
se justifica pelo alto grau de resíduos sólidos urbanos descartados no local. De uma
maneira geral os valores para as espécies metálicas nas moscas no ambiente
antropizado foram maiores em relação ao ambiente natural, no ferro foi o metal mais
bioacumulado seguido de cobre, chumbo e por último cádmio, (Figura 2) o maior teor
de ferro se justifica pela alta quantidade desse metal nos ambientes estudados
indicando assim que as moscas da família Calliphoridae são indicadoras dessas
espécies metálicas. Além disso as concentrações de metais nas moscas foram
ligeiramente maiores do que nos solos, nisso significa que as moscas são ainda
melhores indicadoras de MPT que o solo, pode-se inferir a partir disso que as moscas
estão bioacumulando essas espécies metálicas não somente por adsorção na forma
larval, elas podem está acumulando por absorção na fase adulta em sua alimentação,
uma vez que a mosca tem o aparelho bucal lambedor. Além de bioacumularem metais as
espécies desta família competem entre si sobre qual espécie consegue ser a melhor
indicadora de espécies metálicas. O gráfico 1 mostra o potencial indicador destas
espécies metálicas para as áreas antropizadas e natural. Na área Natural (B) a
espécie que se mostrou como melhor indicadora do ferro e cobre foi a
Cochliomya macellaria (fêmea). No Ambiente antropizado (A) a espécie que melhor
indicou o ferro foi a Chrysomya megacephala (macho), para a espécie metálica
cobre a Chrysomya albiceps (macho) foi a que melhor indicou a presença deste
metal no ambiente estudado.
Concentração média das espécies metálicas nas moscas e solos (mg kg-1)
Gráfico do potencial bioindicador de MPT por espécies nas áreas antropizada (A) e natural (B).
Conclusões
A partir dos resultados obtidos pode-se assim considerar as moscas da família Calliphoridae como bioindicadoras de metais potencialmente tóxicos nos ambientes antropizado (Lixão), uma vez que, como a mosca tem seu estágio larval no solo, esses metais bioacumulam em seus tecidos. Podemos considerar também a ideia de que além da adsorção desse metais no solo as moscas também podem absorve-los na sua alimentação o que a explica o porque que no caso de algumas espécies metálicas a acumulação nas moscas foram maiores do que no solo.
Agradecimentos
A Deus; Ao Prof. Dr. Jorge Diniz de Oliveira; Ao Prof. José Roberto Pereira de Sousa; Aos Amigos Colaboradores; Ao programa PIBIC/UEMASUL;
Referências
CABRINI, I., MAICON, D. G. ANDRADE, C. F. S., THYSSEN, P. J.; Richness and composition of Calliphoridae in a Atlantic Forest fragment: implication for the use of dipteran species as bioindicators. Biodiversity Conserv. n.22, p. 2635-2643, 2013.
CARVALHO, C.J.B.; RIBEIRO, P.B. Chave de identificação das espécies de Calliphoridae (Diptera) do sul do Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia. n.9, p. 255-268, 2000.
ESPOSITO, M.C.; CARVALHO, F. S. Composição e abundância de califorídeos e mesembrinelídeos (Insecta, Díptera) nas clareiras e matas da base de extração petrolífera, Bacia do Rio Urucu, Coari, Amazonas. In: II Workshop de Avaliação Técnica e Científica, Manaus, 2002.